Aproxima-se o dia das eleições autárquicas
que, segundo as melhores previsões, não irão alterar grandemente o números de
autarquias (tachos) pelos diferentes partidos do regime, nomeadamente no que
concerne às principais câmaras do país. Os principais partidos da governação,
com a ajuda da imprensa corporativa, querem, aliás como tem acontecido das
outras vezes, transformar as autárquicas como primárias das legislativas que se
seguem. Quanto a esta questão, o principal partido da oposição ainda terá de esperar
algum tempo para se substituir ao PS no governo, pela simples razão de que o
governo PS/Costa vai ainda contando com a confiança das elites e de Bruxelas,
com a ajuda do que agora se trata de encontrar a melhor distribuições dos
milhões provenientes do PRR (Programa de Recuperação e de Resiliência) pelos
diversos sectores da burguesia e demais clientelas políticas; desta vez, parece
que o grosso das comissões não cairão nos bolsos dos caciques laranjas.
Como é dos manuais e da tradição, as eleições,
quaisquer que sejam, são uma forma de redistribuição dos tachos e do
correspondente saque, de consolidar a ordem vigente e simultaneamente distrair
a atenção do povo das verdadeiras questões da política e da sociedade que, na
generalidade, são resolvidas à custa do seu sacrifício. O agravamento da crise
económica não deixa de acontecer, com o motor da economia, o turismo do pé
descalço, a não querer arrancar, com o desemprego real, e não aquele dos
números oficiais, a manter-se, com a criação anémica de novos empregos que
estão longe de colmatar o que foi perdido com a desculpa da pandemia, em cada
10 novos empregos, 8 são precários, e com o facto de que os muitos milhões de
euros que vêm da “bazuca” servirão apenas para salvar da falência algumas
poucas médias e grandes empresas, as pequenas estarão na sua maioria destinadas
à ruína inapelável. Com um pormenor: todos esses milhões serão pagos e com
juros elevados pelo povo português.
A promessa feita pelo ministro mais inútil e
corruptível de que a factura da luz no mercado não terá aumentos em 2022 é uma
mentira descabelada, que só se compreende em tempo eleitoral e porque há que
esconder a realidade dos olhos de quem trabalha. O aumento é mais que
inevitável, assim como o dos combustíveis que o Costa recusa tabelar, e que irá
desencadear uma inflação generalizada que poderá ir aos 10% dentro de pouco
tempo, como alguns economistas estrangeiros já alertaram. Enquanto as condições
de vida dos trabalhadores em geral se vão agravando, assiste-se ao aumento dos
despedimentos colectivos, por vezes disfarçados de “mútuo acordo” com os
trabalhadores da TAP, da Banca e da Galp na linha da frente do sofrimento - na
Galp, são 1600 trabalhadores que vão directamente para o desemprego. A atitude
do governo e do Costa em relação a estes trabalhadores que estão a ser
despedidos pelo encerramento da Refinaria de Matosinhos, agravada com a
contradição das declarações do Costa, revela bem que o governo PS é um governo
ao serviço da burguesia e nada tem a ver com os trabalhadores, para pesar do
PCP e do BE, e que Costa é um reles mentiroso, político sem carácter, que põe
os interesses do tacho à frente de tudo e de todos, como agora se confirma na
propaganda para as autárquicas.
Marcelo, agora em franco passeio turístico
pelas Américas, vai vomitando a sua verborreia demagógica de “estar ao lado dos
consensos que resolvem as crises”, numa aparente posição do “Pai da Nação”, ao
mesmo tempo que vai colocando prazo de validade ao governo e vaticinando futuro
risonho para Costa em invejável sinecura de Bruxelas. O homem, que foi eleito
por 23% dos eleitores elegível, teve a distinta lata de afirmar que “o povo
português votou, e uma forma de voto foi vacinar-se”, o que seria 80% na
altura, e como se o fizesse de forma voluntária e não obrigado sob um metralhar
constante de ameaças ignóbeis. Até parece que é a favor do voto obrigatório,
caso a abstenção venha, uma outra vez e à semelhança das presidenciais, a
atingir recorde jamais visto. Marcelo é ainda, no presente, a pior ameaça à
democracia portuguesa e não, como a imprensa mercenária do regime apregoa ao
mesmo tempo que o promove, o imbecil político Ventura/Chega.
O alívio das restrições às liberdades e
direitos dos cidadãos que o governo tem vindo a fazer não são devidas a uma
melhoria dos números da pandemia, que ele constantemente adultera e manipula,
mas à razão simples de que estamos em campanha eleitoral e o PS tem
forçosamente de ganhar estas eleições para continuar a beneficiar da confiança
das elites e não ter de ser despedido. O governo irá continuar com o negócio
das vacinas e dos testes, o negócio que não pode ser abortado por um governo
inapto, e está disposto a fazer marcha atrás no referido alívio das restrições.
