quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Autoritarismo casa bem com corrupção

 

Dogs - Elliott Erwitt

O lobo perde os dentes mas não perde os intentos, sói-se dizer, e foi o que aconteceu e nem seria outra coisa a esperar, conhecendo-se o bicho. Costa não gostou do repúdio generalizado que a sua intenção de tornar obrigatória a aplicação Stayaway Covid recebeu, daí que impor a outra medida de tornar obrigatório o uso de máscara em espaço público desde que não se consiga respeitar a distância mínima de afastamento social de 2 metros; uma medida que o próprio considera mais autoritária que a da aplicação informática. A aprovação pronta e fácil da proposta de transformar o cidadão em zumbi (termo que provem da língua quimbundo que significa cadáver) deve-se ao papel prestado pelos restantes partidos da Assembleia da República que têm aprovado quase de cruz todas as propostas do governo para erodir gradualmente a tão incensada democracia; inclusivamente as abstenções, como acontece com a aprovação do Orçamento de Estado, não passam de uma aprovação (mal) dissimulada. Não deixa de ser curioso que a medida tenha sido o resultado de um projecto de lei apresentado pelo PSD, o partido que ainda se constitui como o partido de excelência da direita governativa e de representação dos interesses da burguesia em geral, embora se assista a alguma reordenação dentro das suas fileiras com o aparecimento dos partidos abertamente de extrema-direita. O que significa que, em caso de insucesso em indrominar os partidos que ousam ainda reivindicar-se de “extrema-esquerda”, a direita estará pronta a avançar: o bloco central de interesses não foi desactivado.

O uso da máscara na rua, ou seja, sem ser em espaços fechados, e por tempo demasiado, terá mais efeitos negativos para a saúde do que benefícios, sendo recomendado a sua substituição ao fim de 4 horas, coisa que não acontecerá com a grande maioria das pessoas, e iremos assistir ao aumento brusco do número de mortes por pneumonia bacteriana, engrossando assim o número de mortes a mais por não covid-19. O caso da jovem que faleceu dentro da sala de aula em Barcelos, aqui alguns dias, terá sido não apenas pela cardiopatia congénita de que sofria, mas possivelmente pelo uso permanente da máscara a que era obrigada, sendo frequente doentes com esta patologia sofrerem de alguma dispneia; foi nesse sentido que a notícia foi dada em alguns órgãos da comunicação social em Espanha, ao contrário da imprensa portuguesa que referiu a causa por simples "queda", sendo esta talvez a consequência e não a causa. A prova que o uso da máscara é ineficaz está bem demonstrada pelo aumento contínuo e enorme do número de casos de infecção registados em Itália desde que tal obrigatoriedade foi imposta no dia 7 de Outubro, de 2.677 novos casos por dia passou-se para 21.273 (+735%) em apenas 18 dias (25 de Outubro). Claro que este número se deve a uma maior testagem da população, cerca de 161 mil pessoas, mas isso a nossa imprensa comprada por 15 milhões de euros pelo governo não diz. A imposição da máscara é uma espécie de selo que atesta a docilidade para a aceitação de mais desemprego, mais miséria e mais austeridade que serão “naturalmente” atribuídas à pandemia da covid-19. Atendendo ao número de mortes e à incidência nas faixas etárias mais elevadas e sempre associada a outras comorbilidades, que, por sua vez, potenciadas é que provocam a morte, não passa de uma falsa pandemia.

