"Prayer",
1930 - Man Ray (1890-1976)
Parece
que estamos numa de acontecimentos “históricos”, foi o “acordo
histórico” que vai hipotecar o país em mais 61 mil milhões de
euros, entre empréstimos e falsos "fundos perdidos", e
agora é a “quebra histórica” do PIB nacional, menos 14,1% no 2º
trimestre, quando comparado com 1º trimestre do ano, ou menos 16,5%,
quando comparado com o trimestre homólogo de 2019. Valor superior à
média europeia dos países cujos números são já conhecidos
(Alemanha menos 10%).Trocado por miúdos, ou por euros, significa que
houve menos 8.760 milhões de euros de riqueza criada, segundo as
estatísticas oficiais, e menos 3.200 milhões de euros de
remunerações não recebidas pelos trabalhadores. Trocando de novo
por miúdos, os trabalhadores portugueses empobreceram, em termos
nominais, mais um tanto, houve pequenos patrões que terão ficado
com a corda ao pescoço e haverá grandes patrões e capitalistas que
terão aumentado o património e as contas bancárias, tudo graças
às ajudas do estado com o pretexto do combate à covid-19.
Contudo,
faz parte da contabilidade um aumento de 2137 mortes (+26%) no mês
de Julho (10.390 pessoas) em relação ao mês de Julho do ano
passado, o maior número desde há 12 anos, e das quais só 159
(1,5%) foram devidas ao SARS-CoV-02: o governo atribui a causa do
excesso de mortalidade ao “calor extremo”, à semelhança dos
incêndios (este ano já morreram 3 bombeiros, 229 em 40 anos!),
alguns especialistas já referem “efeito secundário do
confinamento” e a Ordem dos Médicos já aponta o facto dos doentes
que “ficaram para trás” por não atendimento pelo SNS, por se
encontrar concentrado no tratamento dos dentes infectados pelo
coronavírus. Fica-se com a ideia de que um dos objectivos do
afunilamento do SNS no ataque à pandemia seria empurrar os doentes
com outras patologias para o sector privado, só que a estratégia
falhou e aquele também se queixa da diminuição do negócio, ao que
parece, menos metade das consultas de urgências. O confinamento
mostrou que como estratégia de impedir a propagação da pandemia
agravou a crise económica já existente e terá lançado o país num
plano inclinado cujo fim ninguém consegue vislumbrar, nem rezando a
todos os santos padroeiros do país católico nem a Nossa Senhora de
Fátima, equiparada pelo Vaticano, numa clara afronta à Teologia, a
Deus no que concerne à capacidade de fazer milagres.
O
Verão de 2020 vai a meio, os incêndios vão de vento em popa, a
época deste ano parece ser profícua, muitos ditos empresários
verão os negócios florescer, que o digam os patrocinadores
políticos e financiadores do neo-nazi Chega, por exemplo, o oligarca
João Maria Bravo, dono da empresa Helibravo, fornecedora de
helicópteros de combate aos incêndios, e milionário do armamento,
ganhando muitos milhões de euros pelo fornecimento de armas às
polícias e forças armadas, um dos tais que defende “menos estado”
para ficar com mais estado só para ele. Dentro da mesma filosofia
ficamos a saber que o Novo Banco vendeu mais de 13 mil imóveis,
avaliados em 631 milhões de euros, a um fundo anónimo sediado nas
ilhas Caimão, por 364 milhões, a quem emprestou dinheiro,
registando prejuízos de 267 milhões de euros, dinheiro que saiu do
Fundo de Resolução, em grande parte financiado pelo estado, ou
seja, pelos contribuintes portugueses. E não chegando isso, o dito
Novo Banco, tão mau que o outro, pensa pedir mais 176 milhões de
euros ao benemérito Fundo de Resolução par fazer face aos
prejuízos (555 milhões de euros no 1º semestre de 2020), um
rega-bofe que continua até não se sabe quando. Fácil de ver que o
dinheiro que aí vem, 6,4 mil milhões por ano nos próximos 10 anos,
será para esta gente e para estes negócios, tal como os milhões
que entraram nos bolsos de alguém, não no país que trabalha, em
anos anteriores (entre 1994-1999 foi de 4,6 mil milhões, entre
2000-2006 de 4,9 mil milhões e entre 2007-2013 foi de 4,5 mil
milhões).
