quinta-feira, 24 de junho de 2021

A reorganização da burguesia e do capitalismo nacional

Imagem: TSF

O dito “combate à pandemia” é antes do mais a guerra contra o povo e os trabalhadores

Ainda não acabou a polémica do presidente da república não poder ser desautorizado pelo primeiro-ministro porque é aquele quem o nomeia e, pelos vistos, a disputa irá manter-se, embora Marcelo diga que não irá desencadear a “crise política ou institucional” até 2023, porque haverá que proteger os fundos europeus. Não só irá manter-se como irá desenvolver-se não só pela distribuição do saque como saber como “convencer” os trabalhadores e o povo português a pagar a conta final – porque não há almoços grátis e quem paga são sempre os mesmos.

Mas a coisa não está fácil, a encruzilhada em que se encontra a elite nacional e a sua classe política não tem saída certa e segura e o imbróglio não se cinge exclusivamente ao destino a dar aos fundos, que Costa assegura que irão ser "bem geridos" na medida em que “Portugal tem bom historial” na gestão dos ditos, contrariando um pouco as palavras da comissária da Coesão e Reformas e correligionária partidária de Portugal "ser ainda um país atrasado" apesar dos milhões recebidos, mas quanto ao resto.

E o resto é como distribuir os fundos, como resolver a crise a contento de toda a burguesia nacional e respeitando os ditames de Bruxelas e como conter o descontentamento, e eventual revolta, social? Estas são questões magnas que se colocam e para as quais não há receitas seguras e com resultados garantidos, embora o historial de enganar, explorar e reprimir o povo já seja grande, mas a História, embora às vezes pareça, não se repete.

A crise económica sem fim à vista e o empobrecimento do povo português

A crise económica é crónica e dura há bastante tempo, a pandemia veio em altura oportuna, foi providencial, serve de justificação para a crise e para as medidas de dureza austeritária a duplicar quando comparadas com as impostas pela troica. E o governo do PS com o Costa no comando, e se lhe derem corda, irá ultrapassar o dueto pafioso Coelho/Portas de má memória – irá também além da troika.

Os números da crise são elucidativos, contudo serão a todo o momento justificados pela pandemia – "foi a pandemia!" – e não com as medidas impostas pelo governo para, teoricamente, combater a dita “pandemia”.

“A crise provocada pela pandemia atirou 400 mil pessoas em Portugal para a pobreza” – diz a imprensa mercenária paga por 15 milhões de euros – e atingiu sobretudo os que já tinham dificuldades, agravando desigualdades. Atentem bem: “provocada pela pandemia”!

Sintomático: “Altice (dona da MEO) anuncia despedimento colectivo de 300 trabalhadores”, já depois de ter obrigado a 1100 “saídas voluntárias”, justificando-a como “indispensável”. Será um dos muitos despedimentos colectivos que se perspectivam para breve.

Ao mesmo tempo que refere que o número de trabalhadores inscritos nos centros do desemprego diminuiu no mês de Maio, a imprensa não consegue esconder que os “beneficiários de prestações de desemprego aumentam 19,8% em Maio”, o que significa que há um número crescente de trabalhadores que desistiu de procurar emprego enquanto outros, beneficiários, vão aumentando, sabendo-se que só um terço dos desempregados beneficia daquela prestação.

Mas desilude-se quem pensa que haverá, por vontade do governo que se auto-intitula de “esquerda”, aumentos salariais, porque o governador e ex-Ronaldo das Finanças já veio a terreiro avisar que haverá “aumentos salariais mais fracos na sequência da pandemia”. Ora a pandemia servirá para explicar porque não haverá aumentos sequer, bem pelo contrário, os salários irão encolher – uma voz autorizada porque representante directo do Banco Central Europeu e, por extensão, do grande capital financeiro.

