Vai haver eleições antecipadas pela segunda vez em pouco mais de dois anos. O dito "principal partido da oposição" tenta apresentar alternativa procurando apagar o passado de exploração sobre o povo português e de vigarices cometidas pelo bando cavaquista. Em situação de crise, convoca a múmia que, levantando-se
da tumba, se empertiga e arrasta jornalistas e fotógrafos, que se acotovelam para captar o melhor registo do fóssil. Não deixa então de ser oportuno recordar a vigarice que
foi toda a operação BPN, contando com a cumplicidade e a impunidade do regime. Nenhum
criminoso, incluindo os que chegaram a ser julgados, cumpriu pena de prisão, e alguns ainda andam por aí a gozar com o pagode. Crónica escrita em Agosto de 2011.
O BPN e os lucros da banca portuguesa
Coitados dos cinco maiores bancos a operar em Portugal (explorar o povo português) que tiveram apenas 487,5 milhões de euros de lucros no primeiro semestre do ano em vez dos 897,4 milhões em período análogo de 2010. E coitado do BIC e do ex-ministro cavaquista Mira Amaral que foram obrigados a ficar com um banco por 40 milhões de euros. Mais coitados terão sido as seguradoras que viram crescer os seus lucros 11,2%, no mesmo período, que passaram de 143 milhões para 159 milhões de euros. E o que será de nós que temos de aturar e sustentar toda esta corja de ladrões?
Toda a operação BPN foi uma monumental e
inominável vigarice, bem maior do que a do Alves dos Reis no princípio do
século passado. Tramóia montada de forma consciente e intencional pela
camarilha dos cavaquistas que enriqueceram através da especulação, da fraude e
do roubo descarado e descabelado, contando mais do que com a conivência que foi
a colaboração activa da administração “socialista” do Banco de Portugal, que
fez vista grossa sobre todo a actividade fraudulenta do BPN.
Quando o banco cavaquista faliu e invocando
falsamente a “contaminação do sistema bancário”, o governo socrático/rosa
procedeu à sua nacionalização, mas não à nacionalização da entidade
proprietária do banco, grupo SLN, permitindo que os mesmos vigaristas
continuassem com os seus negócios de vento em popa. Publicamente ninguém sabe
quem são os acionistas individuais do BPN e da SLN assim como nenhum deles se
encontra preso ou vá ser castigado pelos crimes cometidos. Agora com a
privatização entregou-se o banco de mão beijada ao angolano BIC, pertencente à
camarilha corrupta que detém o poder em Luanda e dirigido pelo “reformado”
cavaquista da CGD (18 mil euros de reforma mensal, a que junta a reforma de 2
mil euros por ex-deputado) e ex-ministro liquidatário da indústria nacional.
O BPN é, do princípio ao fim, um roubo
programado ao povo português pelo saque feito pelos seus acionistas enquanto
propriedade privada e assalto aos dinheiros públicos enquanto nacionalizado. E
mais um roubo com a sua entrega a uma instituição financeira estrangeira que
assim adquire um papel importante no sistema financeiro nacional (ainda não
sabemos a troco de quê?), com a agravante do Estado injectar 550 milhões de
euros para o capitalizar e ficar com o ónus de indemnizar metade dos
trabalhadores que irá ser dispensada, mais de 800 trabalhadores. Contudo, o
negócio foi apresentado como “o melhor negócio do ano”! Claro que não foi para
o Estado nem para o povo português, mas para o bando de ladrões, agora
associado luso-angolano.
Este “episódio” BPN e que ficará como a maior
vigarice do século XXI em Portugal e da dita “democracia dos cravos” coloca em
evidência duas coisas, pelo menos: na economia capitalista quem domina é o
capital financeiro; o poder político é ocupado por partidos e dirigentes
políticos que, para além de indisfarçavelmente reacionários apesar da cor com
que se possam pintar, são serventuários e corruptos ao serviço da alta
burguesia financeira, nacional ou estrangeira pouco importa na medida em que o
nacionalismo desta gente é a cor do dinheiro que arrebanham em off-shores.
Os lucros despudorados de bancos e seguradoras
(3,6 milhões de euros/dia) e esta vigarice do BPN (mais de 5 mil milhões e não
os 2,4 milhões falados pelo governo) falam por si e esclarecem perfeitamente
que os sacrifícios não são para todos os portugueses, ao contrário do que
arenga um Cavaco Silva ou um primeiro-ministro que agora vai molhar os pés nas
águas quentes de Agosto, e que este regime político e sistema económico
capitalista não são passíveis de regeneração.
Devemos acabar com o capitalismo, antes que
ele acabe connosco! (Antes disso livrarmo-nos desta corja+troika!)
Nota: ainda
veremos Passos Coelho e Paulo Portas como administradores do BIC quando saírem
do governo e/ou “reformados” antecipados, à semelhança de Mira Amaral, graças
ao “melhor negócio do ano”!
05 de Agosto 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário