domingo, 28 de julho de 2024

POEMAS de Bertolt Brecht

  

HINO A DEUS

1
Fundo em vales escuros morrem os famintos.
Mas tu mostra-lhes pão e deixa-los morrer.
Mas tu reinas eterno e invisível
Resplendente e cruel por sobre o plaino eterno.

2
Deixaste morrer os jovens e os gozadores
Mas os que queriam morrer, não os deixastes…
Muitos dos que já agora apodreceram
Criam em ti e morreram confiantes.

3
Deixaste os pobres serem pobres anos a fio
Porque a sua saudade era mais bela que o teu céu
Morreram infelizmente, antes que tu vires com a tua luz
Morreram eles felizes – e apodreceram logo.

4
Muitos dizem que não existes e que é melhor assim.
Mas como pode não existir o que assim pode enganar?
Quando tantos puderam viver de ti e de outro modo não puderam morrer –
Diz-me: perante isto que quer dizer — que tu não existes?

1917

*

PERGUNTAS DUM OPERÁRIO LEITOR

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros estão os nomes dos reis.
Foram os reis que arrastaram os blocos de pedra?
E a várias vezes destruída Babilónia –
Quem é que tantas vezes a reconstruiu? Em que casas
Da Lima refulgente de oiro moraram os construtores?

Para onde foram os pedreiros na noite em que ficou pronta
A Muralha da China? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os levantou? Sobre quem
Triunfaram os Césares? Tinha a tão cantada Bizâncio
Só palácios para os seus habitantes? Até a lendária Atlântida,
Na noite em que o mar a engoliu, bramavam
Os afogados pelos seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Ele sozinho?
César bateu os Gálios.
Não teria consigo um cozinheiro ao menos?
Filipe de Espanha chorou, quando a Armada
Se afundou. Não chorou mais ninguém?
Frederico Segundo venceu na Guerra dos Sete Anos. Quem
Quem venceu além dele?


Cada página uma vitória.
Quem cozinhou o banquete da vitória?
Cada dez anos um Grande Homem.
Quem pagou as despesas?

Tantos relatos
Tantas perguntas

1935

*

CANHÕES MAIS PRECISOS DO QUE MANTEIGA

1

A célebre sentença do general Göring

Que os canhões são mais importantes que a manteiga

É exacta na medida em que o governo

Precisa tanto mais de canhões quanto menos manteiga tem

Pois quanto menos manteiga tem

Tanto mais tem inimigos.

 

2

De resto porém haveria a dizer

Que canhões em estômago vazio

Não são coisa para qualquer povo.

Engolir só gás

Parece que não mata a sede

E sem ceroulas de lã

O soldado talvez só no Verão tenha coragem.

 

3

Quando se esgotam as munições da artilharia

Os oficiais na frente facilmente

Apanham buracos na cabeça atrás.

1937

*

EPITÁFIO PARA ROSA LUXEMBURG

Aqui jaz sepultada

Rosa Luxemburg

Uma judia da Polónia

Propugnadora de operários alemães

Morta por incumbência

De opressores alemães. Oprimidos

Sepultai a vossa discórdia!

1948

 

PERGUNTA

Como é que a grande ordem se há-de construir

Sem a sabedoria das massas? Desassisados

Não podem achar o caminho

Para muitos.

 

Vós, grandes mestres

Aprendei a ouvir ao falar!

1952

*

EU, BERTOLT BRECHT, filho de pais da burguesia

Neste Verão, sentindo o tempo escasso,

A consciência folheio, folha a folha, dia a dia,

E a confissão seguinte faço.

1952

(POEMAS, Bertolt Brecht - Versão Portuguesa de Paulo Quintela. Relógio D’Água Editores. 2023.)

