O bombeiro da luta de classes
Costa gaba-se de ter sido o PS quem conseguiu
manter o país tanto tempo em estado de emergência, arvorando-se em campeão da
paz social e do seu partido ser o único até agora que conseguiu desempenhar o
papel de bombeiro da luta de classes com denodo e eficácia, e a contento –
deve-se realçar – de toda a burguesia e do grande capital representando pela
União Europeia. Costa também sabe, embora não o diga, que esta condição é sine
qua non para a sua existência, como político e como partido, e não só no acesso
ao pote. O apoio dos apêndices BE e PCP, que têm funcionado como idiotas úteis
do regime, não deixou de ser importante para o bom funcionamento dos negócios
dos capitalistas.
Costa e o PS também sabem que o PR Marcelo
não hesitará nem perderá tempo em mandar o governo pelo esgoto abaixo logo que
deixe de ser prestável ou quando a direita tenha resolvido os seus problemas;
as duas condições não terão de ser simultâneas. E Marcelo, sempre que a
oportunidade se depare, logo dá sua mordidela de serpente disfarçada em anjo
protector da Nação e do regime. Foi em Odemira - e vamos referir-nos aos
últimos acontecimentos - ao anunciar o fim do confinamento logo de manhã, ainda
antes do governo. Foi com a exigência de alteração da matriz de risco da
pandemia com a introdução de outras variáveis que dêem uma imagem mais realista
da situação pandémica, contrariando abertamente a política do governo e do
discurso feito por encomenda pelos governamentais “especialistas”
arregimentados. Foi, ultimamente, a crítica frontal ao governo que se tinha
comprometido a controlar os adeptos ingleses que entrariam e sairiam dentro da
“bolha” sem contactos com ninguém, o que declaradamente não aconteceu e, como
parece, nem o governo tinha essa intenção, porque o dinheiro fala mais alto,
assim como os interesses dos patrões da hotelaria de cuja associação a mulher
do ministro da economia/advogado de negócios é vice-presidente. O confronto
está para durar.
A luz teima em não aparecer ao fundo do túnel
O governo continua na sua senda, está-lhe nos
genes, “de respeitar os compromissos internacionais” (palavras do Costa),
esquecendo-se, contudo, dos compromissos feitos com os trabalhadores e o povo
português, e irá injectar mais 429 milhões de euros no Novo Banco, apesar dos
protestos do BE e restante (falsa) oposição. O PCP nem pia porque com a sua
abstenção (terá sido violenta como gostava de afirmar o palonço José Seguro no
conluio com o governo de Passos Coelho/PSD/CDS?) viabilizou o OE que é, como
todos, o orçamento do produto do saque extorquido ao povo que é explorado e
paga impostos. Com a imprensa corporativa a funcionar como caixa de
ressonância, o governo PS espalha, ou tenta, o seu optimismo quanto à
recuperação da economia nacional (capitalista, é sempre bom lembrar!) com a
vinda breve dos milhões do PRR e cujo princípio será marcado pela vinda em
massa dos turistas ingleses, que até podem andar na rua sem máscara em amena
bebedeira e em cima uns dos outros (e muito provavelmente em turismo sexual),
coisas que são proibidas ao indígena que é quem, ao cabo e ao resto, sustenta
toda esta cambada. Mas há uma realidade que é incontornável e que a propaganda
paga a peso de ouro não consegue esconder: Portugal teve a maior queda do PIB
(-5,4%) na Europa no primeiro trimestre, uma queda que é nada menos que mais do
triplo da UE (1,7% e zona euro 1,8%). A luz teima em não aparecer ao fundo do
túnel.
Portugal encontra-se dentro da cadeia
capitalista do trabalho da União Europeia, e esta por sua vez na cadeia global
capitalista sob hegemonia dos EUA, e as transformações da economia nacional são
feitas de acordo com esta realidade, o resto são devaneios e mentiras que nos
querem impingir. Os milhões que aí vêm serão “aproveitados com muita
sabedoria”, como diz a comissária socialista Elisa Ferreira, com o marido a
distribuir as verbas por amigos e conhecidos (sete empresas nacionais
encontram-se entre as 25 empresas que mais mamam dos fundos europeus), e não
serão para a recuperação de indústrias ou empresas tradicionais apesar da sua
importância (por exemplo, a empresa Coelima, cujo fim irremediável já foi
anunciado), para fomentar o emprego ou para a satisfação das necessidades da
população, nem os trabalhadores da Soares da Costa irão passar a receber os
salários em dia ou ver garantidos os postos de trabalho, outro exemplo que se
pode citar. Os milhões serão para produzir apenas o que a UE precisa, ou seja,
produtos de fraco valor acrescentado e matérias primas, com o lítio á cabeça… e
para comprar apoios e subornar consciências. Não virá muito longe o dia em que
Portugal será transformado em mina a céu aberto de norte a sul, como já o é em
relação ao trabalho escravo com os trabalhadores imigrantes, e os nacionais
depressa lá chegarão. Portugal continuará a ser, e cada vez mais, um país cuja
economia nunca deixará de estar assente em salários baixos e fraca formação e
cuja produtividade, por estas mesmas razões, será sempre baixa, por sua vez,
uma boa justificação para baixar ainda mais os salários.