Seja pelo corte nominal dos salários, seja pelo aumento desmesurado da inflação, cuja eventualidade está a ser preparada com o anúncio do aumento dos alimentos em cerca de 10% a nível mundial (hiperinflação), o certo é que está na estratégia para Portugal a continuação do país de baixos salários, embora Costa goste de perorar sobre o tema, já que nunca deixou de ser o país de salários miseráveis, cujo exemplo mais gritante é o facto de “mais de um terço dos trabalhadores domésticos ganham abaixo do SMN” e todos eles trabalham bem mais de 40 (ou 44) horas semanais.
E até a imprensa do regime que o afirma: “Portugal continua também entre os países que ainda permitem que se pague em espécie aos trabalhadores” e “Estudo da Universidade de Coimbra: Idosos, crianças, deficientes e minorias com menos direitos na pandemia”. Sempre a “pandemia”, é o mantra daqui para o futuro – o “novo normal”.

A reconfiguração do capitalismo nacional e a reorganização da burguesia

A encruzilhada de como a burguesia, nomeadamente uma burguesia no geral rentista e subsidiária, irá reconfigurar a economia e simultaneamente respeitar os ditames de Bruxelas, incluindo as regras orçamentais, não será fácil de ultrapassar e não está completamente definida a forma de sair.

O governo irá começar a receber em breve as verbas do PRR, Marcelo já disse que quer assegurar que os 16,6 mil milhões são bem usados, ou seja, irá ser também, para além da própria Comissão Europeia, fiscal da actividade do governo, não só no que concerne a esta questão, mas como em relação a todo o resto. E vai mais além, envia o recado a todos os partidos com assento na manjedoura de S. Bento: não quer orçamentos chumbados, nem eleições antecipadas nem vicissitudes de governação ou de relacionamento institucional – "o Plano de Recuperação e de Resiliência irá acrescentar 22 mil milhões de euros à economia nacional até 2026", diz o ministro.

Quem irá beneficiar dos milhões? Não serão todos, com certeza, as grandes empresas vão-se chegar à frente e as pequenas e até médias empresas nacionais irão, em grande parte, para a falência. E a grande burguesia nem está a dormir nem perde tempo: “Nova associação empresarial quer equilibrar rigor académico com ‘pragmatismo do mundo dos negócios’”. A Associação Business Roundtable Portugal arranca, com os presidentes do grupo Mello, da Sonae e da Corticeira Amorim a dar a cara, reunindo os líderes de 42 das maiores empresas a actuar em Portugal e que "se comprometem a contribuir de forma activa para o crescimento de Portugal". Ou, melhor dizendo, para o aumento dos seus lucros e patrimónios.

A burguesia reorganiza-se, vai criando novos partidos, porque sabe que os actuais já deram o que tinham a dar, para gerir o tipo de economia que Bruxelas e o grande capital já destinaram para Portugal dentro da cadeia capitalista global. Será um capitalismo subsidiário, rentista, baseado na disponibilidade de uma mão-de-obra barata e pouco qualificada e no fornecimento de matérias primas, com o lítio e o tal hidrogénio “verde” à cabeça, e de produtos de fraco valor acrescentado, segundo as necessidades da União Europeia e que a esta não interessa produzir – “Bruxelas atribui subsídio de 30 milhões a projecto de hidrogénio em Sines”

O novo normal será uma maior exploração dos trabalhadores e de todo o povo português para que a concentração de riqueza nas mãos de uns poucos ricos em Portugal, na Europa ou no mundo, não cesse, num eterno sistema de vasos comunicantes em que a água flua sempre dos 99% que trabalham e produzem para os 1% dos possidentes e parasitas. É a reconfiguração capitalista.

Os conflitos sociais estão prestes a rebentar

A conflitualidade social estará sempre presente e outra coisa não se poderá esperar. “As convenções colectivas publicadas caem 30% em 2020 por causa da pandemia” – sempre a “pandemia”, enfatiza a imprensa corporativa – o que constitui um espelho do aumento da exploração dos trabalhadores, facto que a mesma imprensa esconde. Acrescenta que o “recuo do diálogo social foi mais acentuado no alojamento e no comércio, sectores muito penalizados pela pandemia”.

Agora, o número de pré-avisos de greve aumentou de 43 em Abril para 71 no mês de Maio, esclarecendo a imprensa do regime que isto acontece no mês em que foi decretado o fim do estado de emergência, alívio devido à evolução da pandemia, subentendendo que o estado de emergência ainda se mantivesse não haveria o aumento grevista; movimneto que poderá em futuro próximo intensificar-se. Para quem ainda não percebeu para que serve na realidade o estado de emergência, poderá então abrir agora os olhos.

