Os discursos daqueles que falam nos meios de
comunicação sobre questões de política externa em Itália são desprovidos de
qualquer fundamento, porque pretendem ignorar que a Itália não é uma nação
soberana, mas sim um protetorado. De acordo com o direito internacional,
uma nação que acolhe no seu território um número de bases (algumas das quais
secretas e cheias de bombas atómicas) iguais às que os Estados Unidos mantêm em
Itália não tem soberania sobre a sua política externa, mas apenas sobre sua política
interna; isto é, é tecnicamente um protetorado.
Isto explica por que razão o novo governo,
que, definindo-se como de direita, deveria antes de mais ter reivindicado um
estatuto de plena soberania, simplesmente se conformou, no que diz respeito à
guerra na Ucrânia, com as directivas do Estado protector. Deixem quem
quiser imaginar o que aconteceria, de facto, com um chefe de Estado que abrisse
uma disputa pela presença de bases dos Estados Unidos em nosso
território. Mas a questão vai muito além de um problema de soberania, pois
implica que, no caso de uma nova guerra mundial, a Itália seria o primeiro país
a sofrer um bombardeamento nuclear que a destruiria
totalmente. Infelizmente, é inútil esperar que jornalistas pagos pelo
poder ainda dominante tenham este tipo de problema.
17 de janeiro de 2024
Giorgio Agamben
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