terça-feira, 15 de março de 2022

A guerra inter-imperialista e a queda do Império do Ocidente

Gaza - Palestina

A guerra que se desenrola na Ucrânia é o fruto do confronto entre as diversas potências capitalistas mundiais, independentemente das causas próximas ou pretextos no deflagrar do conflito que opõe a Rússia à Ucrânia. Enquanto houver classes e capitalismo a guerra é inevitável e na fase de globalização e imperialista, fase final do capitalismo, a guerra estará sempre presente e será usada para resolver não só as contradições entre os diversos blocos como a crise interna de cada estado capitalista. A própria guerra faz parte da economia capitalista, quando acaba alguma guerra, o resultado é sempre o mesmo: os capitalistas ficam mais ricos e os trabalhadores mais pobres. Exactamente como sucedeu com a pandemia, que foi uma guerra não contra o vírus mas contra os povos.

A história da humanidade é a história da luta de classes

Dentro de cada país, a guerra também existe, é uma guerra entre classes, travada pela burguesia contra a classe operária e restantes camadas de trabalhadores do povo, que são exploradas pela extorsão da mais valia, na forma de lucro, juro, renda, etc. A própria burguesia usou a violência para usurpar o poder à nobreza para, substituindo a economia assente na propriedade e exploração da terra, poder desenvolver livremente, primeiro, o comércio e a manufactura, depois, a grande indústria  e comércio mundial até aos dias de hoje. Ao longo da História a guerra e a violência nunca deixaram de estar presentes – a violência foi sempre a parteira da História.

Sabendo-se das inúmeras agressões do imperialismo americano contra os estados e as nações independentes para aí colocar governos vassalos, cujas vítimas atingirão os 20 milhões de pessoas e somente após a Segunda Guerra Mundial, e conhecendo-se o genocídio levado a cabo pelas antigas potências europeias coloniais, onde se inclui Portugal, depois do descobrimento do caminho marítimo para Índia e da viagem à volta de mundo de Magalhães, dando início à globalização, à custa de várias de dezenas de milhões de mortes e de horrores, não deixa de ser patético a campanha conduzida pelos grande órgãos de informação (propaganda) corporativos, propriedade de capitalistas, curiosamente a classe que é responsável pelas guerras e delas beneficia. Estamos perante uma enorme e rematada operação de manipulação e de hipocrisia quanto à guerra.

Na guerra que assola a Ucrânia é evidente a posição de vende pátrias da burguesia e da clique política que se encontra no poder, alinhando abertamente pelos EUA e pelo Ocidente, deixando-se usar numa guerra que não é do povo ucraniano, mas das potências capitalistas na disputa por recursos, mercados e zonas de influência. Parece que ainda não se aperceberam que estão a ser instrumentalizados para daqui a algum tempo, após acordo entre as duas potência em confronto, serem descartados por inúteis. O que seria coisa sem grande importância se não fosse o facto de terem arrastado o povo para a morte, a destruição e a miséria. Este é sempre o resultado das guerras entre burguesias, entre elites, entre classes dominantes, o que lhes quiserem chamar, mas não guerras entre os povos. A guerra na Ucrânia não é uma guerra entre povos, mas pode transformar-se numa guerra contra as suas burguesias.

O capitalismo em crise provoca a guerra

Para se entender a guerra teremos de conhecer o que está por detrás, e por detrás desta encontra-se uma crise económica bastante grave que se vem arrastando sem fim à vista – estamos fartos de repetir isto e só não vê quem não quer. A guerra é o resultado e não a causa da crise económica, e é económica porque se trata da economia de mercado ou capitalista. E as sanções que o Império lança sobre a Rússia e sobre quem a apoia, a China irá a seguir para além das sanções que já lhe foram impostas, irão ser mais perniciosas para os povos do Ocidente do que propriamente para o povo russo que, também ele, irá sofrer mas, e ao contrário da propaganda daqui, irá sofrer menos. E os estados vassalos da União Europeia (uma construção americana para fazer frente à antiga URSS) não ficarão imunes ao tsunami da inflação, do desemprego e, mais cedo ou mais tarde, da guerra que poderá transbordar as fronteiras. Será mais fácil haver revoltas nos países europeus pela miséria que essas sanções irão provocar do que o povo russo. Aparentemente um paradoxo, mas não mais do que isso.

