Quem estiver atento aos títulos da imprensa escrita e falada, irá reparar que o tom das notícias mudou de alguns dias para cá, com uma aparente maior confiança do governo nos números da pandemia, melhoria que constantemente é atribuída às virtudes do confinamento, e por extensão da correcção das medidas defendidas pelo governo, e do, agora, bom comportamento dos portugueses. Ora, olhando com um pouco mais de atenção, verificamos que estamos perante, mais uma vez, manipulação e mentiras debitadas pelo governo do sr. Costa do PS e ampliadas pela imprensa corporativa, paga por 15 milhões euros (não sabemos se o contrato foi ou não renovado em Novembro, porque nem tudo o que acontece é notícia).
Quanto aos números, é fácil confirmar que se o número de infectados (teste PCR+) diminuiu é porque o número de pessoas testadas diariamente desceu, mais de 70 mil para uns 20 mil, relembrando que em Março do ano passado o número de testes diários era apenas de uns 800. Se o número de óbitos desceu, fácil se concluiu que ou terão deixado de testar os cadáveres, como se fazia até agora, ou se começou a identificar a causa de morte pela real causa e não colocando simplesmente a etiqueta “por" ou "com covid” se teste positivo, mesmo que a pessoa tenha falecido por atropelamento ou por cancro. A parangona dos jornais e televisões de que “Portugal tem o índice de transmissibilidade mais baixo desde o início da pandemia” e melhorou na lista dos países europeus, não passa de mera mentira. Ao mesmo tempo salienta-se que os EUA atingiram os 500 mil óbitos, mais do que a soma das mortes nas duas Guerras Mundiais e na Guerra do Vietname (o “Expresso aponta o facto em primeira página) e se continua a diabolizar Bolsonaro (implicitamente contrapondo-o ao nosso “socialista” Costa), porque descuidou a pandemia considerando-a uma “gripezinha”, na medida em que o Brasil ocupa a 3ª posição dos países onde mais se morreu em valores absolutos por covid (mais de um quarto de milhão), continuando as televisões a mostrar as campas abertas nos cemitérios improvisados, ora, constata-se que não passam de duas mentiras. Ou de meias verdades (morre-se muito, é verdade) pela razão elementar de que morre-se mais em Portugal, com a agravante de que a esperança de vida entre nós é maior do que naqueles dois países. Será tudo uma questão de se consultar o “worldometers.info” (27 Fev: Portugal ocupa a 8ª posição com 1599 óbitos/Milhão de habitantes, EUA ocupa a 10ª com 1575 óbitos/M, Brasil 26ª com 1185 óbitos/M, ou seja, o Brasil fica muito abaixo de Portugal!).
A mentira e a manipulação, que nunca deixaram de correr, assentes nas meias verdades das sondagens, que, pela força da natureza de qualquer sondagem, são enganadoras, ao induzir um comportamento que se constata ou se pretende constatar à priori. Neste segundo confinamento o número de pessoas que saíram de casa é maior, apesar do número de desempregados ter disparado, haverá então menos gente a sair para os seus empregos e mais a desrespeitar as regras do “fique em casa”, como anunciam as televisões em 24/7, e do já famigerado “distanciamento social”. As pessoas estão a ficar fartas, parte delas a entrar em desespero, e o governo, sabendo disso, faz a encenação de que as coisas estão a correr bem e que os portugueses até estarão de parabéns porque desta vez terão colaborado, e assim o desconfinamento, embora tenha de ser feito de forma muito cautelosa, ponderada e com base nas recomendações dos “especialistas” do Infarmed, irá começar a ser feito daqui a 15 dias – Marcelo quer depois da Páscoa, o que é para admirar vindo de um inveterado beato! É que a confiança nos portugueses é pouca, não se sabe o que poderá vir de um povo de costumes muito pouco brandos, e a coragem de quem nos desgoverna também não é muita, passe a arrogância e a bazófia.
