Puta Que os Pariu! A Biografia de Luiz Pacheco (7 Maio 1925 - 5 Janeiro 2008)
Os 35 anos de Europa, o assassínio de Ihor Homemiuk, Odemira e a Cimeira Social do Porto
Nos últimos dias vários acontecimentos
marcaram a agenda política do país: A Cimeira Social do Porto, que seria
realizada para uma eventual mudança social com o objectivo de recuperação da
economia capitalista na Europa, mais emprego, melhores salários, um possível
salário mínimo europeu,mais direitos e regalias sociais para o mundo trabalho,
em suma: a tal Europa dos cidadãos de que alguém gosta muito de falar; a
sentença do caso da morte do imigrante ucraniano Ihor Homemiuk às mãos de três
inspectores da política das fronteiras SEF, entretanto reconfigurada, cujos
homicidas foram condenados a penas de prisão entre os 7 e os 9 anos, penas
brandas pela razão invocada pelos juízes de que não teria havido intenção de
assassinar mas somente de torturar; a cerca sanitária a duas freguesias do
concelho de Odemira, por haver mais casos dos que a conta oficial de PCR+,
trouxe à tona, o que já era há muito público, a existência de trabalho escravo
nas culturas intensivas existentes em zona protegida na orla litoral alentejana.
35 anos após a adesão à CEE (UE), Portugal é o país de trabalho escravo que
promove uma cimeira social. É razão para desabafar, caso não fossemos pessoas
bem educadas: e se fossem gozar com a puta que os pariu!
O Novo Banco é, sem dúvida alguma, um poço sem fundo dos dinheiros públicos, uma
resolução que foi imposta por Bruxelas, uma experiência para salvar a banca
privada que ainda não tinha sido ensaiada, com o governo PSD/CDS como autor e o
governo seguinte do PS/Costa/BE/PCP como executor responsável, ganhou o capital
financeiro, em particular, a Lone Star, fundo de investimento norte-americano.
Após 4 mil milhões de euros já estorricados, serão mais 1600 milhões que já se
encontram destinados para... “compensar perdas com activos”. Entretanto, os
grandes devedores ao Novo Banco continuam sem pagar os 1,26 mil milhões de
euros, ao que dizem, porque nunca se saberá a quantia exacta. E os nove
gestores do banco que continua falido irão receber cerca de 2 milhões de euros
de prémio, possivelmente, pelo “excelente” trabalho do banco ter somado mais
1,3 mil milhões de prejuízos em 2020! Não são todos uma corja de parasitas e de
gatunos?! O contribuinte continuará a pagar e o governo (que até é um governo
“de esquerda”, ora se não fosse!) continuará a seguir a receita do
empobrecimento do povo português, agora com os protestos hipócritas e cobardes
de todos os partidos da putativa oposição. Empobrecimento revelado entre outras
realidades pelo aumento da receita arrecadada em sede do IRS, mais 3,1%, enquanto
os capitalistas pagaram menos 17,9% de IRC no ano passado.
No dia 1 de Janeiro de 1986, Portugal “aderiu”, segundo dizem, juntamente com a
Espanha (terá sido condição sine qua non) à então CEE (Comunidade Económica
Europeia), mas que na altura já era mais do que “económica”, era abertamente um
projecto político de dominação ao serviço da Alemanha, esta por sua vez um
prolongamento do imperialismo norte-americano - já lá vão 35 anos! Depois da
invasão de Portugal pela CEE e do Tratado de Maastricht, veio o culminar da
integração monetária com o euro, reforçado pelo Tratado de Lisboa, e o
resultado está bem à vista, só não vê quem não quer: Portugal continua a ser um país
com uma economia baseada essencialmente em baixos salários, fraca produtividade
e trabalhadores com poucas habilitações. Quem o diz é a
insuspeita Pordata, que no entanto omite o trabalho escravo, como se constata
não só em Odemira como em outras regiões do país, sendo a gravidade mais
chocante no Alentejo, Algarve e no Tejo com a apanha dos bivalves. A
escravatura dos trabalhadores imigrantes não anula, apenas disfarça a outra
escravatura dos trabalhadores nacionais.