A Rússia, perante o cerco que lhe foi imposto pelos EUA, foi-se precavendo, apetrechou-se com divisas (principal produtor de ouro do mundo), substituiu muitos produtos importados por produção local, manteve um grande excedente comercial, é auto-suficiente em termos energéticos, criou sistema electrónico de pagamentos próprio e interligou-o ao sistema chinês e ambos os países, Rússia e China, basearam esse sistema numa bolsa de meia dúzia de moedas a fim de contornar o dólar e assim dar início à desdolarização do comércio mundial. O governo russo já anunciou que quem quiser receber pagamentos terá de ser em rublos. Quando o dólar deixar de ser a principal moeda de pagamento nas trocas comerciais será o fim do Império. E independentemente de como e quando a guerra na Ucrânia irá acabar, ela marcará o fim do dólar e a queda do Império e por arrasto da Europa com os seus falsos princípios humanistas.  O declínio do dólar, a estagflação de todas as economias do ocidente não deixam outra solução se não a guerra. Daqui para a frente o mundo não será igual.

Estará na lógica que, perante tal perspectiva, a potência que desde o fim da II Guerra Mundial tem dominado o mundo segundo as (suas) regras não queira cair pacificamente e nem sozinha. E os estados europeus parecem que querem cometer suicídio ao deixarem-se arrastar pela política belicista americana ao aceitarem comprar o gás mais caro vindo do outro lado do Atlântico, o que fará aumentar os custos de produção das mercadorias europeias, tornando-as menos competitivas em relação às provenientes da China e dos próprios EUA. A Alemanha deixará rapidamente de ser a “locomotiva da Europa”. Não é só o maior gestor de fundos do mundo BlackRock que assume perdas de 17 mil milhões de dólares devido à exposição em títulos de crédito à Rússia, mas a banca italiana com  25,3 mil milhões de dólares, a bancos francesa com 25,2 mil milhões e a austríaca com 17,5 mil milhões, no total por parte dos bancos da União Europeia serão 89,5 mil milhões de dólares. Com uma inflação média a disparar para 5,1% para já, a Europa, ao querer seguir e sujeitar-se ainda mais ao suserano EUA, irá praticar com certeza o seu hara kiri.

Portugal devorado pela crise arrisca-se a desaparecer 

Em Portugal, país periférico, dirigido por uma burguesia rentista e subsidiária, tem e verá agravar-se rapidamente uma situação já de si dramática: dívida pública de mais de 120% do PIB, fraco crescimento do PIB, será metade do previsto (agora justificado pela guerra), forte dependência alimentar (70% dos produtos importados), enorme dependência energética(importa-se 80% da energia), sem soberania monetária. E as expectativas, ao contrário da propaganda do governo de maioria absoluta, são mais do que péssimas: Galp sobe preços da eletricidade e do gás natural a 15 de abril (3%); FAO prevê subida de 21,5% do preço do trigo em 2022 no pior cenário; Preço dos combustíveis em Portugal acima da média UE; INE confirma inflação de 4,2% em Fevereiro, transportes e restaurantes lideram subidas. Contudo, Portugal prevê aumentar a despesa com a Defesa, ou seja, rearmar o país, alinhando com o resto da Europa na corrida armamentista depois do tiro de partida dado pela Alemanha. Os especialista da área, a exemplo dos especialistas da pandemia, defendem para além de mais dinheiro a reintrodução do recrutamento obrigatório. 

Para não perder o hábito, a burguesia indígena, seguindo o roteiro da pandemia, reivindica mais apoios do estado. O chefe da CIP exige descida do ISP, IVA e do IRC (o ideal dos patrões, não pagar impostos!) e mais uns milhões a fundo perdido, o mesmo aquando da pandemia. Os patrões do sector dos transportes, alegando prejuízo de 70 milhões de euros devido à subida do preço dos combustíveis, exigem reforço dos apoios que já existem. Os donos dos hipermercados consideram inevitável o aumento do preço dos principais produtos alimentares, começando já a fomentar o açambarcamento do óleo de girassol, uma boa maneira de acelerar a inflacção. Perante o alarido dos rentistas que agora não se queixam de haver "muito estado" nem das eventuais respectivas "gorduras", o governo vai prometendo linhas de crédito, no imediato 400 milhões de euros para as empresas mais dependentes da energia dos combustíveis e já admite regresso ao lay-off simplificado devido à crise energética. Não esquecer que o lay-off a pretexto da pandemia foi pago com os dinheiros da Segurança Social.