O autoritarismo casa bem com a corrupção e o papel, que tem sido histórico dos partidos ditos “socialistas”, de trazer o fascismo, agora em modo brando e made in UE, é também o papel de promover e tentar encobrir a corrupção que sempre fez parte do genoma do capitalismo e que em tempo de profunda e irreversível crise de sobrevivência se torna mais conspícua e incontornável. Um dos jornais do regime, propriedade de uma das famílias mais ricas e emergentes pós-25 de Abril, à custa de muita habilidade bolsista, exploração dos trabalhadores e fuga ao fisco, tornou público os gastos do governo, feitos todos eles por ajuste directo por causa do coronavírus ("É o vírus que manda, não somos nós"!), que totalizavam na altura da publicação mais de 477 milhões de euros, isto é, 47 euros por cada cidadão português, com a chinesa GLSMed Trade/Grupo Luz Saúde à cabeça com 32,7 milhões de euros. A conta, nesta altura, já irá em montante bem mais elevado, com aumento expectável para breve de mais 35 milhões de euros na compra de 100 mil (!?) frascos de Remdesivir à norte-americana Gilead, medicamento que a própria OMS (ver https://news.un.org/pt/story/2020/10/1729852) considera ineficaz por ter “pouco ou nenhum efeito na prevenção da morte por Covid-19 ou na redução do tempo no hospital”. Será para perguntar quanto é que a ministra da saúde, que foi quem anunciou a compra, irá receber de comissão por debaixo da mesa ou mais alguém interveniente directo no negócio por parte da administração pública e/ou do PS? Será para diversificar o negócio, já que a segunda empresa do pódio é outra chinesa, Guangdong H&P Import and Export Co, com 31 milhões de euros pela venda de ventiladores (o tal ventilador de concepção e fabrico nacional não passou de uma fraude e outro negócio!), e em terceiro lugar uma empresa nacional, a Enerre, com 22 milhões de euros em 119 contratos, uma empresa cujo negócio são brindes e tendo como principal cliente a câmara laranja de Cascais; ou quando se trata de negociatas manhosas o bloco central de interesses está sempre em movimento.

Em relação ao Remdesivir, será bom recordar a fraude que foi o Tamiflu, criado pela mesma Gilead Sciences Inc e mais tarde vendido à Roche, permitindo a obtenção de lucros fabulosos com a epidemia de influenza ‘A’, que, então, foi anunciada como a pandemia do século. Falhou a gripe causada pelo vírus H1N1, a denominada “gripe suína”, arranjou-se, dez anos depois, uma outra e para qual o mesmo laboratório criou mais um medicamento ineficaz, tipo banha da cobra, o Remdesivir. Parece que agora a OMS não vai correr o risco de cair no engano, como aconteceu na altura, ao recomendar o pseudo medicamento. Não deixa de ser interessante que o indivíduo que foi presidente da Gilead desde 3 de Dezembro de 1997 até assumir o cargo do Pentágono em 2001, mantendo-se ainda como acionista, o tristemente célebre Donald Rumsfeld, secretário de defesa de Bush e corresponsável pela invasão e destruição do Iraque, tenha juntando os dois negócios mais rentáveis do planeta, o da doença e o da guerra. Costa ao permitir a compra dos 100 mil frascos anunciados pela ministra será mais um comparsa no negócio, na fraude e no morticínio que vier a acontecer.

O Costa e o Marcelo já disseram, e por mais do que uma vez, que estão a considerar decretar de novo o estado de emergência como passo a seguir em caso do número de infecções não diminuir. Ora, como isto não irá acontecer na medida em que se está a testar cada vez mais, o estado de emergência será mais que certo, a exemplo de outros países, nomeadamente a Espanha aqui tão próximo, e, embora não o digam, a mando de Bruxelas, porque estas medidas são concertadas a nível europeu, mas não deixarão de responsabilizar o cidadão português de reprovável negligência. O PS do Costa e o PSD do Marcelo não são responsáveis por nada, no seu oportunista e mediatizado entendimento, não são responsáveis pela degradação do SNS, cujos hospitais tiveram uma diminuição de 3 mil camas no período de 2007 a 2017, segundo dados do INE, ficando com 24.050, enquanto os hospitais privados cresceram de 9134 para 10.903 camas! O PS quer fazer acreditar, com a prestimosa ajuda da imprensa corporativa, de que os hospitais e serviços de cuidados intensivos vão estoirar em breve, com a delambida ministra a anunciar que haverá 444 doentes internados em UCI no próximo dia 4 de Novembro (parece que não esperam grandes resultados da proibição da saída de concelho residência entre os dias 30 de Outubro e 3 de Novembro), numa clara manobra de manipulação dos números e de atemorizar ainda mais o cidadão, como forma de justificar o empurrar dos doentes em listas de espera no SNS para o sector privado, que já esfrega as mãos de contentamento, vindo até a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos propor, em entrevista em um dos jornais que mais tem defendido e difundido a política do governo, a medida de integrar as farmácias na rede do SNS para a vacinação em massa contra a gripe e outras situações, alegando a pretensa falta de capacidade do SNS. É o fartar vilanagem de como, a pretexto da pandemia da covid-19, se aumenta os lucros dos negócios que pululam em torno da questão da saúde. O grande capital tem inventado guerras para aumentar a riqueza, a acumulação do capital, agora inventa pandemias para obter os mesmos fins, daí o dizerem que "é uma guerra de trincheiras, com a diferença de que não são bombas, é um vírus". Como se os vírus, bem como outros micro-organismos, não fizessem parte do nosso bioma.