Salários que nunca deixarão de encolher, seja
em termos reais ou nominais, caso a inflação não venha a disparar, como se
espera, pela força das transformações aplicadas pela burguesia através das tão
propaladas revoluções digital, robótica, verde e quejandas, que mais não são
que a reinicialização capitalista para a perpetuação do sistema de exploração.
A inauguração da primeira loja sem caixas pela cadeia de venda a retalho
Continente, propriedade da família Azevedo, marca um início e não deixa de ser
simbólica. Daqui para frente será tudo mais digital, mais automatização e menos
trabalhadores, o que significa mais desemprego, salários mais baixos, pela
simples competição entre trabalhadores, para maiores lucros dos patrões que,
neste caso, não irão vender os produtos mais baratos para eventual benefício
dos consumidores que, por sua vez, irão ter menos dinheiro para consumir. E
iremos chegar a um ponto que o número de trabalhadores disponíveis é demasiado
elevado para as necessidades do capitalismo no que concerne ao seu
funcionamento e replicação; assim como o número de pessoas no mundo… e em
Portugal.
A agenda de eugenia em andamento
Os velhos, ou melhor, os trabalhadores
idosos, a quem a burguesia comeu a carne, são considerados descartáveis e são
os primeiros a ser abatidos. O governo faz alarde que depois da vacinação ainda
não houve nenhum idoso (mais de 80 anos) que tivesse morrido com covid; o que é
mentira, morreram 35 devido à vacina, e os dados não são de hoje, terão morrido
talvez mais. Foi aumentado aos trabalhadores 1 mês na idade da reforma para o
ano, mas a esperança de vida, devido á covid, segundo dizem, diminuirá 3 meses.
E os idosos ainda estão à espera de uma rede pública de lares e o fim dos lares
ilegais, e uma reforma decente; mas, contrariamente ao que seria de esperar,
vêem a sua saúde física e mental a deteriorar-se, continuando isolados em casa
ou nos lares, o que por si só leva a um enfraquecimento do sistema imunitário,
contribuindo todos estes factores para que morram mais cedo e para que um dia o
dinheiro, que descontaram durante toda uma vida, vá parar às mãos dos bancos e
dos fundos financeiros através da privatização da Segurança Social; processo
que Bruxelas vem pressionando, contando com a cumplicidade de todos os partidos
e imprensa do regime, e pela mão de um governo muito provavelmente dito
“socialista”. Se este país não é para velhos, segundo a mesma lógica
capitalista, também o não é para os jovens; se a natalidade diminuiu nos dois
primeiros meses do ano, para valores jamais vistos desde quando há registos,
não é um problema para a burguesia, sim para o povo, mas uma “dádiva” porque
muita gente sem emprego teria de viver da Segurança Social, o que seria um
transtorno. O capitalismo nas suas contradições e para não baixar os lucros dos
patrões terá sempre de destruir as forças produtivas e a produção excedentária,
e os seres humanos são as principais forças de produção.
Se os velhos não fazem cá falta, muitos
jovens também serão uma despesa supérflua, então estender a vacinação a jovens,
faixas etárias que manifestam poucos casos de doença e muito raras mortes (4
mortes até aos 19 anos e 12 entre os 20 e 29 anoa, 210 mortes em indivíduos com
menos 50 anos, dados em 1 de Maio em Portugal) de uma falsa pandemia, cria a
suspeição de que haverá outros interesses e que não será só aumentar os lucros
das empresas farmacêuticas multinacionais e as respectivas comissões que
distribuem por muitos médicos e por todos os governantes e políticos do regime,
mas a prossecução de uma agenda mais geral de diminuição da população. A
eugenia surgiu e teve uma grande disseminação em tempo de decadência do império
britânico e renasce em aberto e acelerado período de ruína do imperialismo
norte-americano e do capitalismo a nível global. Não por sentir a consciência
pesada, mas por estarem certos do plano em curso que se assiste a atitudes
patéticas de chefes de ex-potências coloniais, agora neo-coloniais(a
sofisticação e a hipocrisia cresceram), a reconhecer os genocídios que
perpetraram em África, Alemanha e França em concreto, com os dirigentes
portugueses calados como nada tivesse acontecido nas antigas colónias,
nomeadamente em Moçambique onde as chacinas vitimaram muitos milhares de
cidadãos e ainda estão bem frescas na memória dos que ainda estão vivos e não
esquecem. Ninguém se admire que daqui a alguns anos se verifique elevados
índices de pessoas estéreis devido às vacinas dadas em idades tão precoces, é
que já há historial de processo semelhante com os mesmos laboratórios, com a
OMS e a fundação Bill e Melinda Gates, na Índia e em África a pretexto da
vacinação contra a poliomielite.