Os nossos “empresários de sucesso” que dizem preferir os trabalhadores imigrantes
porque os portugueses reivindicam demasiado e “não querem trabalhar” são mais
do que cúmplices da escravatura, são autores, autênticos negreiros, protegidos
pelo governo PS, que nada fez nem fará para acabar de vez com este estado de
coisas, que para além de extorquírem a mais-valia pelo trabalhado realizado nas
culturas intensivas ainda os exploram através dos alojamentos e da contratação,
esta feita a meias com as empresas ditas de “trabalho temporário”, e querem
sempre mais, como todos os capitalistas nacionais. A CIP, fazendo eco desta
ganância desenfreada, reclama uma “almofada” pública de 8.000 milhões de euros
para resolver moratórias das empresas que se encontram endividadas aos bancos,
e estes também endividados num encadeamento circular à espera de quem irá cair
primeiro se o governo PS/Costa não acudir a tempo. Mais uma factura para os
trabalhadores e os portugueses em geral, os tais de baixos salários e fracas
habilitações, pagarem e de preferência sem protestar... porque agora a culpa é
da pandemia da covid-19 e o governo não fez melhor porque não pôde!
Portugal é o 3.º país com mais trabalhadores
acima dos 64 anos na União Europeia, 11,7%; ou seja, o dobro da média dos 27 países! E, esta hein! Em 35 anos
da dita Europa dos Direitos Sociais, segundo se rezou na Reunião dita
“informal” do Conselho Europeu, realizada há pouco na cidade do Porto, e cujos
objectivos eram: redução da pobreza, combate à discriminação e exclusão social
e diminuição das desigualdades redigidas. Mas como parece que a pobreza é
pouca, embora digam pretender o contrário, o facto é que tudo aponta para que
ela, e a curto prazo, aumente ainda mais. Não será somente as mais de 700 mil
famílias que não conseguirão pagar os seus créditos quando as moratórias
acabarem em Setembro, ou a tendência dos impostos pagos pelos trabalhadores,
nomeadamente em sede de IRS e de impostos indirectos, os que são iguais quer
para ricos quer para pobres, em aumentar constantemente (carga fiscal em 2020
representou 34,8% do PIB e foi a maior de sempre – INE), como já se prepara a
opinião pública para a inevitabilidade do aumento de impostos num futuro
próximo, porque, segundo estudo promovido pela Gulbenkian (instituição
respeitável e que aparentemente não mente), o “envelhecimento pode trazer mais
impostos e menos benefícios para as futuras gerações” para que possa haver
finanças públicas sustentáveis e... que já poderão ter sido tomadas.
E qual o melhor governo para as tomar, muitas vezes disfarçadamente sem que
a maioria dos portugueses se aperceba a tampo, se não o governo PS/Costa! Claro
que haverá alguém que dirá que Portugal tem uma carga fiscal (34,8% ) abaixo da
média da UE (cerca de 41%), só que não diz que os patrões em Portugal, os
grandes, pagam poucos impostos e o sonho molhado seria não pagar nada e ter os
trabalhadores a trabalhar à borla, por exemplo, como em Odemira. Na prática,
parece ser essa a política do PS quando no governo e, principalmente, porque é
exactamente nestas alturas que o PS é catapultado para o poder da governação,
quando a economia portuguesa se encontra em forte depressão - o Instituto
Nacional de Estatística (INE) confirmou que o PIB português registou, durante o ano
passado, uma contracção de 7,6%, o resultado mais negativo que é possível
encontrar na série histórica do Banco de
Portugal desde 1928 (da imprensa). É mais que evidente que é toda a
economia capitalista nacional, para mais em situação de subjugação perante os
países centrais mais ricos, se encontra falida. Agora, em 2021, não são só os
bancos que se encontram no charco da ruína, como em 2008, mas todas as empresas
em geral, e o apoio ao aumento do salário mínimo de 84,5 euros por posto de
trabalho, no total serão 60 milhões de euros, é um bom índice da situação das
empresas e do papel e natureza deste governo PS que, além do mais, nunca deixou
de contar com os apoios do PCP e do BE, ambos muito preocupados com a “economia
nacional”.
E a pandemia veio em boa hora, até parece que surgiu de propósito, excelente pretexto
para salvar as grandes empresas e deixar afundar as restantes, facilitando o processo
natural de concentração do capital, mas que neste momento se pretende
acelerado, e justificar as medidas de austeridade que virão em breve e a
quadruplicar. E os indícios do que aí vem são bem claros. O já referido estudo
da Gulbenkian também não deixa de apontar que “os impostos terão de subir 22% para
ter contas públicas sãs (exigência de Bruxelas) e em alternativa será
necessário cortar o valor das pensões futuras em 19% ou então aumentar a idade
da reforma (que o governo acaba de fazer em mais 1 mês). E no campo da Saúde, o
mais sensível de todos para o povo português, o denominado PRR (Plano de
Recuperação e Resiliência) irá “recuperar medidas da troika para hospitais”,
com a junção dos serviços de urgências dos hospitais públicos nas grandes cidades
e que será mais do que isso, iremos assistir à repetição do que aconteceu nos
governos do PS/Sócrates e PSD/CDS/Coelho/Portas de encerramento de unidades do
SNS consideradas a mais para não competir com o privado. Será mais do mesmo,
mas em dose reforçada:
salários mais baixos, corte nas pensões e benefícios sociais, menos dinheiro
para o SNS (para os privados não faltará) e Educação e aumento de impostos! Serão
medidas decretadas pelo Costa/PS, como aconteceu com o Sócrates/PS, depois virá
um governo formalmente de direita PSD/Chega, à semelhança do PSD/CDS, para as
impor à força do cacete. A história repete-se.
