A "gente ignara" deste país ficou a saber que o governo fascista PSD/PP(CDS) “recuou nas alterações na Taxa Social Única (TSU)” devido à “ameaça de apresentação de moção de censura” pelo PS e por “reconsideração” do dito governo em “sinal de humildade democrática” com o fim de “reganhar a confiança dos cidadãos” e não pela gigantesca e inequívoca demonstração de revolta popular bem expressa nas mais de trinta manifestações de rua no passado dia 15, que envolveram mais de um milhão de trabalhadores e elementos do povo; manifestação de revolta que continuou no dia 21, junto do Palácio de Belém, aquando da reunião do denominado “conselho de estado” do senhor Silva de Boliqueime, PR do protetorado nesta beira mar plantado.
Multiplicam-se as manobras de bastidor para
manter o governo, respeitando as vontades de um BCE e UE/Alemanha, que não se
cansam de louvar o bom aluno português pelo “consenso social” e “êxito” da
aplicação do programa de austeridade, mesmo que para isso se tenha de proceder
a alguns retoques de cosmética substituindo um ou outro ministro de segundo
plano e mais descartável. A continuidade deste governo de ladrões está menos
nas mãos de um senhor Silva, ao contrário do que clama o coordenador da CGTP, do
que na vontade de um povo revoltado, e será com a intensificação da
insubordinação que o governo irá cair. E cair na rua.
A manifestação do próximo Sábado, dia 29 de
Setembro, é importante, como ainda mais a convocação de nova greve
geral nacional, que não deverá deixar de ser anunciada durante o
decurso da manifestação, com o principal objectivo: derrube imediato do
governo fascista! (manifestação e greve geral que inevitavelmente irão
ultrapassar os promotores).
O governo só aparentemente recuou na intenção
de diminuir a austeridade lançada sobre o povo e os trabalhadores portugueses,
porque, no dia 15 de Setembro, o governo partiu os dentes mas não perdeu os
intentos. A imprensa corporativa quer fazer crer que a luta era contra a mexida
da TSU e que, tendo o governo recuado, agora não haverá razão para se continuar
a protestar, como também não houvesse a intenção de substituir a medida
anunciada por outra ou outas ainda piores. Ora, mexer nos escalões do IRS ou lançar
o aumento dos 7% neste imposto, que incide principalmente sobre os rendimentos
dos trabalhadores assalariados, será pior a emenda que o soneto, embora os
órgãos de propaganda da classe dominante queiram dar a entender o contrário.
A austeridade em 2013 será bem pior do que em
2012 se os trabalhadores e todos os descamisados em geral não continuarem a
lutar não só pela mudança destas políticas mas essencialmente pelo derrube do
governo. Poderá haver alguma mexida nos impostos sobre o património,
nomeadamente no mais ostensivo, e sobre os dividendos do capital, contudo não
será nada de significativo, os mais sacrificados serão sempre os mesmos, ou
seja, os trabalhadores assalariados, pequenos proprietários em via acelerada de
falência, jovens precários ou em desemprego sem fim à vista.
A chancelarina do Reich continua na dela, não
há outra solução senão “a redução das dívidas públicas e reformas estruturais
como solução para a crise” e o Pacto de Estabilidade tem de ser respeitado.
Assim sendo, também não outra alternativa da parte de quem sofre a austeridade:
lutar até ao fim deste governo fascista. Se o senhor Silva de Boliqueime for
por arrasto, paciência!, também é responsável. Se o regime de democracia de
opereta colapsar, não será uma tragédia, já que é o regime da gatunagem e será
a prova que o abanão foi grande e certeiro. E se isto acontecer, não haverá
lugar para governos se salvação nacional, como algumas aventesmas do regime
defendem, ou de coligação BE-PS, como algumas aves raras da direcção bloquista
propõem, na justa medida em que o PS não é, nem nunca foi, um partido de
esquerda, embora tenha sido sempre olhado como escada para alcandorar o poder
dos tachos; e acabará por se provar que o BE não é melhor que o PS, deem-lhe
verga (tacho) e tempo.
O governo, que se impõe e que deve substituir
de imediato este governo de fascista e de gatunos, terá de ser um governo que
aplique uma série de medidas em termos imediatos: nacionalização da banca;
anulação de todas as medidas de austeridade aplicadas até agora; repúdio do
memorando e expulsão da troika do país; repúdio da dívida pública, ilegítima,
odiosa e ilegal; nacionalização de todas as grandes empresas de sectores
estratégicos da economia; encerramento da Bolsa; aumento dos impostos sobre os
dividendos do capital que poderão ir aos 100% (e que poderão substituir o IVA);
redução do horário semanal de trabalho sem redução salarial, com o objectivo de
criar mais postos de trabalho; aumento geral dos salários, incluindo o salário
mínimo nacional e as pensões mais baixas, com imposição de um tecto limite de
molde a acabar com os salários e pensões milionárias.
São medidas violentas? Pois são, mas são no
interesse dos que trabalham e produzem. E são menos do que aquelas que agora
estão a ser lançadas sobre o povo português. Não são o socialismo, mas preparam
o caminho, porque vão além das medidas propostas pela CGTP, que mais não são do
que as propostas por qualquer governo de conciliação nacional, caso houvesse
lugar para um em tempo de agonia terminal do capitalismo.
Imagem principal no "Público"
25 de Setembro 2012
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