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Os meus pensamentos sobre a desistência de Biden

 

Por Chris Hedges

Joe Biden foi  descartado  pela mesma classe bilionária que serviu assiduamente ao longo da sua carreira política. Mal conseguindo ler as palavras num TelePrompter e nem sempre conscientes do que se passa à sua volta, os seus apoiantes bilionários desligaram a ficha. Foi a criatura deles – está no cargo federal há 47 anos – do início ao fim. Foi utilizado como contraponto para derrotar Bernie Sanders nas primárias de 2020 e foi eleito candidato em 2024 numa campanha primária de estilo soviético. A classe bilionária ungirá agora outra pessoa. Os eleitores do Partido Democrata são adereços nesta farsa política. Donald Trump, ao contrário de Kamala Harris ou de qualquer outro burocrata que a classe dos bilionários escolha como candidato presidencial, tem uma base genuína e empenhada, embora fascista.

Em  Hitler e os Alemães, o filósofo político Eric Vogelin rejeita a ideia de que Hitler — dotado de oratória e oportunismo político, mas pouco educado e vulgar — hipnotizou e seduziu o povo alemão. Os alemães, escreve, apoiaram Hitler e as “figuras grotescas e marginais” que o rodeavam porque ele personificava as patologias de uma sociedade doente, assolada pelo colapso económico e pela desesperança. Voegelin define a estupidez como uma “perda da realidade”. A perda da realidade significa que uma pessoa “estúpida” não pode “orientar corretamente a sua ação no mundo em que vive”. O demagogo, que é sempre um  idiota, não é uma aberração ou uma mutação social. O demagogo exprime o zeitgeist da sociedade.

Biden e o Partido Democrata são responsáveis ​​por este zeitgeist. Orquestraram a desindustrialização dos Estados Unidos, garantindo que 30 milhões de trabalhadores perdessem os seus empregos em despedimentos em massa. No momento em que escrevo em  America, The Farewell Tour,  este ataque à classe trabalhadora criou uma crise que obrigou as elites dominantes a conceber um novo paradigma político. Alardeado por uma comunicação social complacente, este paradigma mudou o seu foco do bem comum para a raça, o crime e a lei e a ordem. Biden esteve no epicentro desta mudança de paradigma. Aqueles que passaram por profundas mudanças económicas e políticas foram informados de que o seu sofrimento não resultava do militarismo desenfreado e da ganância corporativa, mas de uma ameaça à integridade nacional. O antigo consenso que sustentava os programas do New Deal e o estado de bem-estar social foi atacado como facilitador da juventude negra criminosa, das “rainhas do bem-estar social” e de outros alegados parasitas sociais. Isto abriu a porta a um  falso  populismo, iniciado por Ronald Reagan e Margaret Thatcher, que supostamente defendia os valores familiares, a moralidade tradicional, a autonomia individual, a lei e a ordem, a fé cristã e o regresso a um passado mítico, pelo menos para os americanos brancos. O Partido Democrata, especialmente sob Bill Clinton e Biden, tornou-se em grande parte indistinguível do Partido Republicano estabelecido, ao qual é agora aliado.

O Partido Democrático recusa-se a aceitar a sua responsabilidade pela captura das instituições democráticas por uma oligarquia voraz, pela grotesca desigualdade social, pela crueldade das corporações predatórias e por um militarismo desenfreado. Os Democratas irão ungir outro político amoral, provavelmente Harris, para usar como máscara para a descomunal ganância corporativa, a loucura da guerra sem fim, a facilitação do genocídio e o ataque às nossas liberdades civis mais básicas. Os Democratas, ferramentas de Wall Street, deram-nos Trump e os 74 milhões de pessoas que votaram nele em 2020. Parecem determinados a dar-nos Trump novamente. Deus nos ajude.