A guerra civil em preparação
A aprovação no Parlamento sem votos contra da
lei “Carta de Direitos Fundamentais na Era Digital”, projectos apresentados
pelo PS e PAN, é a nova censura, uma lei mordaça, semelhante à que havia antes
do 25 de Abril. O argumento é o pseudo combate às “fake news”, os boatos, que
são definidos pelo próprio estado ou por organismos privados que funcionarão
como inquisidores. A inspiração vem da União Europeia, é a aplicação em
Portugal do “Plano Europeu de Ação contra a Desinformação". A UE vai-se
tornando – aliás, já o era desde o início – uma instituição anti-democrática
dirigida por órgãos não eleitos. Depois da censura, como nos diz a experiência,
vem a repressão pura e dura e todos são responsáveis: PS, PSD, BE, CDS, PAN,
deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues e PCP, PEV,
Chega a Iniciativa Liberal (as abstenções valem por concordância). Completam o
trabalho do PS com os estados de emergência: “o novo normal”, o fascismo do
século XXI. E a seguir só pode vir a guerra.
Os jovens querem viver a vida e não demorará
muito para se juntarem à revolta dos trabalhadores, cada vez menos aceitam as
restrições impostas à pala da pandemia de uma virose que só se faz sentir no
Inverno, e quando isso acontecer ninguém parará o movimento revolucionário.
Entretanto, a burguesia vai afiando os instrumentos da repressão, usando o
governo PS/Costa como cabo de esquadra: foram os jovens que se manifestaram
contra a poluição provocada pelos aviões junto ao aeroporto da Portela e que
foram tratados como perigosos terroristas; depois disso, foi a requisição civil
decretada contra os agentes do SEF, que o governo pretende reestruturar à
revelia do Parlamento, não conseguindo conter os tiques de autoritarismo. Estes
agentes poderiam não acatar a requisição civil e seria interessante ver o que o
governo iria fazer, enviar-lhes o corpo de intervenção? E caso eles puxassem
das armas, iriamos ter um confronto entre polícias? E se o corpo de intervenção
recusasse a actuar, o governo iria enviar o exército? E se este também se
recusasse, como seria, já que há muitos oficiais descontentes com as reformas
das forças armadas decidias por governo e Parlamento? Houve a carta subscrita
por vários ex-oficiais generais liderados pelo ex-PR Ramalho Eanes, figura
consensualmente considerada de prestígio, por cá. Mas já houve cartas
semelhantes, subscritas por ex-chefes das forças armadas e generais nos EUA e
em França (aqui os polícias manifestaram-se no mesmo sentido e eles sabem bem
porquê), a alertar para o perigo de uma guerra civil. Ora, o perigo não existe
só por aqueles lados, também existe entre nós, embora as coisas demorem mais
tempo a aqui chegar, basta para isso que o Costa continue com a sua deriva
autoritária. Talvez, seja bom relembrar que o 25 de Abril foi o resultado, não
calculado, de uma quartelada por parte de oficiais subalternos e de capitães do
quadro permanente descontentes com a sua situação na tropa.
Enquanto o PS e o Costa, na sua cegueira
autoritária, vão alegre e confiadamente a caminhar para o seu fim, a direita
vai tentando reorganizar-se e ultrapassar divergências e dificuldades e se os
resultados, pelos menos os saídos do já famigerado MEL, não são visíveis ou
animadores, isso facilmente será superado se a burguesia se sentir ameaçada,
bem como o seu sistema de exploração económica beliscado. Todos os aí
intervenientes são gente da extrema-direita, isto é, ninguém põe em causa o
domínio político da burguesia e do seu poder económico; uma burguesia,
saliente-se, rentista e inútil, considerada como uma das mais medíocres do
mundo (Portugal abaixo da média da UE na qualidade das elites e 28ª posição
entre 151 países analisados no Índice de Qualidade das Elites). A diferença
entre os “moderados” e os “radicais” é que os primeiros dizem uma coisa em
público, mas o mesmo que os segundos em privado. Não deixa de ser patético
ouvir a um Rui Rio dizer que o PSD “não é um partido de direita”; claro que não
é, ele é de extrema-direita, e anda lá estão muitos Venturas que não tiveram a
coragem de deitar o focinho de fora, mas um dia o farão. Quando um genuíno
populista e suspeito de alta corrupção afirma que a democracia “está
transformada numa gritaria”, devemos ficar em alerta porque o apelo ao fascismo
e à intervenção das botas cardadas é mais do que claro.
A História da Humanidade sempre foi a
História da Luta de Classes e as classes possidentes sempre estiveram em guerra
civil com as classes oprimidas e exploradas. O avanço da contra-revolução é
sinal de que a revolução comunista se encontra em adiantado estado de preparação,
só que ainda é subterrânea – por baixo já está tudo a arder!
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