O pau mandado para os negócios da Saúde, a dita ministra, já alertou: “que a
máscara não é para deitar fora”, e o incontornável monarca Marcelo admitiu:
“que possam ser impostas restrições se necessário”. Será uma questão de as
eleições se realizarem e/ou o negócio não correr como o desejado.
Portugal é o líder mundial na taxa de
população com vacinação completa, dizem. Ou “nós já ganhámos a este vírus”, diz
o almirante da farda e com escolta policial (no mínimo estranho, um almirante
com guarda-costas civis!). Mas, apesar de toda a bazófia para iludir os incautos
e provar as virtudes dos militares e do regime democrático - optimizado, como
se pretende provar, quando operacionalizado pelos ditos cujos -, há que ter
algumas cautelas, não vá o diabo tecê-las! Assim já se prepara a opinião
pública para uma terceira dose de vacina, adiantando algumas razões como “a
imunidade cai ao fim de 4 meses” e “a Pfizer garante eficácia e segurança da
vacina para as crianças dos 5 aos 11 anos” e avança com vacina de 2ª geração
para as novas variantes do sars-cov-02, como se os vírus, todos eles, não
sofressem mutações para iludir as defesas do hospedeiro; mas dizer novas
“variantes” tem mais impacto e pode-se também responsabilizar os não vacinados
pelo surgimento das mesmas e não à natureza do vírus. São 30 milhões de vacinas
que terão de ser vendidas e mais 2,2 milhões para a gripe que terão de ser
consumidas. Ah, mas neste Inverno que passou não morreu ninguém com gripe! Não
há problema, muda-se o PCR e este, como já notificou o CDC norte-americano, irá
só detetar vírus da influenza! O negócio é que não pode parar e as comissões
devem continuar a escorrer para os bolsos de políticos, de médicos e da Ordem
dos ditos.
Para que o negócio não seja estorvado, bem
como as intenções do governo de controlo social e de recapitalização das empresas
falidas, ao mesmo tempo que se facilita a acumulação e concentração
capitalista, é obrigatório pôr os recalcitrantes na ordem. Se as invectivas de
“negacionistas”, de “anti-vacinas” e de “chalupas” não funcionam, então, haverá
de utilizar-se a força e, a pretexto dos “insultos” à segunda figura do estado
e da “arrogância” sobre as forças policiais, já se começou com a vigilância
policial/pidesca sobre os perigosos revoltosos. A sanha censória sobre as
opiniões mais inconvenientes reforça-se, como aconteceu há pouco com o jornal
do regime e propriedade da família de novos ricos Azevedo (recebeu 314.855,38
euros à pala da "compra de publicidade institucional"!), que não
hesita em usar o que acusa aos outros, a difamação. A historiadora Raquel Varela
ousou criticar a censura do jornal feita a artigo de médico (aliás, cronista
habitual) que se insurgiu sobre a vacinação dos jovens, é agora vilipendiada em
praça pública, com falsidades que irão ser desmontadas em tribunal. E é a Ordem
dos Médicos, que só este ano recebeu mais de 400 mil euros dos laboratórios
farmacêuticos, que abriu processo disciplinar a Fernando Nobre pelas
declarações proferidas sobre as vacinas. É toda uma matilha de cães raivosos,
babando ódio e sangue, alçados nos órgãos de comunicação social corporativos e
mercenários a atacar quem não segue a cartilha do “não há alternativa” quanto à
estratégia do combate à pandemia e à política do governo. Será o treino para
reprimir o verdadeiro inimigo de classe, os operários e os trabalhadores em geral,
quando estes se erguerem numa revolta a sério. É disso que a nossa burguesia
tem medo.
A dita oposição ao governo arenga ao reforço da repressão e à destituição do juiz “segregacionista”, considerado pessoa perigosa e inimigo público (tal como o juiz Ivo Rosa) pelo tinhoso meia-leca e moço de recados de Marcelo com assento permanente na televisão do sócio nº1 do PSD, e concita abertamente à repressão sobre os façanhudos “negacionistas”, numa de casca de banana ao governo, porque caso a repressão dê para o torto, com feridos ou eventualmente mortes, serão os primeiros, que agora açulam a fera do cacete, a atacar o governo de excesso e desajuste de força. Não só o governo, mas todos os partidos do regime que temem a revolta social, que poderá vir por arrasto das manifestações dos denominados “chalupas” - se “chalupas”, então, porquê dar-lhes importância?! É a burguesia nacional, rentista e parasitária, mais que o vírus da covid-19, e cada vez mais atemorizada que não se sente segura, não confiando no futuro e, vendo bem, no próprio governo que, como todos os do PS, é convocado quando a direita não consegue resolver os seus problemas e como bombeiro da luta de classes. Embora o bom comportamento e o zelo no ofício, não é garantido que o governo PS chegue ao fim de mandato. E o próprio PS não terá vida longa e o fim não será agradável de se ver.
21 Setembro 2021
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