O Costa, com o recolher obrigatório e estado de emergência e com todas as restantes medidas securitárias, tem em vista vários objectivos: esconder que a sua política não é a de defender o SNS e a saúde dos portugueses, saúde que agora é preterida bem como os direitos e liberdades do cidadão pela falsa "salvaguarda da vida", como se esta tivesse algum valor se não for num quadro de bem-estar e liberdade e respeito pela dignidade da pessoa, nenhum elemento do povo almeja vida de escravo, mas promover os negócios da burguesia, seja ela nacional ou estrangeira; e para levar o barco da sua missão a bom porto, há que incutir o medo, fazer o povo dócil para aceitar todas as medidas de austeridade que inevitavelmente virão para que o capitalismo não venha a implodir por forças da sua natureza e contradições internas. Nenhum sistema é eterno e o capitalismo, como os que antecederam, tem fim marcado e à vista. Os orçamentos do estado burguês e também capitalista, bem como a corrupção endémica que espelham e fomentam, vão sendo aprovados com os partidos do regime, incluindo os que se dizem de “esquerda” ou “comunistas” (PCP), porque a continuação do regime de exploração dos trabalhadores é a garantia da sua (deles) própria sobrevivência, são a rémula do tubarão, e tudo o que aparentemente venham a discordar mais não passa de mera encenação, na qual o Costa é mestre, e estes partidos mais não são que os idiotas úteis do regime. Até um dia... porque a velha toupeira não descansa. As medidas de autoritarismo que o governo PS/Costa, sob o alto patrocínio do PR Marcelo e com o apoio de todos os partidos com assento parlamentar, vai decretando contra o povo é a pedra que um dia destes lhe esmagará a cabeça.

Costa “O Calamitoso” ou entrada de leão, saída de sendeiro


O governo Costa/PS anunciou que o país passou de estado de contingência para o estado de calamidade, que, de entre um conjunto de oito medidas, levou à proibição de ajuntamentos superiores a cinco pessoas na via pública, no comércio e restauração e a recomendação do uso de máscara na via pública, mas que poderá passar obrigatório junto a aglomerações. Foi declarada a segunda vaga da pandemia e, o que não deixa de ser simbólico, em véspera de ida à vassalagem a Bruxelas, onde terá entregue pessoalmente o Plano de Recuperação e Resiliência do país: a reunião do Conselho de Ministros foi antecipada 24 horas. A justificação das medidas foi a salvaguarda da vida dos portugueses, não comprometer o SNS, não interromper as actividades lectivas, não aprofundar a crise económica, para não ameaçar o emprego e o rendimento das famílias, para manter toda a actividade assistencial aos doentes covid-19 e não covid-19, contando para isso com a “responsabilidade individual, para todos contribuirmos para controlar esta pandemia" (Costa dixit). O combate a partir deste momento, e principalmente, é da responsabilidade de cada cidadão porque o estado/governo lava as mãos, é a ideia com que se fica.

Mas parece que o cidadão não inspirará grande confiança ao Costa e ao estado então há que impor uma aplicação para controlar os contactos com pessoas infectadas, de sigla inglesa Stayaway Covid – será para dizer que somos governados por uns estrangeirados, para não utilizar termos menos simpáticos! –, que inicialmente será obrigatória para os trabalhadores de qualquer empresa privada, ou seja, em todo o contexto laboral, e trabalhadores de praticamente de toda a administração pública, especialmente dirigida para toda a população escolar, Forças armadas e de Segurança, mas com o claro intento de ser estendida a toda a sociedade. Costa começou com uma de autoritarismo, já que os portugueses não têm sido tão cumpridores e zelosos com as regras, mas à medida que as recções se sucediam, encolheu as garras. E as reacções foram diversas e imediatas: a obrigatoriedade é uma clara devassa da intimidade individual, um atentado aos direitos e liberdade dos cidadãos, uma aberta violação dos direitos humanos, uma ilegalidade perante a Constituição da República, tendo inclusivamente Marcelo avisado que iria submeter a medida caso aprovada ao Tribunal Constitucional, e até peritos médicos pagos pelo erário público vieram colocar em dúvida a sua eficácia, uma ministra declarou que não iria instalar tal aplicação e uma deputada se rebelou, vindo um dos responsáveis da empresa que a criou esclarecer que a obrigatoriedade não estava no projecto. Perante tal caudal de reacções, Costa primeiro mostrou-se surpreendido com as reacções, que não era da sua natureza ser autoritário, se surgiu algum laivo terá sido por força das circunstâncias, não sabia que a proposta poderia ser inconstitucional (o homem até nem é licenciado em direito nem foi ministro da Justiça!), que a medida está contida em proposta de lei a apresentar na Assembleia da República, tudo democrático! Ficamos a saber, o que já não era novidade, que, ao contrário dos tiques de fascista, a coragem não é qualidade que se lhe note.

