segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

A vigarice do BPN está sempre presente

 

Vai haver eleições antecipadas pela segunda vez em pouco mais de dois anos. O dito "principal partido da oposição" tenta apresentar alternativa procurando apagar o passado de exploração sobre o povo português e de vigarices cometidas pelo bando cavaquista. Em situação de crise, convoca a múmia que, levantando-se da tumba, se empertiga e arrasta jornalistas e fotógrafos, que se acotovelam para captar o melhor registo do fóssil. Não deixa então de ser oportuno recordar a vigarice que foi toda a operação BPN, contando com a cumplicidade e a impunidade do regime. Nenhum criminoso, incluindo os que chegaram a ser julgados, cumpriu pena de prisão, e alguns ainda andam por aí a gozar com o pagode. Crónica escrita em Agosto de 2011.

O BPN e os lucros da banca portuguesa

Coitados dos cinco maiores bancos a operar em Portugal (explorar o povo português) que tiveram apenas 487,5 milhões de euros de lucros no primeiro semestre do ano em vez dos 897,4 milhões em período análogo de 2010. E coitado do BIC e do ex-ministro cavaquista Mira Amaral que foram obrigados a ficar com um banco por 40 milhões de euros. Mais coitados terão sido as seguradoras que viram crescer os seus lucros 11,2%, no mesmo período, que passaram de 143 milhões para 159 milhões de euros. E o que será de nós que temos de aturar e sustentar toda esta corja de ladrões?

Toda a operação BPN foi uma monumental e inominável vigarice, bem maior do que a do Alves dos Reis no princípio do século passado. Tramóia montada de forma consciente e intencional pela camarilha dos cavaquistas que enriqueceram através da especulação, da fraude e do roubo descarado e descabelado, contando mais do que com a conivência que foi a colaboração activa da administração “socialista” do Banco de Portugal, que fez vista grossa sobre todo a actividade fraudulenta do BPN.

Quando o banco cavaquista faliu e invocando falsamente a “contaminação do sistema bancário”, o governo socrático/rosa procedeu à sua nacionalização, mas não à nacionalização da entidade proprietária do banco, grupo SLN, permitindo que os mesmos vigaristas continuassem com os seus negócios de vento em popa. Publicamente ninguém sabe quem são os acionistas individuais do BPN e da SLN assim como nenhum deles se encontra preso ou vá ser castigado pelos crimes cometidos. Agora com a privatização entregou-se o banco de mão beijada ao angolano BIC, pertencente à camarilha corrupta que detém o poder em Luanda e dirigido pelo “reformado” cavaquista da CGD (18 mil euros de reforma mensal, a que junta a reforma de 2 mil euros por ex-deputado) e ex-ministro liquidatário da indústria nacional.

O BPN é, do princípio ao fim, um roubo programado ao povo português pelo saque feito pelos seus acionistas enquanto propriedade privada e assalto aos dinheiros públicos enquanto nacionalizado. E mais um roubo com a sua entrega a uma instituição financeira estrangeira que assim adquire um papel importante no sistema financeiro nacional (ainda não sabemos a troco de quê?), com a agravante do Estado injectar 550 milhões de euros para o capitalizar e ficar com o ónus de indemnizar metade dos trabalhadores que irá ser dispensada, mais de 800 trabalhadores. Contudo, o negócio foi apresentado como “o melhor negócio do ano”! Claro que não foi para o Estado nem para o povo português, mas para o bando de ladrões, agora associado luso-angolano.

Este “episódio” BPN e que ficará como a maior vigarice do século XXI em Portugal e da dita “democracia dos cravos” coloca em evidência duas coisas, pelo menos: na economia capitalista quem domina é o capital financeiro; o poder político é ocupado por partidos e dirigentes políticos que, para além de indisfarçavelmente reacionários apesar da cor com que se possam pintar, são serventuários e corruptos ao serviço da alta burguesia financeira, nacional ou estrangeira pouco importa na medida em que o nacionalismo desta gente é a cor do dinheiro que arrebanham em off-shores.

Os lucros despudorados de bancos e seguradoras (3,6 milhões de euros/dia) e esta vigarice do BPN (mais de 5 mil milhões e não os 2,4 milhões falados pelo governo) falam por si e esclarecem perfeitamente que os sacrifícios não são para todos os portugueses, ao contrário do que arenga um Cavaco Silva ou um primeiro-ministro que agora vai molhar os pés nas águas quentes de Agosto, e que este regime político e sistema económico capitalista não são passíveis de regeneração.

Devemos acabar com o capitalismo, antes que ele acabe connosco! (Antes disso livrarmo-nos desta corja+troika!)

Nota: ainda veremos Passos Coelho e Paulo Portas como administradores do BIC quando saírem do governo e/ou “reformados” antecipados, à semelhança de Mira Amaral, graças ao “melhor negócio do ano”!

05 de Agosto 2011 

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