O negócio das vacinas e a agenda eugénica escondida

Nenhuma pandemia se combateu com o confinamento das pessoas sãs e em termos militares, como tem acontecido, mas com o internamento em unidades de saúde ou proteção das pessoas doentes ou grupos mais vulneráveis, como os idosos, porque confinar as saudáveis serve somente para incutir a ansiedade, o medo e mais doenças que, por sua vez, irão aumentar o número de mortes: “Profissionais em teletrabalho são os que acusam mais stress” e “Um em cada quatro portugueses deixaram de recorrer ao SNS por receio da pandemia”.

No entanto o negócio das vacinas não pode parar, apesar de começarem a surgir um cada vez maior número de casos de pessoas com reacções adversas às vacinas experimentais de ARN, incluindo mortes, e, ultimamente, de pessoas infectadas, ou até reinfectadas, depois de terem sido inoculadas com as duas doses – “DGS confirma existência de seis surtos activos em lares (54 infectados, a maior parte dos quais já vacinada, e duas mortes)”. Prova mais que cabal que estas vacinas, para além de perigosas, são ineficazes para os fins para que foram, ao que dizem, fabricadas.

Mais nos convencemos que os fins poderão ser outros, quando se ouve a pseudo-investigadores (ao serviço de que laboratórios farmacêuticos?) afirmar que, perante a ineficácia, “crianças e jovens devem ser vacinados o mais rápido possível “, sabendo-se que estes grupos etários não manifestam no geral formas graves de doença e o seu índice de mortalidade é residual (até aos 20 anos morreram 4 indivíduos e até aos 30 anos mais 12, e por doenças congénitas!). Não será só o negócio das vacinas, e respectivas comissões (“40 por cento dos portugueses consideram que a corrupção aumentou em 2020”), da continuação do medo, mas da aplicação disfarçada da agenda eugénica. Com a quarta revolução industrial, haverá trabalhadores a mais, que serão, á semelhança dos idosos, um fardo demasiado penoso para o capitalismo. Baixar a idade de esperança de vida com o aumento da mortalidade e esterilizar os jovens são dois métodos já ensaiados.

Para manter o medo, para levar a que as pessoas aceitem as medidas de austeridade redobrada que se avizinha, para acelerar o processo de vacinação (Lisboa é a região com a vacinação mais atrasada), que mais não é que o acelerar do processo de destruição das forças produtivas para uma maior e mais rápida concentração de riqueza, nomeadamente dos acionistas da Big Pharma (Pfizer espera lucros de 50 mil milhões de dólares este ano, cerca de 20% do PIB português!), o governo PS/Costa impõe a “cerca sanitária” aos 2,9 milhões de pessoas residentes na Área Metropolitana de Lisboa – a ditadura sanitária, alegando a biossegurança, antecede e prepara a ditadura militar. E ameaça com a “quarta vaga” pandémica.

A social-democracia conduz sempre ao fascismo

Os governos da dita “social-democracia” preparam o caminho, e conduzem às vezes directamente, aos governos abertamente autoritários, revestindo-se ou não de ditadura militar. Aconteceu na Alemanha com a República de Weimar, aconteceu em Portugal com a I República, levando esta à intervenção dos militares sem praticamente dispararem um tiro. É o que irá acontecer agora, todos os partidos do poder governativo e parlamentar serão responsáveis.

Não há diferenças de monta, BE quer mais vacinas e Jerónimo quer vacinação mais rápida e mais testes. Os laboratórios farmacêuticos e de análises clínicas não podem parar no aumento acelerado dos lucros, laboratórios estrangeiros e privados. Os nossos partidos de “esquerda” não querem que o grande capital se prejudique ou desapareça. Jerónimo quer conciliar o inconciliável: defende “a necessidade de se encontrar uma relação equilibrada entre o combate eficaz ao surto epidémico e medidas que impeçam o País de continuar a caminhar no sentido da degradação da situação económica e social”.

