Diane Arbus (1923-1971)
Marcelo teve a sua 13ª convulsão fisiológica ao prolongar o estado de emergência após este ter sido aprovado mais uma vez pelos mesmos (PS, PSD, CDS, PAN e deputada dissidente), e tolerado pelos restantes partidos na Assembleia da República. Os partidos da ordem e do regime são unânimes quanto ao confinamento policial do povo e dos trabalhadores que não estão doentes com a covid-19 e com o cerceamento das liberdades dos cidadãos em geral – continua-se a governar por decreto. Marcelo já deu o lamiré de que irá prolongar o estado de excepção a partir 1 de Abril, depois de ir prestar vassalagem ao Papa e ao rei espanhol. Marcelo II, à semelhança do que fez há cinco anos, deixa bem claro que é histórica a subserviência das nossas elites perante o poder do Vaticano, bem como o desejo de protecção da monarquia espanhola, agora nas mãos dos Bourbons, considerados como os maiores ladrões da Europa. Marcelo faz questão em vincar que é monárquico e católico.
O hermafrodita rei/presidente, também pela plasticidade de carácter, no dia em que tomava posse e estando o país em confinamento, foi ao Norte para participar em cerimónias religiosas. E logo após a cerimónia, estando o povo limitado nas deslocações para fora do país, foi fazer o périplo da vassalagem. Desta vez, e contrariando o que tem feito, Marcelo II comunicou ao populacho o 13º estado de excepção de forma seca e peca, e foi tratar da vida. Deixou jornalistas e comentaristas a especular. E quanto às condições do desconfinamento, anunciado pelo lacaio-mor Costa, foi cauteloso e prudente, o que aumentou ainda mais a especulação, numa intencional manobra de aviso ao Governo. Logo que haja oportunidade, Costa e “sus muchachos” serão descartados. Costa ficará no roda-pé da história como o pequeno tiranete, à semelhança de João Franco, cuja governação ficou conhecida por ditadura franquista; também será o prenúncio do fim desta república das bananas, com a agravante de o ter sido a mando de Bruxelas e do imperialismo germânico.
O Governo, ao pedir autorização a Bruxelas para dar “auxílio intercalar” à TAP no máximo de 463 milhões, enfatiza a posição de subserviência e de agente de negócios do capital europeu. O custo das medidas tidas como “anti-covid” vai nos 4,8 mil milhões de euros. O Governo anuncia, pela voz do advogado de negócios, apoio de 7 mil milhões de euros às empresas, que sairão dos bolsos do povo português, seja por via directa seja pela “bazuca”. Claro que não deixarão sempre de frisar que é para “apoio ao emprego e às famílias”; talvez mais às famílias Amorim, Soares dos Santos e Azevedo. As despesas directas no combate à pandemia, ou a pretexto da dita, ultrapassaram já os mil milhões de euros, só no campo da Saúde. Nesta rúbrica, de certeza que não estão incluídos os milhões que se malbarataram com as obras de recuperação do Hospital Militar de Belém, quase 3,2 milhões de euros em vez dos inicialmente previstos 750 mil euros; o Tribunal de Contas ainda está à espera da auditoria que terá sido feita ao desmando, e o ministro, incompetente Cravinho (filho do outro que combatia a corrupção mas que foi brindado com cobiçado cargo no BEI pelas scuts que mandou construir e que se pagavam a elas próprias) também nada esclarece.
À medida que o Governo trata dos negócios dos grandes patrões e empresas, que não podem ver a riqueza e os lucros a diminuir, o país dos que trabalham e produzem encontra-se, no mínimo, em maus lençóis: O Índice de Produção Industrial caiu 6,5% em Janeiro em termos homólogos, e em Dezembro, a produção industrial já tinha caído 4,6%; as exportações de bens caíram 9,8% em Janeiro, igualmente em termos homólogos, e as importações tiveram uma quebra de menos 17,2%, em Dezembro, as exportações tinham caído 7,4% e as importações 6,5%. Estes dados, apresentados pelo INE, provam à saciedade que a economia nacional capitalista (que o PCP e BE se esforçam para que recupere, a bem dos trabalhadores – dizem eles!) está e continua em declínio, comprovando que a crise é de excesso de produção enquanto o mercado, ou seja, o poder de compra do povo não cessa de baixar. Esta é uma contradição que não tem solução no quadro da economia capitalista, pela simples razão da sua natureza visar o lucro e assentar na exploração dos trabalhadores. Se alguma vez a recuperação acontecer é porque foi graças a uma maior exploração de quem trabalha, que é exactamente isso que BE e PCP desejam, tal como a burguesia e a União Europeia do capital com o seu projecto de Grande Reinicialização (Great Reset) e da “descarbonização” da economia.
