quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Patriotismo com sabor a dinheiro ou os “aliados” são os que melhor pagam

 

Da série "Subservient men" - Namio Harukawa (1947-2020)

Se os satélites se manifestam assim não é por lhes ter dado um ataque repentino de soberania e independência, mas porque estão a mudar de sol. (Os satélites estão a mudar de sol
– Intensificação das contradições interimperialistas
por Ángeles Maestro)

O governo PS do Costa prorrogou a declaração da situação de contingência em Portugal até o dia 14 de Outubro para, dizem, combater a epidemia da doença conhecida, embora haja alguém que troca capciosamente o coronavírus pela doença, por covid-19. Perante a intimidação, a propósito da rede 5G, feita pelo embaixador norte-americano de que “Portugal tem de escolher entre os aliados e os chineses”, Santos Silva, o ministro mais pró-americano do governo português (quem não se lembra da sua posição sobre o governo legítimo de Venezuela?), e o PR Marcelo insuflaram o peito e deram uma de patriotismo: “em Portugal, quem decide são os representantes escolhidos pelos portugueses”. Será para dizer: quem não vos conhece, que vos compre! Nem a estratégia levada a cabo pelo governo, desde o estado de emergência ao de contingência, serve para o combate à epidemia, porque o objectivo é manter o povo no medo para que aceite as medidas mais celeradas que se preparam, nem esta gente teve alguma vez o mínimo de sentimento patriótico, o seu patriotismo tem a ver com a conta bancária pessoal e os “aliados” são os que melhor pagam. Tudo e todos giram em torno do Canta-João, não importa se são euros, dólares ou yuans, desde que venham e de preferência depositados em algum discreto off-shore.

Os EUA já tinham avisado em Fevereiro, aquando da visita do seu secretário da Energia ao porto de Sines, acompanhado pelo mesmo embaixador George Glass e pelo ministro das Infra-estruturas e Habitação português Pedro Nuno Santos, que a política do governo de Lisboa teria de ser a livre abertura do porto ao gás que aquele país extrai do xisto com elevados custos para o meio ambiente. A mudança de regime na Ucrânia e a “revolução colorida” presentemente em curso na Bielorrússia têm como finalidade não só impedir a construção do gasoduto que trará para a Europa o gás russo, que ficará a menos de metade do preço do gás de xisto, como não permitir a extensão da nova rota da seda chinesa até ao extremo ocidental da Europa. Portugal está deste modo no meio da disputa económica entre os dois blocos mais poderosos e imperialistas, de um lado, o bloco do decrépito império e, do outro, o novo bloco russo-chinês, com a velha e pérfida Europa no meio hesitando para que lado se deverá inclinar: a ganância empurra para Leste, a intimidação americana e a ainda ocupação militar da Alemanha puxa para o outro. Contudo, o dinheiro fala mais alto, e ele sopra predominantemente de Leste. O império do Tio Sam, decadente, internamente dividido e sem recursos económicos para continuar a ser o polícia do mundo está à beira de perder os “aliados” europeus, aliás, os vassalos, mais que dispostos a mudar de amo. As nossas elites económicas e políticas já estarão há algum tempo de malas aviadas, falta apenas pôr pernas a caminho para o transfúgio.

O governo do Costa do PS e o seu PR Marcelo, que também já avisou que “não pode haver querelas institucionais durante pandemias” (lá está a pandemia!), apelando à união nacional dos diferentes órgãos de soberania d'aquém e d'além mar e por extensão de todos os partidos do regime, recebem ordens é de Berlim, directamente da führer ou, no caso, por interposição do seu braço direito, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mas de facto ministro plenipotenciário alemão, que veio dizer aos governadores do länder mais ocidental e periférico como e onde terão de gastar os 13 mil e 100 milhões da dita “subvenção” para o programa de “recuperação e resiliência” do país e qual o preço a pagar. Von der Leyen também apelou ao sentimento “único da União”, apelo mais que pungente sabendo-se que a União Europeia se encontra em irreversível crise económica e de identidade e cujo fim não diferirá muito da do império, nem no modo e nem no tempo. Costa até foi obsequiado por tratamento na segunda pessoa, por vezes usado entre a velhacaria para baixar a guarda ou entre os membros da mesma máfia, e manifestou-se de acordo na estratégia imposta por Bruxelas no pretenso combate à “pandemia” da covid-19 e na disposição para a aquisição das vacinas desenvolvidas pelos países mais ricos da União, para quem o coronavirus será uma providencial fonte de muitos milhares de milhões de euros. Em resumo, a presidente da Comissão Europeia veio tratar de negócios com os vassalos e mostrar quem manda e se o Marcelo enfiou o Costa no bolso, como diz a imprensa do regime para mostrar que este é mais presidencialista que parlamentar, será então para dizer que a Merkel e Von der Leyen enfiaram o Costa e o Marcelo num sítio escuro e húmido.