PCP critica o governo, ao mesmo tempo que deixa passar o Orçamento de Estado e manieta os sindicatos, por aquele "assobiar para o lado" face ao agravamento da crise económica e “não apostar na testagem e na vacinação”. Mais do mesmo, se o PCP e o BE fossem governo, a política seria exactamente igual. E, depois, há umas boas almas do BE que, na blogoesfera ou no Twitter (há quem não goste do Facebook) ficam admiradas que haja umas figuras públicas e/ou mediáticas que apoiaram todas as medidas, incluindo a suspensão da Constituição, como parte da solução para a recuperação económica (capitalista) do país, no tempo da troika, e que, agora, se sintam indignadas com as medidas de confinamento para a AML e invoquem a mesma Constituição para o direito de não ser vacinado e contra a discriminação que representa o certificado covid. Pois é, o mundo virado de pernas para o ar!

Ora, isto acontece quando a putativa esquerda governa à direita e, por esse mesmo facto, a direita formal ou a extrema-direita, por ineficácia da primeira, vem, muito oportunisticamente e cheia de demagogia, levantar as bandeiras de defesa dos direitos e liberdades do cidadão, que foram arrojadas ao chão pela falsa esquerda. Poderemos dizer que é o mundo virado às avessas, mas quem o virou foi a mentira de uma esquerda hipócrita e oportunista que incutiu todas as ilusões e mais algumas sobre a economia capitalista e sobre a também falsa democracia parlamentar burguesa, como se esta não fosse a democracia e a liberdade para os ricos e poderosos e a fome, a repressão e a falta de liberdade para os que trabalham. Como agora se torna cada vez mais claro com a pandemia e as medidas tomadas para alegadamente a combater.

Claro que, depois no poder, essa direita, deixa cair de imediato a máscara e fará o mesmo ou pior do que a esquerda cobarde e castrada. Mas esta gente só se poderá queixar de si própria, o problema é que isso será feito com enormes custos para os trabalhadores e o povo. Esta pequena-burguesia poltrona, que tem mais medo do socialismo e da revolução que do capitalismo, agacha-se no seio da burguesia e do capitalismo a ver se consegue sobreviver, mas o efeito será perverso, está somente a acelerar a sua destruição à medida que a economia capitalista se depura e o grande capital se concentra em dimensão jamais vista – a proletarização da sociedade é mais rápida e impiedosa em tempo de pandemia. O dito “combate à pandemia” é antes do mais a guerra contra o povo e os trabalhadores.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Uma guerra civil em preparação

O bombeiro da luta de classes

Costa gaba-se de ter sido o PS quem conseguiu manter o país tanto tempo em estado de emergência, arvorando-se em campeão da paz social e do seu partido ser o único até agora que conseguiu desempenhar o papel de bombeiro da luta de classes com denodo e eficácia, e a contento – deve-se realçar – de toda a burguesia e do grande capital representando pela União Europeia. Costa também sabe, embora não o diga, que esta condição é sine qua non para a sua existência, como político e como partido, e não só no acesso ao pote. O apoio dos apêndices BE e PCP, que têm funcionado como idiotas úteis do regime, não deixou de ser importante para o bom funcionamento dos negócios dos capitalistas.

Costa e o PS também sabem que o PR Marcelo não hesitará nem perderá tempo em mandar o governo pelo esgoto abaixo logo que deixe de ser prestável ou quando a direita tenha resolvido os seus problemas; as duas condições não terão de ser simultâneas. E Marcelo, sempre que a oportunidade se depare, logo dá sua mordidela de serpente disfarçada em anjo protector da Nação e do regime. Foi em Odemira - e vamos referir-nos aos últimos acontecimentos - ao anunciar o fim do confinamento logo de manhã, ainda antes do governo. Foi com a exigência de alteração da matriz de risco da pandemia com a introdução de outras variáveis que dêem uma imagem mais realista da situação pandémica, contrariando abertamente a política do governo e do discurso feito por encomenda pelos governamentais “especialistas” arregimentados. Foi, ultimamente, a crítica frontal ao governo que se tinha comprometido a controlar os adeptos ingleses que entrariam e sairiam dentro da “bolha” sem contactos com ninguém, o que declaradamente não aconteceu e, como parece, nem o governo tinha essa intenção, porque o dinheiro fala mais alto, assim como os interesses dos patrões da hotelaria de cuja associação a mulher do ministro da economia/advogado de negócios é vice-presidente. O confronto está para durar.

