sábado, 1 de novembro de 2025

Governo Passos Coelho/PSD/CDS e o senhor Silva, a Quadrilha

Estamos nos quarenta anos do início do consulado que ficou conhecido por "Cavaquismo", durou dez anos e teve continuidade no governo de Passos Coelho/Paulo Partos/PSD/CDS, que "foi além da troika". Há comemorações, almoços e homenagens governamentais e o mais que vier. Este governo de Montenegro/PSD - caso possa, vontade não lhe falta - irá finalizar o trabalho de destruição do país e de empobrecimento do povo português. 

Crónica data de Novembro de 2012.

O senhor Silva de Boliqueime tem sido chamado de tudo e mais alguma coisa desde que é Presidente da República: “palhaço”, “demenciado”, “doente mental”, “filho da puta”, “burro”, como outras tantas tentativas de explicar algumas das suas atitudes mais notórias, desde o silêncio perante as medidas de austeridade mais duras e a recusa em enviar o OE-2013 para o Tribunal Constitucional, às recentes declarações sobre a necessidade de “ ultrapassar os estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e até da indústria”, como se não tivesse sido ele, como primeiro-ministro, o principal responsável pela política de destruição desses sectores de actividade. É uma clara tentativa de apagamento da história, e em relação à explicação que quis dar ao seu tão criticado silêncio, agora ficamos a saber que o seu “silêncio é de ouro”, numa forma parola de ironizar, dando mesmo a ideia de que o homem está tolinho. A tentativa de apagar a história e de aligeirar as responsabilidades pelo desmando, contando com uma possível amnesia colectiva, é recorrente entre as nossas elites, useiras e vezeiras em corrigir o passado, mas não custa nada usar um pouco de rivastigmina ou donepezilo (medicamentos utilizados nas demências e que activam as funções cognitivas) a fim de reverter o processo mnésico. 

Nos 10 anos (1986-1995) em que Cavaco foi primeiro-ministro (tomou posse em 6 de Novembro de 1985) o país esteve a saque, apesar dos muitos milhões de contos que entraram no país, mas que foram embolsados por uma casta de parasitas, desde proprietários de terras absentistas, empresários desonestos, sindicalistas oportunistas (UGT e Torres Couto, por exemplo), políticos corruptos, que mais tarde se arvoraram em empresários ou administradores de empresas privadas que engordaram, e continuam a engordar, à custa do Estado. E o saque foi a destruição do tecido produtivo nacional com o fim de se arredar a hipotética concorrência dos capitalistas nacionais face aos estrangeiros que a partir dessa altura passaram a despejar em catadupa os seus produtos dentro do país.

Deve-se salientar, no entanto, que este processo de destruição de uma economia, possuindo ainda aspectos e formas de produção pré-capitalistas, iria acontecer, embora mais lentamente, se Portugal não tivesse entrado na dita CEE. Com a entrada na Comunidade o processo foi apenas acelerado, e o que haverá então a salientar foi o papel, consciente e voluntariamente assumido, por uma clique de políticos que desempenhou essa missão de venda do país e do povo aos interesses dos grandes grupos económicos europeus; e são os mesmos políticos ainda no activo, como o senhor Silva, o político há mais tempo em actividade apesar de beneficiar de umas poucas de reformas, que agora continuam a vender o país aos mesmo interesses estrangeiros, agora protagonizados pelos bancos alemães.

Como dizíamos, é fácil ir buscar os números da destruição da economia ainda nacional, embora capitalista, detida em larga maioria por uma burguesia nacional, pesando todos os atavismos dessa elite e que se encontram ainda bem patentes pela falta de perspectivas actuais. Estas, por sua vez, bem expressa pela entrega fácil ao grande capital estrangeiro, assumindo ela o papel de intermediária na exploração da nossa mão-de-obra, assente em baixos salários, com a formação mínima, estritamente necessária para o funcionamento das empresas que o capital estrangeiro achar por bem aqui instalar, segundo a maximização dos seus lucros.