Não é por acaso que a campanha mediática, levada a cabo por todos os órgãos de comunicação de referência e com especial destaque para as televisões, se tem centrado em identificar os casos positivos por SARS-CoV-02 como casos de doença, ou seja, portadores sintomáticos, torna-se claro que a intenção é provar que haverá sempre “covid-19”, tarefa facilitada pela fraca fiabilidade e especificidade dos testes, e embora não haja verdadeiramente doentes, apenas quanto muito portadores sãos, fará também florescer a indústria dos testes, havendo no mercado já mais de oitocentas marcas dos ditos. A seguir virá o negócio das vacinas. Enquanto uns poucos vão enriquecendo, vai-se lançando o medo sobre os trabalhadores, até que um dia, como se está a começar a ver em Madrid, o povo se revolte a sério. Por esta imprensa vendida, não menos que as nossas elites e os nossos políticos do regime, já não morre ninguém em Portugal com outras doenças, apesar de ainda há pouco o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia ter alertado para o facto da principal causa de morte em Portugal, as doenças cardiovasculares, estar a aumentar pelo medo das pessoas de recorrer aos serviços de saúde e do SNS ter centrado os recursos no alegado combate à covid-19. Estas doenças matam cerca de 100 pessoas por dia em média enquanto a covid-19 tem matado neste mês de Setembro apenas umas cinco. O abandono dos doentes do foro cardiológico pelo SNS representa um retrocesso de décadas no combate a estas doenças, na opinião do mesmo responsável. Até parece que existe uma actuação concertada e justificada pelo pseudo ataque à dita “pandemia”, tendo já sido declarado o início da segunda vaga sem base científica para tal, já que o número de mortos se encontra muito aquém da média de Março ou de Abril, quando aconteceu o pico, para que as pessoas recorram ao sector privado como já bem aconselhou o bastonário da Ordem dos Médicos, a quem, muitos deles médicos, dá jeito que o SNS continue a ser parasitado por toda a ordem de interesses privados.

Na “subvenção” dos mais de 13 mil milhões de euros que se anuncia incluem-se verbas para a Saúde, mas não para o SNS, porque será para comprar serviços ao sector privado, consultas, exames complementares de diagnóstico, onde se incluem os testes, estando na berra a aquisição dos já famigerados testes rápidos que irá ser mais um expediente para o enriquecimento de uns tantos, onde se inclui o presidente da Cruz Vermelha, o reformado com pensão de 4.921 euros que transitou directamente da Direcção Geral de Saúde para a presidência da Cruz Vermelha, uma instituição que tem mais de negócio do que beneficência. O SNS continuará a ser subfinanciado e se o governo promete muitas camas de cuidados intensivos, o pouco pessoal que está a ser contratado é na base de contratos por períodos de 4 meses, com carreiras mal pagas e sem perspectiva de valorização profissional e salarial, insistindo o governo do Costa na precariedade, coisa que até prometeu combater, mas que está continuamente a crescer. Quando decretou a prorrogação da situação de contingência a todo o território nacional até às 23.59 horas do dia 14 de Outubro, “no âmbito da pandemia”, prorrogou igualmente “o procedimento temporário de contratação de trabalhadores, pelo período de quatro meses” em todos os organismos e serviços públicos de saúde, apesar de todos eles se encontrarem cronicamente com falta gritante de trabalhadores, quer de prestadores directos de cuidados ao doente quer de outras categorias. É por estas e por outras que a Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) revelou que no mês de Junho havia mais de 80 mil trabalhadores do Estado com vínculos precários, ou seja, um aumento de 8,7% em termos homólogos. E, pelos vistos, com tendência a aumentar.

A miséria e a exploração dos trabalhadores não cessam de aumentar e é bom que a putativa “pandemia” se mantenha por muito tempo, a seguir à pretensa segunda vaga arranjar-se-á uma terceira para justificar as medidas de austeridade e encobrir o óbvio da realidade: “Há 500 famílias por dia a pedir para pagar a luz a prestações”; as remunerações dos trabalhadores das Administrações Públicas, em percentagem da riqueza criada no país (PIB), tornaram a diminuir passando de 11,3% para 10,7% do PIB, entre 2015 e 2019, ou seja, com os governos do PS; entretanto o défice das contas públicas agrava-se 6.552 milhões de euros. Os números falam por si, são um bom índice para aferir a natureza e o patriotismo dos “representantes escolhidos pelos portugueses”.

PS: “O Presidente da República reúne o Conselho de Estado no próximo dia 29 de setembro, pelas 14h00, tendo como convidada a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A reunião do Conselho de Estado abordará “a União Europeia, hoje e amanhã”. De modo a assegurar o devido distanciamento físico, conforme as regras estabelecidas, a reunião do Conselho de Estado será realizada no Palácio da Cidadela, em Cascais. (http://www.presidencia.pt/?idl=2)

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