quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A “nova normalidade” e a abstenção nas presidenciais

 

"Moulin Rouge" - Henri de Toulouse-Lautrec

O ano de 2021 está a começar como nós e muitos outros previram com alguma facilidade: uma nova “normalidade” para justificar tudo e mais alguma coisa. No imediato dar apoio às medidas impostas pelo governo PS/Costa (governos PS que ainda vão conseguindo impôr o que outros não conseguiriam devido à sua maior base social), com a falácia de “se não fosse com estas medidas a situação seria pior”, quer em relação ao combate à pandemia, quer no que diz respeito à situação económica, teimosamente em modo de agravamento irreversível, ou tentar evitar o óbvio em termos imediatos como seja impedir o mais que previsível elevado nível de abstenção no próximo acto eleitoral para a Presidência da República, dia 24 de Janeiro, que poderá assinalar o começo do fim desta democracia de opereta.

O governo vai governando quase sempre por decreto, vindo fazer desde há algum tempo gato sapato da Assembleia da República, a tão incensada “casa da democracia” (houve quem já manifestasse temor que ali venha a acontecer o que ocorreu no Capitólio norte-americano, também considerado a casa da demonocracia lá do sítio, o que é pouco provável porque ali não há oposição!), com o PR Marcelo a definir, antecipadamente e em colaboração com o governo, o rumo que o país deve tomar sob o escudo do estado de emergência, aprovado para vigorar por mais oito dias. Uma banalização do estado de emergência, a “nova normalidade”, usado em forma ad-hoc, ou seja, sempre que dê jeito, para além de estratégia já delineada para controlo social e evitar possíveis revoltas pelas medidas de austeridade redobrada já em vigor, mas que em breve se irão agravar, e fortemente. Enquanto o governo PS/Costa treina uma democracia musculada, que rapidamente poderá resultar em fascismo pouco brando, assiste-se a uma campanha eleitoral civilizada, bem educada, com pouca polémica, com os candidatos da direita, de toda ela, moderada ou mais radical, ao colo dos principais órgãos de comunicação pagos com 15 milhões de euros para não contradizer o discurso oficial do governo e não pararem de continuamente lançar o pânico sobre os cidadão. Todos os candidatos, por exemplo, estão com a União Europeia e frisam bem, especial destaque para o candidato do PCP, que não defendem a saída da União.

Especialistas no direito e em assuntos constitucionais são arregimentados, à semelhança dos médicos, virologistas, epidemiologistas e outros “istas”, bem besuntados na Função e Pública e simultaneamente no sector privado, funcionando como outros vírus no hospedeiro SNS, e pelos grandes grupos farmacêuticos a pretexto de “estudos”, “experiências”, “ensaios” e “formação”, não desmerecendo dos políticos do sistema no que diz respeito à corrupção, vêm debitar a necessidade da revisão da Constituição para se poder adiar as eleições. Para que os nossos idosos possam votar no aconchego dos lares, muitos deles mais depósitos para espera da morte, e assim evitar novos contágios no inóspito exterior da rua e dos locais de voto, deverá bastar o estado de emergência com essa especificação. A preocupação pelos nossos velhos (há quem diga que “velhos são os trapos”, mas a “velhice nunca deixou de ser um posto”, com excepção do capitalismo gerido pelo PS em que são trapos descartáveis por onerosos e inúteis) não deixa de ser comovente sabendo-se que o PS recusou proposta de se estabelecer uma estratégia de protecção apresentada pelo especialista em saúde Pública Jorge Torgal e nunca ter desejado criar uma rede pública de lares para a terceira idade, mas se ter demitido de mais esta função social, deixando para o mercado da especulação de privados e da Igreja Católica (ICAR), uma forma manhosa de esta se ver financiada pelo Estado.