Mas vamos aos números. Em 1974, eram 1 209 500 portugueses activos que se dedicavam à agricultura e pescas (sector primário); em 1986, quando Cavaco entra para primeiro-ministro e Portugal na CEE, havia 940 500, ou seja, menos uns 350 mil; mas em 1995, quando acabam os governos cavaquistas, no entanto as mesmas políticas são seguidas pelos governos PS/Guterres, já só 508 900 se dedicam à agricultura e pescas, menos cerca 432 mil; em resumo, a população activa no sector primário leva o maior rombo nos 10 anos do Cavaquismo do que em período anterior considerado de 12 anos. Foi por ter perdido esta base significativa de apoio que o PSD perde as eleições para o PS em 1995.

Em relação à população activa na indústria, esta oscila, aumentado de 1974 para 1986, mais 200 mil operários, passando a diminuir a partir deste ano até 1995, menos uns 31 mil operários, enquanto a população activa aumenta grandemente no sector terciário, de 1 901 000 para 2 491 700 activos, sector que se traduz por serviços de terceiro mundo; população activa que em 2012 é já de 3 035 900 nos serviços, com a agricultura a ocupar uns 478 500 activos e a indústria com outros 1 322 700 (estes dois sectores somados são bem menos que o terciário). Podemos assim afirmar que Portugal é um país entregue a bandidos, por dependente do estrangeiro em grande parte do que necessita de bens essenciais para a sua subsistência.

Mas outros dados estatísticos se podem ir buscar para mostrar a destruição da economia portuguesa levada a cabo pelo bando do PSD, parte do qual criou o BPN para melhor prosseguir com a roubalheira, tudo sob o manto obscuro do nepotismo e alto patrocínio do senhor de Boliqueime, dados que poderão ser o número de emigrantes ou número oficial de desempregados. Começando por estes, deve-se mostrar que havia 368 500 desempregados em 1986, ano de ascensão do cavaquismo e das benesses europeias, mas são 451 800 no ano de 1995, fim formal do consulado cavaquista, isto é, mais uns 83 mil desempregados, número que não é maior porque a emigração o faz diminuir.

Quanto à emigração, em 1986, saíram 13 690 portugueses e, em 1995, já foram 27.358 (números oficiais), mais do dobro, que foram obrigados a procurar fora do país uma forma de sustento. Mas voltando ao desemprego, este tem sido o indicador económico que os governos do PSD mais tem feito subir, embora com uma ajuda preciosa do PS; assim, se, em 2006, já em governo socrático, havia 452 700 desempregados, número que tinha vindo gradualmente a decrescer, subiu rapidamente, em 2010, para 541 800, chegando aos 601 mil no final de 2011, de então para cá o desemprego não tem cansado de crescer, atingindo no 3º Trimestre de 2012, 870 900 trabalhadores, o desemprego oficial atingiu (15,8%). E falamos de números oficiais, porque a realidade é bem maior, calculando-se o número efectivo de desempregados em 1 367 400 - uma taxa de 27,1%! Ora, a força produtiva mais preciosa é o homem, e destruir esta força é o maior crime que se pode cometer, seja pela inactividade forçada ou pelo genocídio.

Mas de tolo este PR não tem nada. Dá cobertura a este governo, porque este governo é o seu governo. A política anti-popular, a favor dos banqueiros e da ingerência estrangeira troika (FMI/UE/Alemanha), que este governo tem seguido, é a sua política. Está dentro da sua ideologia e enquadra-se no seu posicionamento de vil vende-pátrias, Miguel de Vasconcelos europeísta e pós (pouco) moderno – governo Passos Coelho e Silva de Boliqueime, ambos indissociavelmente ligados.

O senhor Silva, seja pelas políticas que executou, quando primeiro-ministro, seja pelas políticas sobre as quais dá todo o seu avale, agora como PR, sublinhadas pela sua boçalidade e espírito (ideologia) fascista, é o primeiro e principal responsável político pela desgraça do povo português e pelo estado de pré-falência do Estado, na razão inversa do enriquecimento de banqueiros e grandes capitalistas, levando a melhor ao seu competidor mais directo, o xuxialista Mário Soares. 

Imagem: Desenho de Vilhena a respeito da tomada de posse de Cavaco como primeiro-ministro (retirado do blog “Aventar”)

24 de Novembro 2012

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