Quando dava o fanico a Cavaco, o BES já em falência e o governo aumentava a austeridade e a repressão, se previa o desaparecimento do CDS, a vitória do PSD sem maioria e a possibilidade do PS ir para o governo e mais tarde a necessidade de maioria absoluta. Estávamos em 2014
Banqueiros e governo almejam o fascismo
Foi o presidente do BPI, como tem sido
habitual em situações semelhantes, um dos primeiros a vituperar a decisão dos
juízes do Tribunal Constitucional em chumbar as normas ilegais da Lei do
Orçamento de Estado que levaram aos cortes dos salários dos trabalhadores da
função pública, utilizando argumentos falaciosos, em sentido análogo ao dos
governantes e dirigentes do psd, querendo justificar os interesses da classe
dos banqueiros a todo o custo. Custo da política de austeridade que continua e
irá redobrar no horizonte mais próximo, certo e sabido até 2019 (é o
incontornável governador do Banco de Portugal que o afirma, mais uma vez bota
palavra), e assacado ao povo português.
Conta que irá agravar-se, nem que seja por
razões “nacionais”, por exemplo, o banco do regime, o também inconfundível BES,
desvenda mais um pouco o buraco em que se encontra: o BES Angola apresenta um
rombo de 5,7 mil milhões de dólares, resultante de empréstimos concedidos a
altas figuras do regime corrupto daquele país, mas que a gerência diz não saber
bem onde foi parar o dinheiro, numa demonstração clara de impunidade e de
confiança de quem alguém (o povo português e possivelmente o povo angolano) irá
pagar o desfalque.
O fascismo é o governo exercido pelos
banqueiros
Nunca se tinha visto banqueiros e governadores
do BdP, para além dos habituais economistas, ex-ministros e outros
comentadores/paineleiros, a botar faladura com tanta frequência e prosápia
sobre política e, principalmente, sobre as contrariedades governativas. Os
argumentos são mais que falaciosos, são demagógicos, mentirosos,
deliberadamente confusos e enganadores para a opinião pública.
Argumentar que o TC está a imiscuir-se na
actividade legislativa e que “assuntos económicos” não são da sua competência,
e vão para além da questão jurídica, é dizer, através de uma fraseologia
pretensamente técnica, que vale tudo, que o Parlamento, nas mãos do executivo,
pode decidir a bel-prazer, ou seja, se pode governar em ditadura, desta vez sem
fechar o Parlamento como já aconteceu em outros períodos de profunda crise
política da história do povo português, estamos lembrados da ditadura de João Franco,
em véspera do regicídio e do imediato fenecimento da monarquia.
Não há dúvidas de que os banqueiros controlam
abertamente o governo, sem intermediários e disfarces, só falta serem eles os
ministros, como acontece na actual fascista Ucrânia em que os principias
governantes, desde o Presidente da República recentemente eleito em eleições
fantoches aos governadores das regiões, são os indivíduos mais ricos do país,
enriquecidos, diga-se de passagem, pelo saque das empresas públicas que foram
“vendidas” dez vezes mais baixo que o seu real valor.
E se há partidos e gente que faz o frete não
será somente por serem corruptos e de estarem à espera de boa recompensa em
lugares de conforto nos conselhos de administração dos bancos e de outras
empresas que enriqueceram à custa dos negócios com o estado, mas porque a nossa
burguesia e os partidos que a servem fizeram profissão de fé aliarem-se ao
grande capital financeiro europeu, com o alemão em posição dominante, com o
duplo objectivo de sobreviverem e de sobre-explorarem os trabalhadores e o povo
português.
Os fanicos do senhor Silva
Enquanto o povo caminha a passos largos para a
miséria e o país para bancarrota, sendo indisfarçável a necessidade de um
segundo resgate e daí o preparar da opinião pública para tal, ao PR senhor
Silva dá-lhe o fanico em situação de contestação pública e em dia de
comemoração da “raça”, e ao PS, o “principal partido da oposição”, dá-lhe a
guerra intestina pela disputa do pote e para salvação do regime e dos
banqueiros e capitalismo nacionais.