No tal de PRR, cuja versão completa não foi dada a conhecer aos portugueses pelo Costa,
mas somente uma versão resumida, haverá 92 milhões de euros para “regularizar”
e “inovar” os lares clandestinos de idosos, como se estes parasitas,
exploradores dos nossos idosos e famílias, se preocupassem com alguma coisa se
não com o dinheiro. Se o governo estivesse na realidade interessado em acabar
com este negócio negreiro já teria iniciado a criação de uma rede pública de
lares e de residências para cuidados continuados em vez de entregar o assunto
aos privados que apenas vêem cifrões e pouco mais, e esta seria uma excelente
altura. A pandemia serviu para contratar camas aos privados da saúde enquanto,
como agora se confirma mais uma vez, os hospitais públicos, quer enfermarias
quer unidades de cuidados intensivos, estavam longe da saturação, e ao
contrário do que a imprensa mercenária nos queria fazer acreditar. E o Plano de
Recuperação e Resiliência será, com o financiamento de toda a rede de serviços
(ditos) sociais e privados, o culminar do processo de destruição do SNS.
O que se passa em Odemira, onde os trabalhadores são miseravelmente explorados,
não se pode desligar do tratamento que as polícias lhes dão quando tentam
entrar no país de forma isolada, porque quando em rede de tráfico, os polícias,
que não são menos corruptos que os políticos do regime, vão fechando os olhos.
Exploração de seres humanos em herdades de culturas intensivas, cuja produção
se destina em grande medida para exportação (havendo já alguém preocupado com a
imagem que esta situação de desumanidade poderá dar do país no exterior,
inclusivamente haver o risco de boicote aos produtos hortícolas made in
Odemira), em plena reserva natural (Rede Natura 2000 e Parque Natural), em
regime de exploração intensiva dos solos com a sua esterilização a prazo devido
ao uso desmesurado de fertilizantes e pesticidas, perigo que espreita todo o
Alentejo e Algarve com as culturas intensivas da oliveira, da amendoeira e
agora da pera abacate. Calcula-se que em 20 anos, Alentejo e também Algarve,
porque o turismo nunca virá a ser o que era, estarão desertificados igualmente
em termos humanos depois dos seus terrenos terem ficado envenenados pela
actividade destas empresas que na sua maioria nem sequer são portuguesas.
Mas foi para isto que Portugal entrou na
CEE/UE: produzir a preço baixos o que os outros
países precisam; a preços baixos e com escravatura. A reconversão capitalista
que aí vem através do PRR será para estender esta situação a todo o país e a
todas as áreas económicas, será com as minas do lítio, será com o já famigerado
“hidrogénio verde”, e já o incontornável secretário de estado da energia e
ambiente sentenciara: “Quem está contra as minas está contra a vida”... do
capitalismo, acrescentamos nós. E nesta destruição do país e da pauperização
acelerada do povo português, todos são responsáveis, como em Odemira: governo,
autarcas, deputados, partidos do regime, magistrados e polícias (o SEF não
encontrou trabalhadores ilegais em Odemira, pudera!). E para os recalcitrantes
haverá, na melhor das hipóteses, o passaporte covid, discriminando vacinados (e
vamos lá ver aos efeitos a prazo das vacinas!) e não vacinados à semelhança da
Alemanha Hitleriana com os judeus e não judeus, ou a tortura e a morte, como
aconteceu com o malogrado trabalhador Ihor Homemiuk e cuja justiça ficará por
se fazer; as penas decididas serão meramente simbólicas para salvar a face do
regime. Aos poucos o regime democrático burguês revela a sua verdadeira face de
ditadura da burguesia sobre os trabalhadores e o povo em geral e não bastará
mudar de governo ou de figurões ou sair da UE, a revolução socialista será
inevitável... porque necessária.
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