Enquanto isso, o desemprego vai começar a disparar: a empresa espanhola A Megasa, que controla a Siderurgia Nacional no Seixal e na Maia, e emprega 700 trabalhadores, suspende a atividade devido ao “agravamento da crise energética provocada pela guerra”. Será o novo mantra. Mas com lenga-lenga ou sem ela, os ingredientes para um agravamento da crise económica capitalista vão-se reunindo: estagnação económica, elevada inflacção e aumento do desemprego. E todas as medidas aplicadas pelo governo, desde alívio dos impostos directos sobre as empresas ou indirectos aos financiamentos a fundo perdido ou a linhas de crédito não passam de panaceias, porque a ruína da maioria das pequenas e médias empresas é irreversível e inevitável. O capital para poder continuar a acumular-se terá de se concentrar num número cada vez menor de mãos, faz parte da sua natureza e da sua dinâmica, caso contrário acaba. E com a baixa drástica, em média, dos lucros e com o excesso de produção que o mercado não consegue escoar por falta de poder de compra, a guerra torna-se como o único meio dos capitalistas resolverem os seus problemas.

Um país a atravessar uma crise económica grave, que irá rapidamente assumir proporções jamais vistas, com uma elite parasitária e inútil que vive esencialmente à custa do estado e do povo, sem soberania económica ou política, com uma população envelhecida, com um índice de natalidade a diminuir de ano para ano, liderado por uma classe política medularmente corrupta, centrada no enriquecimento pessoal fácil e rápido, não pode ter outro fim se não desaparecer um dia destes. Será uma questão de tempo, caso o povo não se revolte.

A guerra já fora declarada com a pandemia covid-19

A guerra já começara ainda antes da guerra da Ucrânia, pela forma como se pretendeu combater a pandemia da covid-19, com os estados de emergência e confinamentos e outras medidas não sanitárias, com o flagrante atentado às liberdades, direitos e garantias dos cidadãos - foi a preparação para a fase actual. E quem discordou desta estratégia e fugiu ao discurso único foi alcunhado de negacionista (e ainda é); agora, com a guerra, quem desalinhar da propaganda oficial ditada por Washington é alcunhado de “amigos do Putin”, “fascista”, “defensor da guerra” e outros epítetos menos simpáticos e até difamatórios, como está a acontecer com os generais que se limitaram a dar uma opinião militar e objectiva das razões e da forma como a guerra vai decorrendo no terreno. Antes do 25 de Abril, quem era contra o regime fascista era logo apontado como “comunista” e tinha a Pide à perna. Nestes tempos de intolerância, é de novo a delação, a caça às bruxas, é o fascismo brando de que falamos em relação a quem colocava em questão a estratégia do governo quanto à pandemia, só falta a Pide – podemos agradecer aos governos do PS e do Costa. 

E nota-se bem o efeito da propaganda das televisões e dos jornais mainstream no seio de alguma pequena-burguesia que se dispõe a uma solidariedade que não lhe traga custos no imediato, contudo não pensando no que possa vir a prazo, e falamos dos refugiados. E que se dispõe, na sua exaltada paixão pacifista, a apoiar a guerra, é ver os resultados de algumas sondagens feitas pelos jornais, já para não falar nas indignações patrióticas e pouco afeitas ao contraditório que vão aparecendo nas redes sociais. Num dos jornais do grupo Global Media, podemos ver que a maior percentagem das respostas à sondagem defende a “exibição de força militar no leste europeu” por parte da Nato, a seguir vem o “reforçar das sanções económicas” e, por último, é que vem a opinião do “continuar a via diplomática”, podendo concluir-se que a propensão por parte de alguma opinião pública é simplesmente o confronto. Pode-se entender este resultado porque a guerra está longe e não nos vai afectar, o que é um puro engano, porque numa guerra generalizada não haverá contemplações com a população civil, ao contrário do que parece na Ucrânia onde o número de vítimas ainda é diminuto atendendo à extensão e intensidade dos bombardeamentos,  e com a mais que certa entrada em cena de armas nucleares nem as tropas inimigas precisam sair do seu país, como a devastação será total. Esta gente hipócrita e leviana não pensa bem no que diz.