Governo e, em particular alguns dos seus elementos, ao querer contrariar os números e desmentir as acusações, tenta mostrar que os portugueses confiam nas vacinas, aderiram ao plano de vacinação sem hesitação; contudo, o simples facto de somente 55%, pouco mais de metade, dos cidadãos convocados responderam ao SMS para serem vacinados contra a covid revela que a confiança não é assim tanta, e se houve apenas 2,47% que ousaram dizer abertamente que não queriam ser vacinadas não significa que os restante o desejem, foram somente os mais corajosos a dar a cara. A mentira, repetimos, tem a pena curta: “Covid-19: Portugal tem o índice de contágio mais baixo da Europa”, é somente o 8º no rol dos 221 países ou regiões com autonomia administrativa, e os sete que se encontram acima são países, todos eles, da Europa e que, à semelhança de Portugal, usaram e abusaram das regras do confinamento, o que comprova que estas medidas tiveram outras intenções que não combater a dita pandemia. Fazer inquéritos a pessoas sem filhos, perguntando se as escolas devem ou não desconfinar já, mais não é que outra manobra de manipulação e esconder o óbvio: as escolas não são espaços de especial relevância na transmissão do vírus, para mais um vírus que praticamente não mata jovens abaixo dos 20 anos (4 óbitos) e apenas 12 entre os 21 e os 30 anos (dados de 27 de Fevereiro, DGS), na sua maioria portadores de outras doenças graves e que foram a causa real do falecimento.
Costa, desconfiando profundamente dos portugueses, sabe que pode mentir mas que não pode mentir sempre, inseguro da sua posição, encosta-se ao PR Marcelo, pensando que é o seu seguro de vida, mas no íntimo sente que esta segurança é igual à das cobras venenosas, e vira-se para o exterior, recorrendo à mãezinha Merkel, fazendo coro com ela na questão de não se comprar vacinas fora do esquema engendrado pela Comissão Europeia, que envolve muitos milhões enrolados em clausulas contratuais secretas, e na necessidade do miraculoso “passaporte de vacinação europeu” para o relançamento da economia e do turismo, em particular, e que deverá estar pronto lá para o Verão. Costa não tem pruridos nem escrúpulos em colaborar activamente no estabelecimento da “nova normalidade”, que é o fascismo brando pós-democracia parlamentar burguesa, atacando abertamente os direitos e as liberdades dos cidadãos. Que a iniciativa venha de uma Alemanha, cuja burguesia já comprovou que é geneticamente nazi, ou seja, imperialista, não é admiração nenhuma, agora que um triste lacaio, arvorado em “socialista”, se entusiasme com a ideia é, no mínimo, causa do mais vivo repúdio e repugnância – mas é o que temos. A ideia está a ser lançada e os media do regime falam e fazem inquéritos sobre a bondade e aceitação da medida por parte do cidadão, isto é, prepara-se a opinião pública enquanto se espera pela adesão à vacinação, que em alguns países, França por exemplo, não parece suscitar grande entusiasmo.
Fica claro que a intenção do passaporte sanitário não tem como objectivo a garantia da saúde do cidadão mas sim o controlo do cidadão, a garantia da sua subjugação, um pouco como aconteceu com os judeus no III Reich, distinguindo-os dos cidadãos formalmente livres, no caso, serão em relação aos que contestam, aos potencialmente perigosos e que terão de ser marginalizados, numa primeira fase, e posteriormente reprimidos, e violentamente se necessário. A falsa democracia da União Europeia, uma construção dos EUA/Nato para conter a antiga União Soviética, vai mostrando a sua verdadeira face e está a criar as ferramentas para a transição para o digital, o verde... e o fascismo. E a razão também é simples: estão para chegar e em breve os tempos do descontentamento e da revolta social, é o Índice Global da Paz e próprio FMI que o reconhecem.