A luz teima em não aparecer ao fundo do túnel

O governo continua na sua senda, está-lhe nos genes, “de respeitar os compromissos internacionais” (palavras do Costa), esquecendo-se, contudo, dos compromissos feitos com os trabalhadores e o povo português, e irá injectar mais 429 milhões de euros no Novo Banco, apesar dos protestos do BE e restante (falsa) oposição. O PCP nem pia porque com a sua abstenção (terá sido violenta como gostava de afirmar o palonço José Seguro no conluio com o governo de Passos Coelho/PSD/CDS?) viabilizou o OE que é, como todos, o orçamento do produto do saque extorquido ao povo que é explorado e paga impostos. Com a imprensa corporativa a funcionar como caixa de ressonância, o governo PS espalha, ou tenta, o seu optimismo quanto à recuperação da economia nacional (capitalista, é sempre bom lembrar!) com a vinda breve dos milhões do PRR e cujo princípio será marcado pela vinda em massa dos turistas ingleses, que até podem andar na rua sem máscara em amena bebedeira e em cima uns dos outros (e muito provavelmente em turismo sexual), coisas que são proibidas ao indígena que é quem, ao cabo e ao resto, sustenta toda esta cambada. Mas há uma realidade que é incontornável e que a propaganda paga a peso de ouro não consegue esconder: Portugal teve a maior queda do PIB (-5,4%) na Europa no primeiro trimestre, uma queda que é nada menos que mais do triplo da UE (1,7% e zona euro 1,8%). A luz teima em não aparecer ao fundo do túnel.

Portugal encontra-se dentro da cadeia capitalista do trabalho da União Europeia, e esta por sua vez na cadeia global capitalista sob hegemonia dos EUA, e as transformações da economia nacional são feitas de acordo com esta realidade, o resto são devaneios e mentiras que nos querem impingir. Os milhões que aí vêm serão “aproveitados com muita sabedoria”, como diz a comissária socialista Elisa Ferreira, com o marido a distribuir as verbas por amigos e conhecidos (sete empresas nacionais encontram-se entre as 25 empresas que mais mamam dos fundos europeus), e não serão para a recuperação de indústrias ou empresas tradicionais apesar da sua importância (por exemplo, a empresa Coelima, cujo fim irremediável já foi anunciado), para fomentar o emprego ou para a satisfação das necessidades da população, nem os trabalhadores da Soares da Costa irão passar a receber os salários em dia ou ver garantidos os postos de trabalho, outro exemplo que se pode citar. Os milhões serão para produzir apenas o que a UE precisa, ou seja, produtos de fraco valor acrescentado e matérias primas, com o lítio á cabeça… e para comprar apoios e subornar consciências. Não virá muito longe o dia em que Portugal será transformado em mina a céu aberto de norte a sul, como já o é em relação ao trabalho escravo com os trabalhadores imigrantes, e os nacionais depressa lá chegarão. Portugal continuará a ser, e cada vez mais, um país cuja economia nunca deixará de estar assente em salários baixos e fraca formação e cuja produtividade, por estas mesmas razões, será sempre baixa, por sua vez, uma boa justificação para baixar ainda mais os salários.

Salários que nunca deixarão de encolher, seja em termos reais ou nominais, caso a inflação não venha a disparar, como se espera, pela força das transformações aplicadas pela burguesia através das tão propaladas revoluções digital, robótica, verde e quejandas, que mais não são que a reinicialização capitalista para a perpetuação do sistema de exploração. A inauguração da primeira loja sem caixas pela cadeia de venda a retalho Continente, propriedade da família Azevedo, marca um início e não deixa de ser simbólica. Daqui para frente será tudo mais digital, mais automatização e menos trabalhadores, o que significa mais desemprego, salários mais baixos, pela simples competição entre trabalhadores, para maiores lucros dos patrões que, neste caso, não irão vender os produtos mais baratos para eventual benefício dos consumidores que, por sua vez, irão ter menos dinheiro para consumir. E iremos chegar a um ponto que o número de trabalhadores disponíveis é demasiado elevado para as necessidades do capitalismo no que concerne ao seu funcionamento e replicação; assim como o número de pessoas no mundo… e em Portugal.