O fanico do senhor Silva, ao que consta é o
terceiro (e não o segundo, o primeiro foi quando os estudantes uma vez
irromperam pelo gabinete quando era professor) desde que se meteu na política,
vale pelo simbolismo, ele é também a falência do governo psd-cds e do próprio
regime de democracia de opereta. Os espasmos vagais são resultantes
não de uma hipotética doença de Alzheimer, como alguém quer fazer crer, mas
próprios de personalidades histriónicas que não admitem a contrariedade nem a
frustração, são expressão de um mau carácter, de quem deseja e prepara o
fascismo; que bem pode vir pela mão de um ps, com ou sem o Costa.
Porque a revolta do povo a isso obrigará,
fazendo com que a burguesia adopte formas de governo mais musculadas que, por
sua vez, irão precipitar e provar sem margem para dúvidas que a única
alternativa que os trabalhadores têm para a saída da crise do capitalismo é o
socialismo.
Enquanto se adensam no horizonte próximo as
nuvens da austeridade levada a expoente máximo, o tal de “principal partido da
oposição” desintegra-se em disputas internas em vez de envidar todos os
esforços e recursos para o derrube do governo fascista psd/cds. Contudo a
verdadeira natureza das pretensas divergências internas torna-se clara e
evidente: não se pretende um ps com uma direcção forte para fazer inverter a
180 graus a política defendida e aplicada pelo psd/cds, mas para impor a mesma
política em grau redobrado.
O PS como tábua de salvação do capitalismo
Não será um ps sem maioria absoluta, e com a
impossibilidade de se aliar mais uma vez com o cds, que irá ser reduzido à sua
expressão mais simples em termos eleitorais, que conseguirá colocar em prática
as medidas económicas que mantenham ou venham mesmo aumentar a exploração do
povo português para salvação do capitalismo nacional e para benefício dos
lucros e da concentração do grande capital financeiro europeu e internacional
(norte-americano, mais precisamente, via FMI).
O partido que foi fundado pelos herdeiros da I
República e com os marcos da social-democracia alemã será ainda o único capaz
de trazer de novo o apoio da dita “classe média” causticada pela política de
austeridade do governo ainda em funções a uma política de pretensa “salvação
nacional”, mas para tal precisará de maioria absoluta. O resultado das eleições
europeias revelaram que não só o ps não consegue formar governo sozinho, como o
cds irá desaparecer do mapa, como o psd também pode ganhar as eleições mas
também sem maioria e sem possibilidade de repetir a aliança com o actual parceiro,
e que só duas saídas estarão disponíveis: ou a aliança de ps com psd, tão de
agrado do senhor Silva e de alguns altos dirigentes do ps, ou ps terá de criar
uma maioria que não sabemos como conseguirá atendendo a que o povo português,
apesar de ser acusado frequentemente de amnésia, ainda está bem recordado do
que foi o governo ps/engº Sócrates.
Caso o Costa de Lisboa alcance o poder dentro
do partido e venha a ser o primeiro ministro de Portugal a seguir a 2015, e as
eleições terão que ser realizadas na data prevista para que haja tempo para o
assalto ao castelo, daí o ps nunca se ter empenhado em derrubar o governo, virá
a revelar-se um “filho da puta” (estamos a falar em termos políticos, como é
óbvio) muito parecido senão pior que o dito “engenheiro Sócrates”. Ele
igualmente bom para ir buscar o fascismo, pese o rótulo de “democrata” colado
pela extrema-esquerda, ansiosa de também aceder à gamela do orçamento e do
aparelho da administração burguesa.