Iamgem: Kamala Harris e Joe Biden. Fonte: X

Texto Original

terça-feira, 16 de julho de 2024

O touro de Pasífae e a técnica

 

Giorgio Agamben

No mito de Pasífae, a mulher que fez Dédalo construir uma vaca artificial para acasalar com um touro, é razoável ver um paradigma de tecnologia. A técnica surge nesta perspectiva como o dispositivo através do qual o homem tenta alcançar – ou realcançar – a animalidade. Mas é precisamente este o risco que a humanidade corre hoje através da hipertrofia tecnológica. A inteligência artificial, à qual a tecnologia parece querer confiar o seu resultado final, procura produzir uma inteligência que, tal como o instinto animal, funcione por si só, por assim dizer, sem a intervenção de um sujeito pensante. É a vaca dedálica através da qual a inteligência humana acredita poder acasalar alegremente com o instinto do touro, tornando-se ou tornando-se um animal. E não é de estranhar que desta união nasça um ser monstruoso, com corpo humano e cabeça de touro, o Minotauro, que se encontra fechado num labirinto e se alimenta de carne humana.

Na tecnologia – é esta a tese que pretendemos sugerir – o que está efectivamente em causa é a relação entre o humano e o animal. A antropogénese, o devir humano do primata homo, não é, de facto, um acontecimento que se completa de uma vez por todas num determinado momento da cronologia: é um processo ainda em curso, no qual o homem não deixa de se tornar humano e, ao mesmo tempo, permanecer um animal. E se a natureza humana é tão difícil de definir, é precisamente porque assume a forma de uma articulação entre dois elementos heterogéneos mas intimamente interligados. A sua implicação assídua é aquilo a que chamamos história, na qual todo o conhecimento ocidental está envolvido desde o início, da filosofia à gramática, da lógica à ciência e, hoje, à cibernética e à informática.

A natureza humana - é melhor não esquecer isto - não é um dado que possa alguma vez ser adquirido ou fixado normativamente de acordo com a própria vontade: é antes dada numa prática histórica, que - na medida em que deve distinguir e articular-se, dentro e fora do homem, o vivo e o falante, o humano e o animal - só podem ser incessantemente implementados, adiados e actualizados de cada vez. Isto significa que está em causa um problema essencialmente político, no qual está em causa a decisão do que é humano e do que não é. O lugar do homem está neste fosso e nesta tensão entre o humano e o animal, a linguagem e a vida, a natureza e a história. E se, tal como Pasífae, se esquecer do seu próprio lar vital e tentar achatar os extremos entre os quais se deve manter tenso, uns em cima dos outros, só conseguirá gerar monstros e, com eles, aprisionar-se num labirinto sem saída.

8 de julho de 2024

Imagem:  "Pasífae e o Touro" (Pasiphae and the Bull), óleo sobre cobre do pintor sul-africano Ansel Krut.

quodlibet 

terça-feira, 9 de julho de 2024

NATO/OTAN: A Aliança Militar Mais Perigosa do Planeta

 

Chris Hedges

Priceton, New Jersey - 12 de Julho 2022

 A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e a indústria de armamento que depende dela para obter milhares de milhões em lucros, tornou-se a aliança militar mais agressiva e perigosa do planeta. Criado em 1949 para travar a expansão soviética na Europa Central e Oriental, evoluiu para uma máquina de guerra global na Europa, no Médio Oriente, na América Latina, em África e na Ásia.

A NATO alargou a sua presença,  violando  as promessas  feitas a Moscovo, uma vez  terminada a Guerra Fria, de incorporar  14 países  da Europa Central e Oriental na aliança. Em breve adicionará a Finlândia e a Suécia. Bombardeou a Bósnia, a Sérvia e o Kosovo. Lançou guerras no Afeganistão, no Iraque, na Síria e na Líbia, resultando em perto de  um milhão de mortes e em cerca de 38 milhões de pessoas expulsas das suas casas.  Está a construir uma presença militar em  África  e na Ásia. Convidou a Austrália, o Japão, a Nova Zelândia e a Coreia do Sul, os chamados “Quatro Ásia-Pacífico”, para a sua recente cimeira em Madrid, no final de Junho. Expandiu o seu alcance no Hemisfério Sul,  assinando um acordo de parceria de treino militar com a Colômbia, em Dezembro de 2021. Apoiou a Turquia, com o segundo maior exército da NATO, que invadiu  e  ocupou ilegalmente partes da Síria, bem como do Iraque. As milícias apoiadas pela Turquia   estão  empenhadas na  limpeza étnica dos curdos sírios e de outros habitantes do norte e leste da Síria. Os militares turcos foram acusados ​​de crimes de guerra incluindo  múltiplos ataques aéreos  contra um campo de refugiados e o uso de armas químicas  – no norte do Iraque.  Em troca  da permissão do Presidente Recep Tayyip Erdoğan para a Finlândia e a Suécia aderirem à aliança, os dois países nórdicos  concordaram  em  expandir  as suas leis antiterroristas internas, tornando mais fácil a repressão dos ativistas curdos e outros, levantar as suas restrições à venda de armas à Turquia e negar o apoio ao movimento liderado pelos curdos pela autonomia democrática na Síria.