Fica bem à vista, e Marcelo já palpitou que poderá ser uma medida incluída no próximo estado de emergência, que a votação dos idosos nestas eleições deva ser nos locais onde estão institucionalizados, porque é uma excelente maneira de os manipular para votarem no candidato certo, mesmo que alguns estejam em estado demencial e com as faculdades mentais diminuídas (são 45 mil idosos só em instituições ligadas à CNIS, daí a importância de bajular o voto da ICAR!). O recadeiro mini MM já aplaudiu e o Costa algum tempo antes anunciara que novo confinamento, e mais restrições à semelhança do que foi aplicado em Abril e Maio, terá de ser instituído. Os fins justificam sempre os meios, mesmo que estejam ocultos, assim se compreende o número crescente de “infectados” (PCR+, teste que nunca foi clínico, mas processo utilizado predominantemente para investigação em Paleoantropologia!) e de mortes “com covid” (não “por”, porque são as outras patologias exacerbadas que matam!). Até parece que surgem de propósito!

Não deixa de ser patético as notícias alarmistas, catastrofistas, acaba por ser difícil encontrar adjectivo que qualifique adequadamente o tom das notícias capciosamente empoladas e retiradas do contexto sem contraditório sobre os números da dita “pandemia”: “Portugal ultrapassa os cem mil casos ativos de covid-19 pela primeira vez”, “Especialistas dizem que janeiro vai ser um mês duro. É preço do Natal", “OMS. Pela primeira vez morreram mais de 15.000 pessoas num só dia”, (in DN) para incriminar o povo português de ser responsável pelo aumento dos números, para justificar “Governo quer aplicar medidas o mais cedo possível” ou suscitar o consenso dos partidos “"Urgência e surpresa" obrigam a antecipar debate na AR, diz Iniciativa Liberal” para a perpetuação da nova normalidade, ou seja, o estado de emergência (de excepção) para que os trabalhadores portugueses sejam mais vezes colocados em prisão domiciliária, já não chegam os idosos, e impedir a enorme abstenção no próximo dia 24. É o temor das nossas elites e dos seus partidos, porque o descrédito do regime é mais do que evidente, assim como dos políticos do poder. Não é por acaso que PAN, BE se esticam na defesa de mais emergência e confinamento e o PCP se vai calando, jamais reclamando, como era seu hábito, a demissão deste ou daquele ministro ou de todo o governo.

O regime vai apodrecendo. É a Assembleia da República que mais não é que a caixa de ressonância do governo e da presidência da república, ou o centro da corrupção praticada por muitos dos seus elementos que ali defendem os interesses corporativos, dos clientes dos escritórios de advogados e outros, sempre desprezando o povo que os elegeu. É o PR/Rei que vai preparando o seu futuro de Salvador da Nação e abrindo caminho para um governo formalmente de direita e de direita dura. E é o governo acentuando a sua deriva autoritária bem expressa nos casos dos ministros que, no final, serão sempre os bodes expiatórios dos casos cada vez mais frequentes de nepotismo, corrupção e outras traficâncias. É o ministro Cabrita que não vai conseguir descartar-se facilmente do problema das torturas praticadas por um dos corpos policiais do regime; é a ministra Van Dunem, descendente de uma das famílias de colonos mais ricas de Angola do tempo do salazarismo, que mandou falsificar o curriculum de um dos boys do partido para um alto cargo da União Europeia, repetindo o que já acontecera quanto a nomeação de apaniguados para outros cargos importantes do Estado, PGR e Tribunal de Contas. É o governo PS/Costa no seu melhor quanto ao nepotismo e à corrupção.