Costa foi a Bruxelas prestar o preito de vassalagem aos senhores amos, prestar contas de como pensa gastar o dinheiro extorquido aos portugueses e como começará a distribuir os fundos pelas diversas clientelas indígenas. Para além de receber instruções quanto ao putativo combate à pandemia da covid-19, porque, e nesta questão não há que ter dúvidas, os países da União Europeia seguem a mesma cartilha que não é bem para defender a saúde dos seus concidadãos, porque se o fosse não teriam minado ou destruído o SNS, mas para controlo dos trabalhadores, infundindo o medo de perder a vida ao mesmo tempo que lhes retiram o acesso aos cuidados de saúde, o que parece um paradoxo, mas cujo fim é redobrar a exploração, esmifrar-lhes a maior mais-valia possível, com o aumento do desemprego (TAP, após 1200 despedimentos, seguirão mais 1600) e a descida do valor real do salário, substitui-los pela robotização, confiná-los em tele-trabalho. E a melhor e mais eficaz maneira de levar este plano a bom porto é impor-lhes o estado de excepção, o confinamento, colocar a polícia e a tropa na rua se for preciso, nem que seja para vasculhar os telemóveis ou entrar nas casas sem mandado judicial, alegando que é para bem da saúde de todos, impor medidas que nem o fascismo ou nazismo ousaram: França, República Checa e Irlanda impõem o estado de emergência, Bélgica o recolher obrigatório, Espanha o estado de emergência em Madrid e arredores, Itália e Polónia impõem também medidas mais restritivas... e Marcelo diz que já conversou com Costa para uma eventual reposição do estado de emergência. Os factos falam por si, a democrática União Europeia dos direitos e liberdades individuais e do humanismo de inspiração judaico-cristã vai descaindo lentamente para o fascismo, uma fascismo mais mitigado e tecnológico, à medida que se aprofunda crise económica e a sua desagregação se torna irreversível.

Entretanto a discussão pública do OE-2021 vai ficando para segundo plano enquanto os parceiros no Parlamento vão fazendo o cozinhado, mas já sabemos que o orçamento será um orçamento de austeridade: aumento de impostos em 2.839 milhões de euros, congelamento dos salários dos funcionários públicos e das pensões superiores a 659 euros, redução da despesa com a educação, não há reforço das transferências para o SNS.

PS: Notícia de última hora, "o primeiro-ministro anunciou esta noite que pediu ao presidente da Assembleia da República para "desagendar" a proposta do Governo sobre o uso obrigatório de máscaras na via pública e da aplicação de smartphone StayAway Covid" (no jornal Público)

Marcelo “O Sanitário”

 

foto em "Observador"

O PR Marcelo, arvorado em governante, vai esta semana encetar consultas com “várias personalidades da área da saúde”, começando pela ministra Marta Temido, passando pelo actual e os ex-bastonários da Ordem dos Médicos (tudo boa gente que enriqueceu parasitando o público através do privado) e outros bastonários das áreas ligadas à saúde, acabando nos ex-ministros da saúde, sindicatos e confederações sindicais e patronais, no que serão, nas suas palavras, "duas ou três semanas muito importantes" para que haja o maior consenso sobre o que deverá ser o SNS perante, saliente-se, o desafio colocado pelo combate à pandemia da doença covid-19.