São mais que numerosos os sinais enviados pelo
psd/cds e seus amos banqueiros para o regresso do fascismo em Portugal e em
curto prazo de tempo. O senhor Silva não enviou a Lei do Orçamento para o
Tribunal Constitucional porque os pareceres que lhe apresentaram não detectaram
qualquer inconstitucionalidade e o senhor Coelho depois do chumbo do TC quer
mudar os critérios de nomeação dos juízes daquela instituição apesar de dos 13
juízes 10 serem de nomeação partidária. É o oitavo chumbo do TC, os dirigentes
dos psd e cds eriçam-se porque não podem cumprir a tarefa de transferência da
riqueza do trabalho para o capital sem obstáculos, querem tomar as medidas que
bem entendem, fazendo do Parlamento, o órgão por excelência e símbolo da
democracia dos cravos, um simples ornamento.
O fascismo é sempre bem-amado pela elite
Querem o fascismo, a acumulação do capital não
se compraz com democracias quando se tornam um estorvo, estas servem só na
justa medida em que permitem uma mais fácil ilusão dos trabalhadores a fim de
se deixaram explorar mais docilmente. Quando isto começa a deixar de resultar,
então o mais prático e rápido é o fascismo; a Ucrânia é neste momento a melhor
prova desta mudança de actuação do grande capital. E a exemplo do que se passa
na União Europeia, onde os órgãos eleitos mais não passam de decoração de um
regime autoritário onde tudo o que é essencial é decidido em órgãos não
eleitos. Razão que justifica em grande medida a enorme abstenção nas eleições
do passado dia 25 de Maio.
E a par da abstenção assistiu-se à subida dos
partidos da extrema-direita e dos ditos eurocéticos, em geral, que, no dizer
de certa esquerda nacional (resistir.info) até apresentou “propostas
perfeitamente razoáveis, corajosas e até meritórias”, ou seja, o caminho a
seguir será o da “saída do euro, defesa da indústria nacional, ruptura com a
globalização e a independência”, tout court.
Em suma, entre a extrema-direita e a esquerda
que ainda se arvora oficialmente do comunismo, como é no caso presente, não há
diferença de monta, depois não venham queixar-se da ascensão eleitoral dos
partidos da extrema-direita e a quebra (ou inútil ténue subida) dos PC's
ortodoxos de ex-tendência soviética, já para não falar do quase desaparecimento
de BE's (o grego Syriza será a excepção, porque ocupando o lugar do Pasok).
Esta gente, e não terá sido só o ps, meteu o socialismo na gaveta, e pior
ainda, enfiaram o socialismo e o comunismo em cova bem funda, ficando-se pela
social-democracia, o quer dizer, o aperfeiçoamento e regulação do capitalismo,
de preferência, um capitalismo com cor nacional; que é onde conduzem as medidas
avançadas por um FN da família le Pen.
O caminho é o socialismo/comunismo
Quando o capitalismo se encontra na sua fase
última de vida, em estertor que, e apesar e por isso mesmo, pode ser demorado e
doloroso para o mundo do trabalho, esta gente não aponta abertamente para uma
solução socialista, porque presas aos medos e complexos da classe de onde
provém a maioria dos dirigentes destes partidos, a classe média, melhor
dizendo, a pequena-burguesia que tem mais medo do comunismo que do fascismo.
Querem pôr a roda da história a andar para trás, depois não venham queixar-se
do regresso do fascismo ou de soluções populistas, do género Marinho e Pinto,
que a prazo conduzem ao mesmo.
O caminho é o do socialismo/comunismo e não
das pretensas “democracias do século XXI” ou das “revoluções democratas e
patrióticas” chinesas, como se a situação na Europa meridional e periférica
(PIIGS) fosse ainda semelhante à que existia no mundo não industrializado da
primeira metade do século passado. Neste mundo globalizado capitalista a
alternativa é o socialismo/comunismo, não há etapas intermédias, estas servem
para empatar e dar mais fôlego à burguesia e prolongar o capitalismo. Cada vez
mais se sente a necessidade de uma alternativa socialista e revolucionária, ou
seja, o comunismo.
15 Junho 2014
www.osbarbaros.org
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