O governo PS/Costa com os seus confinamentos e estados de emergência, para os quais Marcelo não vê alternativa, é o agravamento das condições de vida dos trabalhadores portugueses que se confrontam com mais desemprego, salários mais baixos e uma Educação desqualificada, onde os seus filhos vão rapando o frio imposto pelas normas idiotas de uma DGS demente que manda abrir as janelas das escolas para “arejamento do vírus”, e um SNS de pantanas (“Hospitais fizeram menos 121 mil cirurgias e 1,2 milhões de consultas. O futuro traz mais preocupação”) para benefício do sector privado da saúde que vai esfregando as mãos de contente (“Mais de 5900 doentes do SNS operados nos privados para reduzir tempos e listas de espera”, in P). “Hospitais atingem linha vermelha. Especialistas defendem confinamento”, escondendo que enfermarias cheias e urgências a abarrotar sempre foram o normal do SNS nos invernos e nos últimos 15 a 20 anos, porque fecharam-se serviços, desactivaram-se camas e não se contratou pessoal. As televisões deveriam passar as reportagens que fizeram em anos anteriores e comparar, fica-se até com a impressão de que muitas imagens que agora se vêm se referem a anos anteriores (no Inverno de 1998/9 morreram 8000 pessoas por gripe, já ninguém se lembra!).

É indisfarçável que o governo PS/Costa é o gerente dos negócios do grande capital e que a pandemia e o confinamento são excelentes argumentos para se recapitalizar a economia capitalista cá do burgo com dinheiros públicos. Se em 2010 foi a recapitalização da banca privada, dez anos depois é a recapitalização da economia capitalista em geral e à beira da falência. A promessa de apoio às pequenas empresas não passa de um engano, mais de metade irá pelo cano para facilitar o processo de concentração e acumulação capitalista. Os 750 milhões de euros, gastos directamente à conta da “pandemia”, deverão na realidade ser mais perto dos mil milhões, e não ficarão por aqui já que as vacinas ainda não estão incluídas. E o rol da recapitalização das empresas privadas é mais longo: o reles aumento do salário mínimo nacional para 665 euros será em parte financiado pelo governo, que irá devolver 74 milhões de euros da TSU paga pelos patrões!

O governo PS/Costa vai prometendo a mentira, com o ministro das Finanças a vir com a treta de que “a vacina traz condições para forte recuperação da economia em 2021”, ao mesmo tempo que se avisa os portugueses que devem continuar a manter o distanciamento social, o uso da máscara na rua e ficar em prisão domiciliária quando o governo lhe der na real gana. A senil Directora GS avisa que “nem todas as pessoas vacinadas vão ficar imunizadas”, então o porquê das vacinas... a não ser para encher os bolsos das grandes empresas farmacêuticas americanas e europeias, cujos curricula transbordam de casos de corrupção a médicos e governantes? Se as vacinas são tão seguras, como não se cansam de afirmar os senhores “doutores” que estão todos os dias nas televisões, parece que não fazem mais nada!, então por que razão as farmacêuticas impuseram a isenção de responsabilidade criminal e civil a Bruxelas e aos governos e obrigam os cidadãos que as tomam a assinar um documenta de consentimento a desresponsabilizar o estado?

A mentira, a manipulação dos números, “em 2020 Portugal teve a maior mortalidade desde 2018” (comparar a actual epidemia, com menos de 8 mil mortes numa população de 10 milhões de habitantes, com a pneumónica de há cem anos, que levou cerca de 200 mil vidas numa população de 6 milhões, é o cúmulo da mentira e da manipulação!) e mais de metade das mortes por excesso se deve ao medo e à sub-utilização do SNS por este ter fechado as portas para as ditas “não urgências”! Costa ainda respira prosápia porque, governando à bolina das sondagens, quer dar a entender que o futuro lhe será radioso, mas os tiques de autoritarismo apenas denunciam medo e cobardia, de nada lhe valendo acusar quem não concorda com a sua política de “traidores ao país”, para mais vindo o ataque do lacaio de serviço de Bruxelas e da Alemanha neste meio-ano que decorre. Costa ainda aguentará 2021, mas não chegará ao Natal de 2022. Consigo deverá ir também pelo ralo o partido que foi fundado com os marcos alemães para derrotar a revolução de 1975 e enfiar o país na então CEE, actual IV Reich.

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