A ministra da saúde já há algum tempo se manifestara favorável à “ajuda dos privados” no atendimento das consultas e cirurgias e todos restantes cuidados de saúde que ficaram por realizar devido à concentração dos meios do SNS no atendimento aos doentes por covid-19; uma ajuda, diga-se de passagem que se contava a partir de Março, quando a pandemia teve início, mas que não aconteceu porque o medo que foi incutido às pessoas foi de tal ordem que elas não ousaram recorrer nem ao público nem ao privado. Se os privados do negócio da saúde não se chegaram à frente e até recusaram aceitar liminarmente doentes com a covid-19 foi pela simples razão de que o governo também não se manifestou em abrir, pelos menos de forma significativa, os cordões à bolsa.

Mas agora, em tempo de discussão e de aprovação do Orçamento de Estado para o ano de 2021, a conversa é outra, o mesmo PR, o homem, e é bom lembrar, que votou contra o SNS aquando da sua implementação em 1979, bem como o partido PPD/PSD do qual foi dirigente, o que também é bom frisar, já veio dizer de forma magnânima, que não descartava uma subida do défice das contas públicas em caso de necessidade de reforço de pessoal na área da saúde. Ora, vindo isto da boca de que sempre se preocupou com o respeito das regras impostas por Bruxelas quanto ao défice orçamental e ao limite da dívida pública, será para nos interrogar o que faz com que a figura máxima do estado se preocupe tanto com a saúde do SNS e dos portugueses? O próprio tem dado a resposta.

O homem gostaria de “encontrar um consenso de pontos”, daí a pressa de falar com toda a gente que represente os diversos interesses instalados, nomeadamente o “sector económico e social”, reafirmando a ideia de há muito e sempre defendida de integrar no SNS os tais sectores privados. Não só o sector abertamente privado, dominado em grande parte por empresas estrangeiras, nomeadamente chinesas e norte-americanas, para além das nacionais Mellos Saúde, e o sector também privado mas disfarçado com a capa de social que são as Misericórdias e as IPSS, na sua maioria nas mãos da Igreja Católica, que tem nestas instituições uma excelente forma de se financiar à custa dos dinheiros públicos. Seria o tão e seu almejado Sistema Nacional de Saúde, ou como Marcelo surge sem peias como agente dos negócios dos comerciantes da doença em Portugal.

Neste momento, e fazendo fé nas notícias que têm vindo a lume e nas intervenções de alguns comentadores televisivos avençados, deve-se estar a negociar qual o preço não só dos doentes covid-19 mas de todas as cirurgias e outros actos de saúde, cujos atrasos não deixarão de aumentar a pretexto de novos casos de infecção (mas não de doentes), bem publicitados pelas televisões à porta dos hospitais do SNS onde têm acontecido, numa falsa demonstração do “esgotamento” das instituições do serviço público, e cuja capacidade dirigida especificamente para a pandemia está longe de ser atingida (menos de 60%). Não deixa de ser curiosos o facto desses órgãos de comunicação nunca falarem da necessidade da requisição civil dos hospitais privados. Agora o aumento da despesa do estado já pouco importa, na justa medida em que esse excesso de gastos será para enfiar directamente nos bolsos dos empresários da saúde, melhor dizendo, empresários que o são à custa da desgraça do povo português e dos dinheiros públicos, serão mais empresários da doença; lucros esses, aliás, que serão reenviados para os países de onde provêm essas empresas ou para off-shores no caso dos empresários “de sucesso” nacionais.

No entanto, não há dinheiro suficiente, dizem, para um aumento digno dos trabalhadores do SNS e de outros sectores da administração pública, os aumentos para 2021 não são certos para os trabalhadores menos bem remunerados quanto mais para os restantes, porque para estes será zero euros. Para a continuação da recapitalização do Novo Banco haverá sempre dinheiro, ou directamente colocado pelo governo no Fundo de Resolução ou através da Caixa Geral de Depósitos, ou para a recapitalização das grandes empresas, porque as restantes irão em grande parte, calcula-se cerca de 40%, para a falência pura e simples, é que grandes empresas já reclamam que não estão a ser devidamente contempladas no OE-2021. Há e haverá dinheiro para o negócio dos testes, testa-se agora a torto e a direito, mas não os grupos de risco, havendo ainda, por exemplo, muitos trabalhadores do SNS que ainda não foram testados e alguns deles já com contactos directos com pessoas infectadas pelo coronavírus.