Em Portugal, a pobreza tem aumentado: estima-se que os sem abrigo atinjam ou tenham já atingido o número de 7 100, na sua maioria concentrados em Lisboa e no Porto; 30 100 famílias estão de tal maneira sobre-endividadas que já tiveram de pedir ajuda; cerca de 60 mil famílias irão ver terminadas as moratórias dos seus créditos aos bancos já no próximo mês de Março; o desemprego irá disparar e conta-se que possa atingir um milhão de trabalhadores no final do ano; estima-se que cerca de 40% do pequeno comércio não irá reabrir depois do desconfinamento; o número de casos de doenças irá aumentar, e já terá aumentado, quer doenças do foro mental, por força do confinamento e do isolamento social, e com predomínio dos jovens, precisamente um dos sectores mais atingidos pelo desemprego, quer por todas as doenças que ficaram por diagnosticar e tratar pelo encerramento do SNS para, alegadamente, atender os doentes da covid (quase menos 200 mil consultas e menos 21 mil cirurgias só em Janeiro). A intenção do confinamento, e respectivas medidas, torna-se mais claro: permitir uma maior concentração do capital em número cada vez menor de capitalistas e destruir o SNS para dar mercado e permitir a entrada dos privados no já considerado “Sistema” Nacional de Saúde.
A situação económica do país não é famosa e, contrariando as expectativas do governo quanto à eficácia da vacinação e da badalada “bazuca” dos milhões, não parece vir a recompor-se tão depressa, e se alguma vez o irá fazer, se olharmos para os actuais indicadores: queda das exportações em 18,6% e contracção do PIB em 7,6% em 2020, o resultado mais negativo na série histórica desde 1928, segundo o Banco de Portugal (BdP); o indicador diário de atividade económica (DEI) registou na terceira semana de Fevereiro uma queda homóloga idêntica à observada na semana anterior, divulga o BdP que, por sua vez, representa “uma deterioração marcada” da atividade económica após o início do confinamento decretado em 15 de Janeiro, tendo depois registado, para os sete dias seguintes, “uma queda homóloga semelhante à observada na semana anterior”. Mais palavras para quê? A reestruturação da TAP, também ao contrário do que o governo apregoa, irá ser feita não só com cortes salariais mas essencialmente com despedimentos, disso ninguém tenha dúvida; e a Groundforce diz que não tem dinheiro para pagar os salários dos trabalhadores, ou melhor dizendo, o acionista maioritário que é privado espera que o estado, o acionista minoritário, a avance com o guito, mas também para preparar já o despedimento a fim, como todos os capitalistas fazem, de aumentar os lucros: os ricos ficam cada vez mais ricos. Entretanto, a EDP, do estado chinês, distribui os 801 milhões de euros de lucros de 2020 (um aumento 56% em relação ao ano anterior) pelos acionistas e fugiu ao fisco com 110 milhões de euros, espera ainda ganhar mais 400 milhões nos próximos anos com “o rumo à neutralidade carbónica”, o que tem feito saltar de contentamento Ana Botín (Grupo Santander) com a história de “A mudança climática é uma emergência global”. Pudera!
Se o PS vai contando com o apoio canino dos outros partidos, quer dos que têm aprovado os diversos estados de emergência – e já vão doze, à dúzia parece ser mais barato! - quer dos que oportunisticamente vão oscilando entre a abstenção e a reprovação, esvaziando a putativa “casa da democracia” de qualquer poder de decisão; todos eles apoiando na essência as políticas do governo PS, não se notando sequer a oposição “responsável” do PSD, todos preocupados com o respeito pelo confinamento e pelo integral cumprimento do plano de vacinação. O BE limita-se a pedir mais apoios a quem foi obrigado a ficar em casa e o PCP reivindica mais testes e mais vacinas para além das incluídas nos contratos impostos pelos grandes laboratórios americanos. Todos os partidos estão a ser coniventes com o fim da democracia parlamentar burguesa e com a fascização do país, e da União Europeia que já não consegue esconder o estado irreversível de decadência – a velha toupeira não cessa o seu trabalho.
PS: É notícia “GNR interrompe Assembleia Municipal de Odemira para perguntar se reunião era legal”, tendo identificado alguns dos deputados municipais em atitude prepotente e com contornos de ilegalidade, que o comando de Beja, depois de questionado pela imprensa, desculpou. Qualquer dia acontece o mesmo na Assembleia da República, depois fiquem admirados!
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