É um verdadeiro recorde para uma aliança militar que, com o colapso da União Soviética, se tornou obsoleta e deveria ter sido desmantelada. A NATO e os militaristas não tinham qualquer intenção de abraçar o “dividendo da paz”, promovendo um mundo baseado na diplomacia, no respeito pelas esferas de influência e na cooperação mútua. Estava determinado a manter-se no mercado. O seu negócio é a guerra. Isto significava expandir a sua máquina de guerra muito para além da fronteira da Europa e envolver-se num antagonismo incessante em relação à China e à Rússia.

A NATO vê o futuro, tal como é detalhado na sua “NATO 2030: Unified for a New Age”, como uma batalha pela hegemonia com os Estados rivais, especialmente a China, e apela à preparação de um conflito global prolongado.

“A China tem uma agenda estratégica cada vez mais global, apoiada pelo seu peso económico e militar”, alertou a iniciativa NATO 2030. “Provou a sua vontade de usar a força contra os seus vizinhos, bem como a coerção económica e a diplomacia intimidatória muito para além da região do Indo-Pacífico. Durante a próxima década, a China irá provavelmente também desafiar a capacidade da NATO para construir resiliência colectiva, salvaguardar infra-estruturas críticas, abordar tecnologias novas e emergentes, como o 5G, e proteger sectores sensíveis da economia, incluindo cadeias de abastecimento. A longo prazo, é cada vez mais provável que a China projete poder militar a nível global, incluindo potencialmente na área euro-atlântica.”

A aliança rejeitou a estratégia da Guerra Fria que garantia que Washington estava mais perto de Moscovo e Pequim do que Moscovo e Pequim estavam entre si. O antagonismo dos EUA e da NATO transformou a Rússia e a China em aliados próximos. A Rússia, rica em recursos naturais, incluindo energia, minerais e cereais, e a China, um gigante industrial e tecnológico, constituem uma combinação potente. A NATO já não distingue entre os dois, anunciando na sua mais recente  declaração de missão  que o “aprofundamento da parceria estratégica” entre a Rússia e a China resultou em “tentativas de reforço mútuo para minar a ordem internacional baseada em regras que vão contra os os nossos valores e interesses.

A 6 de Julho, Christopher Wray, director do FBI, e Ken McCallum, director-geral do MI5 britânico, realizaram uma  conferência de imprensa conjunta  em Londres para anunciar que a China era a “maior ameaça a longo prazo para a nossa segurança económica e nacional”. Acusaram a China, tal como a Rússia, de interferir nas eleições dos EUA e do Reino Unido. Wray alertou os líderes empresariais a quem se dirigiram que o governo chinês estava “decidido em roubar a sua tecnologia, seja ela qual for que faça a sua indústria funcionar, e usá-la para minar o seu negócio e dominar o seu mercado”.

Esta retórica inflamatória pressagia um futuro sinistro.

Não se pode falar de guerra sem falar de mercados. A turbulência política e social nos EUA, juntamente com a diminuição do seu poder económico, levou-o a abraçar a NATO e a sua máquina de guerra como o antídoto para o seu declínio.