O governo ufana-se que já se realizaram 3 milhões de testes em Portugal (cuja fiabilidade na detecção do vírus activo deixa algo a desejar), fazendo as contas dará aí uns mais de 120 milhões de euros só à conta do estado durante este tempo de pandemia, porque se for o cidadão a pagar do seu bolso cada teste poderá ultrapassar os 100 euros, e terá sido muito mais dos 120 milhões! Seguir-se-á o negócio das vacinas, da gripe e mais tarde da covid-19, as farmácias já se queixam de que poderão esgotar os estoques das vacinas para a influenza, serão centenas de milhões de euros, enquanto o negócio das máscaras e de outros equipamentos de protecção individual segue de vento em popa, talvez com maior rapidez do que a tão badalada e temida pandemia.

Se em 2018, segundo dados do INE e divulgados pela imprensa, 41% do orçamento da saúde desse ano, um pouco mais de 12.400 milhões de euros, ou seja, 5.055,7 milhões de euros foram para dar aos hospitais privados (22,5%), consultórios e gabinetes médicos (20%) e para, sendo esta a maior fatia, comparticipação de medicamentos e bens médicos nas farmácias e outros retalhistas. Estes 41 por cento pagam 47% da faturação total dos privados, considerando ainda que a ADSE paga 6,6% e os fundos da Segurança Social cerca de 4% da mesma, o que significa que sem o financiamento do estado o sector do negócio da saúde que é o privado não conseguiria sobreviver (as famílias portuguesas são de toda a União Europeia as que mais pagam do seu bolso, cerca de 30% das despesas totais). Agora, trata-se de aumentar a fatia do bolo com a argumentação do “combate à pandemia”, ou como o coronavírus é um meio providencial de uns tantos já ricos ficaram ainda mais ricos. Ou como o SNS será, mais dia menos dia, um serviço de assistencial, destinados aos pobrezinhos, mas que não pode morrer de todo, como o hospedeiro tem de se manter vivo para que o vírus não morra. O sector privado e o social são piores que o Sars-Cov-2, estes sim é que são a verdadeira pandemia.

Com certeza que contratar mais trabalhadores para o SNS em situação de efectividade, com carreiras e salários dignos, de preferência em tempo de exclusividade, devendo ser aumentados num mínimo de 50% sobre o salário base, em número suficiente para colmatar as faltas em todo o SNS é coisa que pouco interessará ao governo ou às empresas de trabalho temporário, verdadeiras fábricas de esclavagismo, algumas delas propriedade de indivíduos ligados ao PS. Não é com as palavras do PR Marcelo de “reconhecimento aos profissionais da saúde” que estão, "muitos deles, cansados e esgotados" que os enfermeiros, bem como todos os restantes trabalhadores da saúde, se governam. E diz Marcelo que não se importa que o défice orçamental se agrave “em caso de necessidade de reforço de pessoal na área da saúde”, como houvesse ainda dúvidas quanto à falta, que é gritante, dos mesmos! O que bem demonstra qual a sua verdadeira preocupação e o que é que realmente o faz correr.

PS: Não deixa de ser curioso Marcelo ter publicamente desejado “melhoras” a Ronaldo por ter testado positivo ao coronavírus, mas não estando doente já que jamais manifestou qualquer sintoma.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Patriotismo com sabor a dinheiro ou os “aliados” são os que melhor pagam

 

Da série "Subservient men" - Namio Harukawa (1947-2020)

Se os satélites se manifestam assim não é por lhes ter dado um ataque repentino de soberania e independência, mas porque estão a mudar de sol. (Os satélites estão a mudar de sol
– Intensificação das contradições interimperialistas
por Ángeles Maestro)

O governo PS do Costa prorrogou a declaração da situação de contingência em Portugal até o dia 14 de Outubro para, dizem, combater a epidemia da doença conhecida, embora haja alguém que troca capciosamente o coronavírus pela doença, por covid-19. Perante a intimidação, a propósito da rede 5G, feita pelo embaixador norte-americano de que “Portugal tem de escolher entre os aliados e os chineses”, Santos Silva, o ministro mais pró-americano do governo português (quem não se lembra da sua posição sobre o governo legítimo de Venezuela?), e o PR Marcelo insuflaram o peito e deram uma de patriotismo: “em Portugal, quem decide são os representantes escolhidos pelos portugueses”. Será para dizer: quem não vos conhece, que vos compre! Nem a estratégia levada a cabo pelo governo, desde o estado de emergência ao de contingência, serve para o combate à epidemia, porque o objectivo é manter o povo no medo para que aceite as medidas mais celeradas que se preparam, nem esta gente teve alguma vez o mínimo de sentimento patriótico, o seu patriotismo tem a ver com a conta bancária pessoal e os “aliados” são os que melhor pagam. Tudo e todos giram em torno do Canta-João, não importa se são euros, dólares ou yuans, desde que venham e de preferência depositados em algum discreto off-shore.