A opinião pública, numa larga maioria, está a ser formatada, primeiro com a pandemia, agora com a guerra, percebendo-se assim que não se tenha ouvido nenhuma recriminação quanto à afirmação de um Inspetor do SEF que advoga o uso de bastão para "tortura necessária". Parece que os instintos de torcionário não foram extirpados com a condenação dos torturadores e assassinos do imigrante ucraniano Ihor Homenyuk, nem com a reforma do SEF efectuada pelo governo PS; reformas estas que, diga-se de passagem, têm sido sempre de aparência, porque costuma ficar tudo na mesma, quando não pior. A nível interno, a burguesia vai aprimorando os instrumentos de repressão, não vá o povo querer revoltar-se. E a nível externo, temos assistido ao aumento do discurso e dos sentimentos de ódio contra o “outro”; por exemplo, em França, os crimes racistas, xenófobos e anti-religosos aumentaram 13% em 2021. Em Portugal o Chega foi promovido pelos mesmos órgãos de informação que agora clamam contra o “ditador fascista Putin”, foi entretanto normalizado pelas eleições precipitadas pelo PS&Costa para obter a almejada maioria absoluta. Na vizinha Espanha, o Vox, irmão político do Chega, entra pela primeira vez num governo regional. Estes partidos têm tido um papel histórico que é o de fazer o trabalho sujo da polícia, instilar o ódio, intimidar, agredir e, quando se vêm com a força suficientes, eliminar os indesejáveis pelo establishment, sejam imigrantes, minorias étnicas ou trabalhadores. Depressa iremos atingir esta fase.

A corrida aos armamentos é o prenúncio da guerra 

Mas, ao mesmo tempo que o Papa se dirige à boa vontade dos capitalistas, bradando: “Em nome de Deus, parem!”, a Europa rearma-se: Alemanha vai aumentar em mais 100 mil milhões de euros o orçamento da dita "Defesa", ultrapassando os 2% do PIB; Josep Borrell anuncia “mais 500 milhões de euros de contribuição para o apoio militar à Ucrânia”, através do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (?!), verba que poderá duplicar. E todos os restantes países da União Europeia irão seguir o mesmo caminho, incluindo o país pelintra e lacaio, que parece se ter esquecido da Guerra Colonial que esgotou o país em recursos financeiros e principalmente humanos, que é Portugal. Não é só a Ucrânia que está a ser usada como agente de provocação, mas toda a União Europeia que tem mais a perder do que a ganhar com esta guerra, e, dentro da União Europeia, Portugal é o país que menos tem a lucrar devido à situação de dependência económica crónica. Com as sanções impostas à Rússia, não será somente o povo russo a sofrer, nós portugueses iremos sofrer muito mais, bem como os povos da Europa ocidental. Ainda mais grave: todos estaremos no mesmo barco e dentro da mesma tormenta, porque a guerra irá continuar, mesmo que haja transitoriamente uma solução de compromisso para esta guerra. Os factores principais da guerra inter-imperialista manter-se-ão. 

A guerra é inevitável, e não somos profetas da desgraça, basta olhar um pouco para trás, para a História da Europa nos últimos duzentos e cinquenta anos. E os principais representantes do grande capital financeiro sabem bem que as coisas não são favoráveis para o capitalismo ocidental: “A destruição da nossa civilização” só será evitada se Putin e Xi Jinping forem derrubados do poder, diz o especulador Soros. E di-lo porque sabe que esta guerra é uma guerra de vida ou de morte, não há aqui meias tintas ou terceiras vias. O capitalismo encontra-se num estertor de morte e o Império ao cair vai querer levar alguém atrás, se olharmos para a História foi sempre assim. A China e Rússia serão elo mais forte do capitalismo na fase actual, mas mesmo que saiam vencedores desta guerra, o capitalismo sairá ainda mais explorador e opressor, usando técnicas mais sofisticadas devido ao desenvolvimento da electrónica, da inteligência artificial, da biotecnologia, da psicologia de massas. No entanto, a guerra emancipatória dos trabalhadores e de libertação dos povos será de igual modo inevitável, excepto se na próxima guerra mundial, que será nuclear, a humanidade desapareça de vez. Uma hipótese que estará sempre presente.