Washington e os seus aliados europeus estão aterrorizados com a Iniciativa Faixa e Rota (BRI), de um bilião de dólares, destinada a ligar um bloco económico de cerca de 70 nações fora do controlo dos EUA. A iniciativa inclui a construção de caminhos-de-ferro, estradas e gasodutos que serão integrados na Rússia. Espera-se que Pequim comprometa  1,3 biliões de dólares  com a BRI até 2027. A China, que está a caminho de se tornar a  maior economia do mundo  dentro de uma década, organizou a  Parceria Económica Regional Abrangente, o maior pacto comercial do mundo de 15 nações do Leste Asiático e do Pacífico que representam 30 por cento do comércio global. Representa já   28,7% da produção industrial global, quase o dobro dos 16,8% dos EUA.

A taxa de crescimento da China no ano passado foi de uns impressionantes   8,1% , embora tenha abrandado para cerca de  5%  este ano. Em contraste, a taxa de crescimento dos EUA em 2021 foi de  5,7% – a mais elevada desde 1984 – mas  a Reserva Federal de Nova Iorque  prevê que  desça abaixo de 1% este ano.

Se a China, a Rússia, o Irão, a Índia e outras nações se libertarem da tirania do dólar norte-americano como moeda de reserva mundial e da Sociedade Internacional para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT), uma rede de mensagens que as instituições financeiras utilizam para enviar e receber informações como como instruções de transferência de dinheiro, provocará um declínio dramático no valor do dólar e um colapso financeiro nos EUA . do que todo o PIB dos EUA, tornar-se-á insustentável. O serviço desta dívida custa 300 mil milhões de dólares por ano. Gastámos mais com as forças armadas em 2021, 801 mil milhões de dólares, o que representou 38% do total das despesas militares mundiais, do que os nove países seguintes, incluindo a China e a Rússia, juntos. A perda do dólar como moeda de reserva mundial obrigará os EUA a reduzir as despesas, a encerrar muitas das suas 800 bases militares no estrangeiro e a lidar com as inevitáveis ​​convulsões sociais e políticas desencadeadas pelo colapso económico. É sombriamente irónico que a NATO tenha acelerado esta possibilidade.

A Rússia, aos olhos dos estrategas da NATO e dos EUA, é o aperitivo. As suas forças armadas,  espera a NATO , ficarão atoladas e degradadas na Ucrânia. As sanções e o isolamento diplomático, diz o plano, afastarão Vladimir Putin do poder. Um regime cliente que fará concursos nos EUA será instalado em Moscovo.

A NATO forneceu mais de  8 mil milhões de dólares  em ajuda militar à Ucrânia, enquanto os EUA comprometeram quase  54 mil milhões de dólares  em assistência militar e humanitária ao país.

A China, no entanto, é o  prato principal. Incapazes de competir economicamente, os EUA e a NATO recorreram ao instrumento contundente da guerra para paralisar o seu concorrente global.

A provocação da China reproduz o engodo da NATO contra a Rússia.

A expansão da NATO e o  golpe de Estado de 2014 apoiado pelos EUA  em Kiev levaram a Rússia a ocupar primeiro a Crimeia, no leste da Ucrânia, com a sua grande população étnica russa, e depois a invadir toda a Ucrânia para frustrar os esforços do país a aderir à NATO.

A mesma dança da morte está a ser praticada com a China em relação a Taiwan, que a China considera fazer parte do território chinês, e com a expansão da NATO na Ásia-Pacífico. A China  envia aviões de guerra  para a zona de defesa aérea de Taiwan e os EUA enviam  navios de guerra através do Estreito de Taiwan, que liga os mares do Sul e do Leste da China. O secretário de Estado, Antony Blinken,  classificou em maio a China como  o mais sério desafio a longo prazo para a ordem internacional, citando as suas reivindicações sobre Taiwan e os esforços para dominar o  Mar do Sul da China. O presidente de Taiwan, num golpe publicitário ao estilo de Zelensky,  posou recentemente  com um lança-foguetes antitanque numa foto de um folheto do governo.

