Relembrar o governo de má memória de Passos Coelho/Portas que recapitalizou os bancos, sob o alto patrocínio do Presidente da República, o Silva de Boliqueime – crónica de Agosto de 2012:
A Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE) veio fazer alguns reparos ao governo quanto às
políticas seguidas ultimamente, reparos que valem quase como directivas, o que
bem revela a natureza do destinatário, lacaio na verdade acepção do termo.
Assim, a OCDE considera que:
o estado (governo) deve aumentar os salários
dos funcionários públicos altamente qualificados, aumentando o leque salarial
(o que pensam os sindicatos do sector sobre o assunto?), assim como os deve
reter não deixando que passem para o sector privado;
a falta de produtividade está ligada aos
“baixos níveis de educação” (sobre isto o que diz o ministro Crato, que se
prepara para despedir mais de 20 mil professores depois das férias?);
critica as interferências nas PPP (contudo, o
estado vai assumir parte das garantias dadas pelos bancos privados portugueses
junto do Banco Europeu de Investimento, ganha a banca e ganha o BEI);
o governo deve aceitar a falência de
autarquias;
o alargamento da “suspensão” (roubo) dos
subsídios de férias e 13º mês ao sector privado é uma “solução razoável”,
(defende, por sua vez, o economista-chefe da OCDE responsável por Portugal,
David Haugh – até há um responsável nesta organização pelo país!).
Estes reparos completam e reforçam as
imposições do memorando da troika, ou seja, austeridade a dobrar e reformas
profundas de todo a estrutura económica e administrativa do país. O Código do
Trabalho que vai entrar em vigor, hoje, dia 1 de Agosto, irá baixar os custos
do trabalho em 5% e aumentar o desemprego. Objectivo: Portugal, a China da
Europa.
Cá dentro, os banqueiros também botam faladura
sobre a inconstitucionalidade dos cortes dos dois salários aos trabalhadores do
estado (os do Banco de Portugal estão isentos!) e aos pensionistas. O
presidente do BPI, Fernando Ulrich, um dos banqueiros que mais opina nos media,
teve o desplante de classificar a decisão do TC de "negativa",
"perigosa" e "inaceitável". Logo a seguir veio Nuno Amado,
o presidente do banco (BCP) que mais prejuízos apresentou, clamar que foi "uma
decisão muitíssimo infeliz". Faltou conhecer a opinião de Ricardo Salgado,
do omnipresente BES em todas as trafulhices ou operações financeiras menos
claras, para o ramalhete ficar completo.
Que se lixem as eleições!
Os bancos não têm apenas enormes
responsabilidades na crise como têm sido os maiores beneficiários da maior
parte dos sacrifícios que, a pretexto dela, vêm sendo impostos ao povo
português. Mas a banca (ou a classe mais parasitária da sociedade) quer mais do
que a "ajuda" ao seu funcionamento, quer também uma Constituição
"sua", já que a Constituição da República se revela, pelos vistos,
"negativa", "perigosa", "inaceitável" e
"muitíssimo infeliz" para os seus interesses. Querem um regime
político à medida e esse regime não é outro senão uma democracia musculada ou
um fascismo suave, ou seja, um regime onde se lixem as eleições – como
desabafou o “nosso” primeiro.
Este senhor Coelho foi quem anunciou, em
Janeiro, no Parlamento que 2012 seria o "ano de viragem económica para o
país". Ora, o ano de 2012 tem-se mostrado que, afinal, é o ano de viragem
mas para pior: o desemprego aumentou, em número dificilmente quantificável, com
maior predominância para o desemprego jovem que já vai nos 45%, a receita do
IVA e de outros impostos sobre o consumo no primeiro semestre do ano foi 5,2
por cento inferior à do mesmo período de 2011 e, ao contrário da lógica que esteve
subjacente ao pedido de “ajuda” à troika, a dívida pública portuguesa cresceu
mais 26 mil milhões em relação a Março de 2011.
Com certeza que este não é o “bom caminho”
para o povo português, tem sido é o bom caminho para os banqueiros que vão
embolsar metade do montante dos 78 mil milhões de euros (a outra metade é para
o serviço da dívida) e ainda se queixam que estão a pagar juros elevados, como
não deixou de se lamentar o chefe mafioso do BES ainda há pouco.
O governo vendido do PSD/CDS/PP
comprometeu-se, depois da visita ao nosso país do presidente do BEI, Werner
Hoyer, a assumir a parte do esforço dos bancos comerciais nas parcerias
público-privadas, aliviando-os assim desse encargo, com a alegação de que seria
também vantajoso para os cofres do estado já que permitirá, não se sabe como,
reduzir os encargos com o financiamento das PPP. A questão estará mais no facto
do BEI ser um dos principais financiadores de Portugal, com uma exposição
superior a 25 mil milhões de euros, havendo assim interesse e especialmente
numa altura de crise e retracção do crédito, que seja o estado a arcar com mais
esta responsabilidade. Se o ano de 2012 está a ser mau para o povo português,
embora excelente para os banqueiros, o ano de 2013 será péssimo para os mesmos
de sempre.
O ano de 2013 será um ano de aumento inaudito
dos sacrifícios para os trabalhadores e para o povo português e a revolta não
será uma surpresa, e é a pensar nesta forte eventualidade que sectores da
classe dominante se vêm demarcando das políticas do governo, assim se
compreende as reacções de algumas figuras importantes da hierarquia da igreja.
O apoio ao governo celerado PSD/CDS/PP está a restringir-se cada vez mais à
pequena elite dos banqueiros e a algumas franjas da burguesia mais reacionária
e mais dependente das ajudas do estado, ou seja, este governo é cada vez mais o
governo do sector rentista da burguesia, a parcela mais parasita e inútil da
classe dominante, e para se poder manter terá de transformar esta democracia
numa democracia ainda mais formal e repressiva.
É neste contexto que se deve compreender as
palavras do senhor Coelho e não no sentido de que está a fazer tudo a bem do”
país”, sacrificando para isso a popularidade eleitoral. O “país” para o governo
do senhor Coelho e para os partidos e direita é o país dos banqueiros, e o
senhor Coelho está disposto a tudo fazer para os salvar, mesmo à custa da sua
pessoa que será, mais cedo do que se espera, colocada na prateleira, que talvez
nem seja tão dourada como a do senhor Pinto de Sousa. É o que se pode dizer de
um idiota político, um idiota útil para os banqueiros, mas que não deixa de ser
menos perigoso para o povo português, e é gente desta estirpe que geralmente
traz o fascismo. Tudo sob o alto patrocínio do Presidente da República, o
senhor Silva de Boliqueime.
Este governo deve ser derrubado quanto antes e
o seu tempo de vida não deverá ir muito para além das férias, chegar até ao fim
do ano será mau para nós, povo português. Trata-se de uma urgência.
01 de Agosto 2012
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