A agenda de eugenia em andamento

Os velhos, ou melhor, os trabalhadores idosos, a quem a burguesia comeu a carne, são considerados descartáveis e são os primeiros a ser abatidos. O governo faz alarde que depois da vacinação ainda não houve nenhum idoso (mais de 80 anos) que tivesse morrido com covid; o que é mentira, morreram 35 devido à vacina, e os dados não são de hoje, terão morrido talvez mais. Foi aumentado aos trabalhadores 1 mês na idade da reforma para o ano, mas a esperança de vida, devido á covid, segundo dizem, diminuirá 3 meses. E os idosos ainda estão à espera de uma rede pública de lares e o fim dos lares ilegais, e uma reforma decente; mas, contrariamente ao que seria de esperar, vêem a sua saúde física e mental a deteriorar-se, continuando isolados em casa ou nos lares, o que por si só leva a um enfraquecimento do sistema imunitário, contribuindo todos estes factores para que morram mais cedo e para que um dia o dinheiro, que descontaram durante toda uma vida, vá parar às mãos dos bancos e dos fundos financeiros através da privatização da Segurança Social; processo que Bruxelas vem pressionando, contando com a cumplicidade de todos os partidos e imprensa do regime, e pela mão de um governo muito provavelmente dito “socialista”. Se este país não é para velhos, segundo a mesma lógica capitalista, também o não é para os jovens; se a natalidade diminuiu nos dois primeiros meses do ano, para valores jamais vistos desde quando há registos, não é um problema para a burguesia, sim para o povo, mas uma “dádiva” porque muita gente sem emprego teria de viver da Segurança Social, o que seria um transtorno. O capitalismo nas suas contradições e para não baixar os lucros dos patrões terá sempre de destruir as forças produtivas e a produção excedentária, e os seres humanos são as principais forças de produção.

Se os velhos não fazem cá falta, muitos jovens também serão uma despesa supérflua, então estender a vacinação a jovens, faixas etárias que manifestam poucos casos de doença e muito raras mortes (4 mortes até aos 19 anos e 12 entre os 20 e 29 anoa, 210 mortes em indivíduos com menos 50 anos, dados em 1 de Maio em Portugal) de uma falsa pandemia, cria a suspeição de que haverá outros interesses e que não será só aumentar os lucros das empresas farmacêuticas multinacionais e as respectivas comissões que distribuem por muitos médicos e por todos os governantes e políticos do regime, mas a prossecução de uma agenda mais geral de diminuição da população. A eugenia surgiu e teve uma grande disseminação em tempo de decadência do império britânico e renasce em aberto e acelerado período de ruína do imperialismo norte-americano e do capitalismo a nível global. Não por sentir a consciência pesada, mas por estarem certos do plano em curso que se assiste a atitudes patéticas de chefes de ex-potências coloniais, agora neo-coloniais(a sofisticação e a hipocrisia cresceram), a reconhecer os genocídios que perpetraram em África, Alemanha e França em concreto, com os dirigentes portugueses calados como nada tivesse acontecido nas antigas colónias, nomeadamente em Moçambique onde as chacinas vitimaram muitos milhares de cidadãos e ainda estão bem frescas na memória dos que ainda estão vivos e não esquecem. Ninguém se admire que daqui a alguns anos se verifique elevados índices de pessoas estéreis devido às vacinas dadas em idades tão precoces, é que já há historial de processo semelhante com os mesmos laboratórios, com a OMS e a fundação Bill e Melinda Gates, na Índia e em África a pretexto da vacinação contra a poliomielite.