Os EUA já tinham avisado em Fevereiro, aquando da visita do seu secretário da Energia ao porto de Sines, acompanhado pelo mesmo embaixador George Glass e pelo ministro das Infra-estruturas e Habitação português Pedro Nuno Santos, que a política do governo de Lisboa teria de ser a livre abertura do porto ao gás que aquele país extrai do xisto com elevados custos para o meio ambiente. A mudança de regime na Ucrânia e a “revolução colorida” presentemente em curso na Bielorrússia têm como finalidade não só impedir a construção do gasoduto que trará para a Europa o gás russo, que ficará a menos de metade do preço do gás de xisto, como não permitir a extensão da nova rota da seda chinesa até ao extremo ocidental da Europa. Portugal está deste modo no meio da disputa económica entre os dois blocos mais poderosos e imperialistas, de um lado, o bloco do decrépito império e, do outro, o novo bloco russo-chinês, com a velha e pérfida Europa no meio hesitando para que lado se deverá inclinar: a ganância empurra para Leste, a intimidação americana e a ainda ocupação militar da Alemanha puxa para o outro. Contudo, o dinheiro fala mais alto, e ele sopra predominantemente de Leste. O império do Tio Sam, decadente, internamente dividido e sem recursos económicos para continuar a ser o polícia do mundo está à beira de perder os “aliados” europeus, aliás, os vassalos, mais que dispostos a mudar de amo. As nossas elites económicas e políticas já estarão há algum tempo de malas aviadas, falta apenas pôr pernas a caminho para o transfúgio.

O governo do Costa do PS e o seu PR Marcelo, que também já avisou que “não pode haver querelas institucionais durante pandemias” (lá está a pandemia!), apelando à união nacional dos diferentes órgãos de soberania d'aquém e d'além mar e por extensão de todos os partidos do regime, recebem ordens é de Berlim, directamente da führer ou, no caso, por interposição do seu braço direito, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mas de facto ministro plenipotenciário alemão, que veio dizer aos governadores do länder mais ocidental e periférico como e onde terão de gastar os 13 mil e 100 milhões da dita “subvenção” para o programa de “recuperação e resiliência” do país e qual o preço a pagar. Von der Leyen também apelou ao sentimento “único da União”, apelo mais que pungente sabendo-se que a União Europeia se encontra em irreversível crise económica e de identidade e cujo fim não diferirá muito da do império, nem no modo e nem no tempo. Costa até foi obsequiado por tratamento na segunda pessoa, por vezes usado entre a velhacaria para baixar a guarda ou entre os membros da mesma máfia, e manifestou-se de acordo na estratégia imposta por Bruxelas no pretenso combate à “pandemia” da covid-19 e na disposição para a aquisição das vacinas desenvolvidas pelos países mais ricos da União, para quem o coronavirus será uma providencial fonte de muitos milhares de milhões de euros. Em resumo, a presidente da Comissão Europeia veio tratar de negócios com os vassalos e mostrar quem manda e se o Marcelo enfiou o Costa no bolso, como diz a imprensa do regime para mostrar que este é mais presidencialista que parlamentar, será então para dizer que a Merkel e Von der Leyen enfiaram o Costa e o Marcelo num sítio escuro e húmido.