Os falsos pacifistas e a guerra do povo à guerra inter-imperialista

Em Portugal, é mais que patético é ver uma pequena-burguesia ciosa do seu modo de vida, sempre com a boca cheia de liberdade e de direitos dos cidadãos, mas que, quando foi da campanha da pandemia, enfileirou pela política do medo imposta pelos governos da burguesia e pelos interesses dos grande grupos económicos ligados à indústria farmacêutica. E, presentemente, na questão da guerra ou queda-se na posição do “nim”, “de todas as guerras são más e todos são responsáveis”, o que na prática significa a desculpabilização dos verdadeiros responsáveis da guerra; ou, então, coloca-se abertamente ao lado do imperialismo americano, o suserano da Europa, e principal opositor a uma Rússia capitalista e também imperialista; ou seja, a nossa pacifista classe média perde a vergonha (se alguma vez a teve!) e alinha pelo partido da guerra. Aliás, tem sido esta a posição que os partidos de cariz social-democrata assumem ao longo dos tempos, são mais patriotas (e papistas) que a sua burguesia. Claro, sempre com a boca cheia de “liberdade” e “democracia”, mas para eles que, agora assustados, vêem o seu mundo a desmoronar-se. É gente que tem mais medo da revolução que dos malefícios do capitalismo e da velha sociedade em desagregação. 

Com o desenrolar da guerra, iremos assistir a manifestações mais ou menos explícitas de nacionalismos burgueses, de chauvinismos por parte não só dos partidos de direita mas de igual modo de partidos ditos de “esquerda”, alguns deles apoiando abertamente a intervenção imperialista (o BE não se cansa de apoiar as agressões imperialistas na Líbia, na Venezuela com a tentativa de golpe de estado, e agora na Ucrânia), para além dos governos onde se assentam partidos social-democratas tipo PS ou PSOE. São partidos que defendem o capitalismo e a colaboração de classes sob a bandeira da luta dos “países democráticos e livres” contra as “ditaduras do leste e do oriente” e contra o “fascista Putin”, muito ao gosto de uma certa opinião pública, em parte imbecilizada pela televisão (90% dos portugueses vêm televisão e 60% não lêem um livro sequer, segundo inquérito recente), e se arvoram nos porta estandartes do pacifismo. Ao lado destes partidos, observam-se umas flores de lapela, ex-maoistas e ex-trotskistas, alguns fora da política activa, e que no seu ardor anti-guerra enfiam no mesmo saco os responsáveis pela guerra e as vítimas numa equidistância desarmante e paralisadora da luta dos trabalhadores. Alguns deles, talvez pela vaidade ou personalidade histriónica, nem se importam de ter abertas as páginas dos media do discurso único, com o intuito de vez em quando mostrarem que até há liberdade de expressão no aparelho de propaganda que são todos os media corporativos. Também não é por acaso que a burguesia tem encarregado alguns desses cristão novos da tarefa de escrever alguns trechos da história contemporânea, tipo cronistas do reino.

Ao contrário das posições desta pequena-burguesia geralmente bem instalada e beneficiando das delícias da democracia burguesa, a posição dos povos e dos trabalhadores é mover a guerra contra a guerra imperialista. É preciso romper com a legalidade burguesa, e não respeitá-la, a luta de classe deve ser intensificada e a questão da pátria deve ser entendida como a pátria de quem trabalha. A guerra imperialista tem o condão de mostrar que os operários não têm pátria e reforçar o espírito do internacionalismo, porque o inimigo é comum: o capitalismo e a burguesia em cada país. Tem-se assistido às tentativas por parte de Bruxelas de fomentar os regionalismos na Europa porque essa é uma via de melhor penetração do grande capital financeiro para entrar em cada um dos países.  Como tem sido clara e evidente a política imposta pela Alemanha de retirar soberania económica, monetária e até política dos diversos estados que ainda compõem a União Europeia, transformando-os em simples länders do IV Reich; mas, por outro lado, será meio caminho andado para a união dos povos contra o grande capital e as elites europeias, incluindo a alemã. O capitalismo na sua fase imperialista irá, como já está a acontecer, destruir a velha nação, entidade criada pela burguesia como forma de dar livres asas ao desenvolvimento do capitalismo. À semelhança da livre concorrência que, tendo sido necessária à evolução do capitalismo, é agora destruída pelo próprio nesta fase monopolistas e global. Perante a guerra imperialista – enfatizamos – todos os trabalhadoras e povos (incluindo o povo ucraniano) devem  erguer a bandeira da guerra civil revolucionária e acabar com o capitalismo e com a burguesia. 

Em Portugal devemos exigir a saída do país da Nato e dizer não à entrada de Portugal na guerra, apesar das forças armadas nacionais serem constituídas, por enquanto, por mercenários. 

Pelo o internacionalismo proletário e Não à guerra inter-imperialista!

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