A guerra civil em preparação

A aprovação no Parlamento sem votos contra da lei “Carta de Direitos Fundamentais na Era Digital”, projectos apresentados pelo PS e PAN, é a nova censura, uma lei mordaça, semelhante à que havia antes do 25 de Abril. O argumento é o pseudo combate às “fake news”, os boatos, que são definidos pelo próprio estado ou por organismos privados que funcionarão como inquisidores. A inspiração vem da União Europeia, é a aplicação em Portugal do “Plano Europeu de Ação contra a Desinformação". A UE vai-se tornando – aliás, já o era desde o início – uma instituição anti-democrática dirigida por órgãos não eleitos. Depois da censura, como nos diz a experiência, vem a repressão pura e dura e todos são responsáveis: PS, PSD, BE, CDS, PAN, deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues e PCP, PEV, Chega a Iniciativa Liberal (as abstenções valem por concordância). Completam o trabalho do PS com os estados de emergência: “o novo normal”, o fascismo do século XXI. E a seguir só pode vir a guerra.

Os jovens querem viver a vida e não demorará muito para se juntarem à revolta dos trabalhadores, cada vez menos aceitam as restrições impostas à pala da pandemia de uma virose que só se faz sentir no Inverno, e quando isso acontecer ninguém parará o movimento revolucionário. Entretanto, a burguesia vai afiando os instrumentos da repressão, usando o governo PS/Costa como cabo de esquadra: foram os jovens que se manifestaram contra a poluição provocada pelos aviões junto ao aeroporto da Portela e que foram tratados como perigosos terroristas; depois disso, foi a requisição civil decretada contra os agentes do SEF, que o governo pretende reestruturar à revelia do Parlamento, não conseguindo conter os tiques de autoritarismo. Estes agentes poderiam não acatar a requisição civil e seria interessante ver o que o governo iria fazer, enviar-lhes o corpo de intervenção? E caso eles puxassem das armas, iriamos ter um confronto entre polícias? E se o corpo de intervenção recusasse a actuar, o governo iria enviar o exército? E se este também se recusasse, como seria, já que há muitos oficiais descontentes com as reformas das forças armadas decidias por governo e Parlamento? Houve a carta subscrita por vários ex-oficiais generais liderados pelo ex-PR Ramalho Eanes, figura consensualmente considerada de prestígio, por cá. Mas já houve cartas semelhantes, subscritas por ex-chefes das forças armadas e generais nos EUA e em França (aqui os polícias manifestaram-se no mesmo sentido e eles sabem bem porquê), a alertar para o perigo de uma guerra civil. Ora, o perigo não existe só por aqueles lados, também existe entre nós, embora as coisas demorem mais tempo a aqui chegar, basta para isso que o Costa continue com a sua deriva autoritária. Talvez, seja bom relembrar que o 25 de Abril foi o resultado, não calculado, de uma quartelada por parte de oficiais subalternos e de capitães do quadro permanente descontentes com a sua situação na tropa.

Enquanto o PS e o Costa, na sua cegueira autoritária, vão alegre e confiadamente a caminhar para o seu fim, a direita vai tentando reorganizar-se e ultrapassar divergências e dificuldades e se os resultados, pelos menos os saídos do já famigerado MEL, não são visíveis ou animadores, isso facilmente será superado se a burguesia se sentir ameaçada, bem como o seu sistema de exploração económica beliscado. Todos os aí intervenientes são gente da extrema-direita, isto é, ninguém põe em causa o domínio político da burguesia e do seu poder económico; uma burguesia, saliente-se, rentista e inútil, considerada como uma das mais medíocres do mundo (Portugal abaixo da média da UE na qualidade das elites e 28ª posição entre 151 países analisados no Índice de Qualidade das Elites). A diferença entre os “moderados” e os “radicais” é que os primeiros dizem uma coisa em público, mas o mesmo que os segundos em privado. Não deixa de ser patético ouvir a um Rui Rio dizer que o PSD “não é um partido de direita”; claro que não é, ele é de extrema-direita, e anda lá estão muitos Venturas que não tiveram a coragem de deitar o focinho de fora, mas um dia o farão. Quando um genuíno populista e suspeito de alta corrupção afirma que a democracia “está transformada numa gritaria”, devemos ficar em alerta porque o apelo ao fascismo e à intervenção das botas cardadas é mais do que claro.

A História da Humanidade sempre foi a História da Luta de Classes e as classes possidentes sempre estiveram em guerra civil com as classes oprimidas e exploradas. O avanço da contra-revolução é sinal de que a revolução comunista se encontra em adiantado estado de preparação, só que ainda é subterrânea – por baixo já está tudo a arder!