Não é por acaso que a campanha mediática, levada a cabo por todos os órgãos de comunicação de referência e com especial destaque para as televisões, se tem centrado em identificar os casos positivos por SARS-CoV-02 como casos de doença, ou seja, portadores sintomáticos, torna-se claro que a intenção é provar que haverá sempre “covid-19”, tarefa facilitada pela fraca fiabilidade e especificidade dos testes, e embora não haja verdadeiramente doentes, apenas quanto muito portadores sãos, fará também florescer a indústria dos testes, havendo no mercado já mais de oitocentas marcas dos ditos. A seguir virá o negócio das vacinas. Enquanto uns poucos vão enriquecendo, vai-se lançando o medo sobre os trabalhadores, até que um dia, como se está a começar a ver em Madrid, o povo se revolte a sério. Por esta imprensa vendida, não menos que as nossas elites e os nossos políticos do regime, já não morre ninguém em Portugal com outras doenças, apesar de ainda há pouco o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia ter alertado para o facto da principal causa de morte em Portugal, as doenças cardiovasculares, estar a aumentar pelo medo das pessoas de recorrer aos serviços de saúde e do SNS ter centrado os recursos no alegado combate à covid-19. Estas doenças matam cerca de 100 pessoas por dia em média enquanto a covid-19 tem matado neste mês de Setembro apenas umas cinco. O abandono dos doentes do foro cardiológico pelo SNS representa um retrocesso de décadas no combate a estas doenças, na opinião do mesmo responsável. Até parece que existe uma actuação concertada e justificada pelo pseudo ataque à dita “pandemia”, tendo já sido declarado o início da segunda vaga sem base científica para tal, já que o número de mortos se encontra muito aquém da média de Março ou de Abril, quando aconteceu o pico, para que as pessoas recorram ao sector privado como já bem aconselhou o bastonário da Ordem dos Médicos, a quem, muitos deles médicos, dá jeito que o SNS continue a ser parasitado por toda a ordem de interesses privados.

Na “subvenção” dos mais de 13 mil milhões de euros que se anuncia incluem-se verbas para a Saúde, mas não para o SNS, porque será para comprar serviços ao sector privado, consultas, exames complementares de diagnóstico, onde se incluem os testes, estando na berra a aquisição dos já famigerados testes rápidos que irá ser mais um expediente para o enriquecimento de uns tantos, onde se inclui o presidente da Cruz Vermelha, o reformado com pensão de 4.921 euros que transitou directamente da Direcção Geral de Saúde para a presidência da Cruz Vermelha, uma instituição que tem mais de negócio do que beneficência. O SNS continuará a ser subfinanciado e se o governo promete muitas camas de cuidados intensivos, o pouco pessoal que está a ser contratado é na base de contratos por períodos de 4 meses, com carreiras mal pagas e sem perspectiva de valorização profissional e salarial, insistindo o governo do Costa na precariedade, coisa que até prometeu combater, mas que está continuamente a crescer. Quando decretou a prorrogação da situação de contingência a todo o território nacional até às 23.59 horas do dia 14 de Outubro, “no âmbito da pandemia”, prorrogou igualmente “o procedimento temporário de contratação de trabalhadores, pelo período de quatro meses” em todos os organismos e serviços públicos de saúde, apesar de todos eles se encontrarem cronicamente com falta gritante de trabalhadores, quer de prestadores directos de cuidados ao doente quer de outras categorias. É por estas e por outras que a Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) revelou que no mês de Junho havia mais de 80 mil trabalhadores do Estado com vínculos precários, ou seja, um aumento de 8,7% em termos homólogos. E, pelos vistos, com tendência a aumentar.

A miséria e a exploração dos trabalhadores não cessam de aumentar e é bom que a putativa “pandemia” se mantenha por muito tempo, a seguir à pretensa segunda vaga arranjar-se-á uma terceira para justificar as medidas de austeridade e encobrir o óbvio da realidade: “Há 500 famílias por dia a pedir para pagar a luz a prestações”; as remunerações dos trabalhadores das Administrações Públicas, em percentagem da riqueza criada no país (PIB), tornaram a diminuir passando de 11,3% para 10,7% do PIB, entre 2015 e 2019, ou seja, com os governos do PS; entretanto o défice das contas públicas agrava-se 6.552 milhões de euros. Os números falam por si, são um bom índice para aferir a natureza e o patriotismo dos “representantes escolhidos pelos portugueses”.

PS: “O Presidente da República reúne o Conselho de Estado no próximo dia 29 de setembro, pelas 14h00, tendo como convidada a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A reunião do Conselho de Estado abordará “a União Europeia, hoje e amanhã”. De modo a assegurar o devido distanciamento físico, conforme as regras estabelecidas, a reunião do Conselho de Estado será realizada no Palácio da Cidadela, em Cascais. (http://www.presidencia.pt/?idl=2)