Relembrar os tempos dos governos PSD, já que ganhou estas eleições, e, em particular, os grandes feitos do cavaquismo, na crónica escrita logo após a vitória do PSD nas eleições legislativas de 5 de Junho de 2011 e que atirou o PS para líder da oposição, numa situação algo semelhante à actual.
Silva, “O Repovoador”
O presidente da República, mais conhecido pelo
senhor Silva, quer ficar na História de Portugal como um segundo D. Dinis, um
repovoador do Reino que revitalizou a agricultura, desenvolveu a floresta e, já
agora, contribuiu para o fomento da nossa marinha e deu a conhecer novos mundos
ao mundo. O senhor Silva, na sua conversa da treta, no entanto mais conhecida
por discurso oficial, indigna-se com a situação dos nossos campos, mas
esquece-se, ou quer fazer esquecer, que ele, quando primeiro-ministro foi o principal
responsável pela destruição da nossa agricultura e pelo abandono do interior
por muitos milhares de agricultores. A agricultura do senhor Silva foi a
agricultora de sucesso de uma Odefruta do seu amigalhaço Thierry Roussel, que
fugiu para a Nigéria depois de enfiar nos bolsos 6 milhões de euros, ferrando o
calote à CGD e ao estado português e deixando um projecto fraudulento e
desajustado com graves consequências ambientais na costa alentejana, mais
precisamente no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Foi no tempo do senhor Silva que milhares de
milhões de euros desapareceram para que os agricultores deixassem de produzir,
que vinhas e oliveiras foram arrancadas, vacarias desmanteladas, para no seu
lugar se cultivassem girassóis que ficavam no campo a apodrecer, e se
comprassem jipes de luxo e apartamentos de férias por pseudo-lavradores e que
organizações do género CAP enriquecessem, passando os seus dirigentes a viver
em palácio sumptuoso. Esta, sim, é que foi a "estratégia clara de
revalorização do interior do país" e "oportunidades de sucesso"
para os jovens agricultores. O senhor Silva diz que, hoje e em Portugal, 220
mil agricultores recebem subsídios da União Europeia para não produzir, mas
muitos mais foram lançados na ruína para que os países ricos da Europa, com a
Alemanha à cabeça, continuassem a produzir e escoar os seus excedentes para os
países do Sul. A nossa pobreza, nomeadamente na agricultura, foi e é a riqueza
dos países do Norte da Europa. E podemos agradecer ao senhor Silva.
Contudo, não foi só a agricultura que sofreu,
foram as pescas, foi a indústria em geral, razão pela qual se percebe que uma
Associação Nacional das Pequenas e Médias tivesse vindo perguntar, no dia do
discurso do senhor Silva, onde foram parar os 60 mil milhões de euros de fundos
europeus que entre 2000 e 2006 deviam ter sido investidas no Interior, não
contando com os anteriores a este período. "Onde foram aplicados 60 mil
milhões de euros, referentes às dotações do QCIII (Quadro Comunitário) 2000/2006
e QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), uma vez que estas
transferências líquidas da UE para o nosso país deviam ter sido investidas,
precisamente, no desenvolvimento das Regiões de Convergência, ou Regiões do
Interior", questiona a associação.
A obra do senhor Silva e do PSD foi completada
nos governos do PS, pela mão do senhor comissionista Sousa, com o encerramento
dos serviços de urgência e maternidades, o encerramento de escolas e deslocação
das crianças para os mega-agrupamentos nas cidades, o encerramento dos postos
dos CTT, etc., não esquecendo a obra notável do senhor Silva que consistiu na
desactivação de mais 800 quilómetros de via-férrea e concomitante encerramento
de dezenas de estações e perdas de postos de trabalho. Se o senhor Silva irá
ficar na história como “O Repovoador”, o senhor Sousa ficará com o cognome do
“Exterminador”. Ambos contribuíram fortemente para o despovoamento e miséria do
país e, em particular, do Portugal profundo.
14 de Junho 2011, “Os Bárbaros”
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