A
propaganda estonteante por parte dos principais órgãos de
informação, entenda-se de “propaganda”, seguindo a agenda
governamental, sobre as mortes por covid-19 e a propagação da
pandemia, lançou entre grande parte da população o medo, o medo
excessivo e irracional, o pânico do sair à rua e do contacto
social, impondo o isolamento, para melhor aplicar as medidas
económicas de austeridade redobrada, embora com o primeiro-ministro
Costa a propalar o contrário. Estratégia que parece ter resultado
pelo menos até agora, mas irá ter efeito perverso de despoletar a
revolta popular, um dia destes,e uma revolta também a dobrar. E os
números do desemprego estão aí: mais 109.600 desempregados, a
somar aos já existentes, segundo os números oficiais, e aos 305.000
“inactivos indisponíveis”, perfazendo os 636.200 trabalhadores
desempregados em final do mês de Junho. Mais desemprego, menos
salário e mais impostos sobre os trabalhadores assalariados, que
serão mais que certos se os patrões levarem a avante a campanha em
curso de diminuição dos impostos que ainda pagam, embora falem
sempre da abstracta “classe média”, estarão então reunidos
todos os ingredientes para a revolução. E é o medo da revolução
e do povo encolerizado que faz a burguesia e o seu governo de turno a
usar a mentira e infundir o medo que eles próprios sentem.
É
na prossecução da política do medo que toda a imprensa do regime
vai promovendo um partido fascista, com o seu líder já em plena
campanha para as eleições presidenciais, numa estratégia usada
noutros países, em França tem resultado com a Frente Nacional, que
se resume em dizer aos trabalhadores ou vocês votam no candidato
certo do regime, no caso será Marcelo, que já não será um
fascista reciclado porque haverá um pior, ou vem aí o fascismo. Ou
seja, segundo esta teoria do regime de nunca há alternativa, mas
para quem trabalha há sempre a alternativa do socialismo e do
comunismo, pela revolução comunista, só que em relação a esta
nenhum órgão de propaganda do regime está interessado em
propagandear. Usa-se a mentira e a manipulação, sempre com o mesmo
objectivo de intimidar e dar a entender que não há outra via: é
com o assassínio do actor negro por um racista retornado das
colónias, que só passado algum tempo é que foi identificado por um
dos jornais de referência, nunca se lhe viu bem o rosto e nem o que
fazia em Portugal depois de regressado de Angola, chegando a ser
promovido a enfermeiro e aumentada a idade em mais meia-dúzia de
anos para a desculpabilização, enquanto se praticava o assassinato
de carácter da vítima pelo simples facto de ser negra; é empolar
uma manifestação da extrema-direita, que não terá tido mais do
que uma centena e meia de participantes, tal como já acontecera
anteriormente, e onde se pôde constatar que na sua maioria ou eram
retornados ou polícias à civil.
Pode
parecer que não tem ligação à política do medo, mas tem, a
atribuição da culpa pelo acidente ferroviário do comboio
alfa-pendular, na Linha do Norte, aos dois trabalhadores que morreram
por não terem eventualmente respeitado o sinal vermelho,
trabalhadores que agora não poderão defender-se e dar a sua versão
dos factos, e não aos critérios economicistas do governo de não
dotar os Veículos de Conservação de Catenária (VCC) do sistema de
controlo automático de velocidade (CONVEL); uma das expressões da
falta gritante de investimento na ferrovia nacional (as famigeradas
cativações do Centeno). Não só uma atitude economicista mas,
sobretudo, de desprezo pela segurança e vida dos trabalhadores, e
somando-se às mortes em excesso verificadas durante o tempo do
confinamento, fácil será concluir que o governo PS é um governo
assassino, porque, em última estância, é o responsável político
pelo que tem acontecido. É o mesmo desprezo manifestado pela
ministra da Cultura, Graça Fonseca, que, quando confrontada com o
facto de haver pessoas da cultura a passar fome, convidou os
jornalistas para o “drink de fim de tarde”, fazendo
lembrar a Antonieta, mais tarde guilhotinada, quando mandou comer
brioches ao povo faminto de Paris quando reivindicava o pão. “Em
Angola, matei vários como este”, declarou calmamente o homicida do
ator Bruno Candé Marques, que não se mostrou arrependido perante as
autoridades. O ex-auxiliar de enfermagem reformado, de seu nome
Evaristo Marinho, matou com quatro tiros, logo quatro, porque com
raiva e para não haver dúvidas quanto ao resultado, usando uma
pistola ilegal, roubada à PSP. Qual a diferença entre um e outro,
só se for no modus operandi?
Nenhum comentário:
Postar um comentário