O poder de compra dos trabalhadores é cada vez menor e bem se compreende porque acontece, é que o Governo está a lançar o povo na maior das misérias e pobreza absoluta, desculpando-se ignobilmente com a pandemia da covid-19: Perderam-se mais de 125 mil empregos entre os meses de Novembro e Janeiro; Altice abre porta de saída a 2 mil trabalhadores; Sindicato diz que 1800 enfermeiros podem ser despedidos; Setor têxtil e vestuário perdeu 5.000 empregos em 2020; Eurest, pertencente ao grupo inglês Compass, e que "dá milhões de lucros" e está a receber apoios do Estado, despede mais 146 trabalhadores, dos quais 141 são mulheres, no Dia Internacional da Mulher Trabalhadora; 2400 trabalhadores da GroundForce encontram-se com salários em atraso e arriscam ficar no desemprego com a possível insolvência da empresa por acção concertada entre o acionista privado e o Estado; Plano de reestruturação da TAP com redução de aviões, cortes salariais de 50% e despedimento, onde se incluem as ditas “rescisões amigáveis”, de mais de 2000 trabalhadores; Insolvências aumentam 32% em Fevereiro: Mais 514 empresas fecham portas em Portugal; Quase 4 em cada 10 trabalhadores independentes da Cultura são 'recibo verde'. Enquanto isso, fomenta-se o desemprego e a miséria, os partidos da oposição reclamam mais “medidas de apoio”, um confinamento mais brando e “mais vacinas”; e os quatro principais bancos, CGD, BCP, BPI e Santander, dos quais só um é inteiramente nacional, lucraram, em 2020, “apenas” 1.117,8 milhões de euros e mandaram embora cerca de 1.000 trabalhadores.
O Governo do germânico PS e do pequeno tiranete Costa vai isentar os capitalistas de pagar TSU, o sector do turismo já está garantido, e o crime das mortes dos idosos que foram deixados ao abandono e à fome pelo cacique local do PS ficará impune: «Reguengos de Monsaraz. "Acham perfeitamente normal e justificável as 18 mortes"». «Já abriu o primeiro hospital privado dos Açores: “Temos especificidades que não havia na região”, um investimento de cerca de 40 milhões de euros, a sociedade maioritária é a Diagonal Stream com 51%, liderada por Luís Farinha, e o grupo Germano de Sousa, com uma participação de 5%; este talvez o que mais tem faturado com o negócio dos testes. O SNS ainda espera pela reposição, pelo menos, dos cerca de 1000 médicos que saíram em 2020 e pela contratação por tempo indeterminado dos 1800 enfermeiros que correm o risco de serem despedidos em termos imediatos. E a “Idade da reforma sobe um mês para 66 anos e 7 meses em 2022”, quando a esperança de vida baixou, e ainda irá baixar mais, devido ao elevado números de idosos com mais de 70 anos que morreram pela covid e pela incúria do Governo. Parece que é assim que se combate a pandemia: deixar ao abandono o SNS, enquanto o privado vai crescendo e proliferando, e desprezar os grupos de pessoas mais vulneráveis, obrigando, por outro lado, os trabalhadores a trabalhar até morrerem.
As medidas “correctas”, na retorcida mente do Costa, Governo e Amos de Bruxelas, para combater a crise económica e pandémica resumem-se a mais exploração, com salários mais baixos, mais desemprego, maior carga horária por dia e por semana (os enfermeiros estão a ser cobaias com os turnos diários de 12horas), piores condições de trabalho e mais confinamento (medida militar/policial para controlo da população) que já se mostrou ineficaz quanto à propagação do vírus, mais repressão e utilizando policias prepotentes, foras-da-lei e corruptas: “GNR multa 22 pessoas em posto de combustível de Fafe”; “A GNR surpreendeu um aglomerado de pessoas que estava a conviver numa estação de serviço na Via Circular de Fafe”; “Polícias pedem para pagar indemnização ao Estado e assim evitarem julgamento - Ministério Público acusou 271 pessoas (265 agentes da PSP e seis trabalhadores de bilheteiras dos Transportes Sul do Tejo) de peculato e falsificação de documento, num alegado esquema de troca de passes dos transportes gratuitos para a polícia por dinheiro. Instrução tem início previsto para o dia 19 de Abril.” Quase para perguntar: quem é que na PSP não é corrupto? Onde está a admiração se o Governo PS gastou 260.591 euros para equipar um centro de imprensa, que está às moscas porque o acompanhamento das conferências é feito online e não-presencial; 35.785 euros para a compra de bebidas; 39.780 euros para a compra de 360 camisas e 180 fatos, alegadamente, para os motoristas, se não vem cá ninguém?! O montante de dinheiro gasto na presidência de Portugal da União Europeia ultrapassa já os 8 milhões de euros, tudo por ajuste directo!
Portugal já foi considerado uma “democracia com falhas” e, conforme alertou o instituto sueco V-Dem da Universidade de Gotemburgo, os níveis de democracia global retrocederam para os de há três décadas. Por cá, não faltará muito para estarmos em época de 24 de Abril. Até um dia em que a classe operária e o povo tomem o poder político para criar uma economia que resolva as suas necessidades, não baseada no lucro, e uma sociedade sem exploração.
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