Crónica sobre a negociata do SIRESP, envolvendo governos PSD e PS e o actual primeiro-ministro. Foi em 2008.
Era uma vez um ministro que adjudicou um
contrato de 485,5 milhões de euros a um consórcio privado para fornecimento de
um sistema de telecomunicações que ligasse todos os organismos de segurança e
de emergência nacionais numa espécie de big brother informativo.
Um negócio que, ao que parece, ficou seis vezes mais caro do que ficaria na
realidade se o concurso não estivesse inquinado logo de início, com tráfico de
influências de permeio, onde foram protagonistas três ministros e que se
desenrolou ao longo de quatro governos; em resumo, é uma história (triste) à
portuguesa.
Os pormenores vêm na imprensa, uma das
televisões fez a reportagem e vai ao pormenor, o que se retém de toda
a estória é que os governos que temos sido obrigados a suportar
comportam-se como autênticas agências de negócios dos diversos interesses
instalados que devoram a sociedade e que vivem do saque dos dinheiros públicos.
PS e PSD têm sido os instrumentos desse verdadeiro roubo organizado, alternando
no poder, mas mantendo a mesma política – nem se percebe sequer que ainda haja
gente que acredite que o PS seja capaz de mudar de política –, ser lacaio dos
grupos económicos está-lhe inscrito nos genes. E este caso do SIRESP é a melhor
prova.
Um negócio que toda a gente viu que era
francamente prejudicial para o Estado, desde o Instituto das Telecomunicações
até à Inspecção-Geral das Finanças, não impediu que o então ministro António
Costa entendesse que não deveria anular o concurso porque, nas suas palavras,
era “juridicamente impossível”; ora, o que não é verdade, a própria lei permite
que se anule qualquer concurso sem direito e indemnizar desde que o interesse
público esteja em causa. A concretização do negócio, como planeado desde o início,
significa que o ministro se assumiu como o homem de mão da Sociedade Lusa de
Negócios, consórcio de empresas onde estão empregados ex-ministros e
respectivos familiares. Razão para perguntar: será que António Costa terá
emprego na SLN depois de sair da Câmara Municipal de Lisboa ou já terá lá algum
familiar empregado?
O tráfico de influências, os negócios pouco
claros, os assaltos ao erário público são constantes nos governos que têm
desgovernado o povo português ao longo destes trinta e poucos anos de
democracia de fachada – o melhor regime para explorar os trabalhadores, porque
é neste regime que os trabalhadores até se deixam explorar de livre vontade –,
e nestes negócios de muitos milhões de euros (são sempre de muitos milhões) é o
povo que paga. E o engraçado de tudo isto, partindo de que haverá alguma graça
nesta roubalheira, é que o sistema fornecido pela empresa vencedora do concurso
(até foi a única a apresentar proposta) só funciona em cinco distritos e
ninguém garante que venha alguma vez a funcionar em pleno.
Daniel Sanches, Figueiredo Lopes, António
Costa, Oliveira e Costa e Dias Loureiro são nomes de políticos que ficam
ligados a mais um roubo perpetrado ao povo português, assim como os chefes dos
governos envolvidos em toda esta história, António Guterres, Durão Barroso,
Santana Lopes e José Sócrates, é bom que os seus nomes fiquem registados e
sejam conhecidos, nem que seja na História da Má Memória.
Ver notícia:
Imagem: “Mulher Gorda” - Lucien Freud
Crónica escrita em 3 de Junho de 2008
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