O conflito na Ucrânia tem sido  uma bonança para a indústria de armamento, que, dada a humilhante retirada do Afeganistão, necessitava de um novo conflito. Os preços das ações da Lockheed Martin subiram 12%. A Northrop Grumman subiu 20%. A guerra está a ser utilizada pela NATO para aumentar a sua presença militar na  Europa Central e Oriental.  Os EUA estão a construir uma  base militar permanente  na Polónia. A força de reacção da NATO de 40.000 homens está a ser expandida para  300.000 soldados. Mil milhões de dólares em armas estão a ser despejados na região.

O conflito com a Rússia, porém, já está a sair pela culatra. O rublo  atingiu o nível mais elevado em sete anos  em relação ao dólar. A Europa está a caminhar para uma  recessão  devido ao aumento dos preços do petróleo e do gás e ao receio de que a Rússia possa interromper completamente o fornecimento. A perda de trigo, fertilizantes, gás e petróleo russos, devido às sanções ocidentais, está a criar estragos nos mercados mundiais e uma  crise humanitária  em África e no Médio Oriente. O aumento dos preços dos alimentos e da energia, juntamente com a escassez e a inflação paralisante, trazem consigo não só a privação e a fome, mas também convulsões sociais e instabilidade política. A emergência climática, a verdadeira ameaça existencial, está a ser ignorada para apaziguar os deuses da guerra.

Os criadores da guerra são assustadoramente arrogantes quanto à ameaça de uma guerra nuclear. Putin alertou os países da NATO que “enfrentarão consequências maiores do que quaisquer outras que tenham enfrentado na história” se interviessem directamente na Ucrânia e ordenasse que as forças nucleares russas fossem colocadas em  estado de alerta elevado. A proximidade com a Rússia das armas nucleares dos EUA baseadas na Bélgica, Alemanha, Itália, Países Baixos e Turquia significa que qualquer conflito nuclear destruiria grande parte da Europa. A Rússia e os Estados Unidos controlam cerca de  90% das ogivas nucleares do mundo, com cerca de 4.000 ogivas cada um  nos seus arsenais militares, segundo a Federação de Cientistas Americanos.

O Presidente Joe Biden  alertou  que a utilização de armas nucleares na Ucrânia seria “completamente inaceitável” e “implicaria consequências graves”, sem especificar quais seriam essas consequências. É a isto que os estrategas dos EUA chamam “ambiguidade deliberada”.

Os militares dos EUA, após os seus fiascos no Médio Oriente, mudaram o seu foco do combate ao terrorismo e da guerra assimétrica para o confronto com a China e a Rússia. A equipa de segurança nacional do Presidente Barack Obama realizou em 2016 um jogo de guerra em que a Rússia invadiu um país da NATO no Báltico e utilizou uma arma nuclear táctica de baixo rendimento contra as forças da NATO. As autoridades de Obama dividiram-se sobre como responder.

“O chamado Comité de Princípios do Conselho de Segurança Nacional – incluindo oficiais do Gabinete e membros do Estado-Maior Conjunto – decidiu que os Estados Unidos não tinham outra escolha senão retaliar com armas nucleares”, escreve Eric Schlosser no  The Atlantic. “Qualquer outro tipo de resposta, argumentou o comité, mostraria falta de determinação, prejudicaria a credibilidade americana e enfraqueceria a aliança da NATO. Escolher um alvo nuclear adequado, no entanto, revelou-se difícil. Atingir a força invasora da Rússia mataria civis inocentes num país da NATO. Atingir alvos dentro da Rússia poderia levar o conflito a uma guerra nuclear total. No final, o Comité de Princípios do NSC recomendou um ataque nuclear à Bielorrússia – uma nação que não desempenhou qualquer papel na invasão do aliado da NATO, mas que teve o azar de ser aliada da Rússia.”

A administração Biden formou uma Tiger Team de oficiais de segurança nacional para conduzir jogos de guerra sobre o que fazer se a Rússia usar uma arma nuclear,  de acordo com  o The New York Times.  A ameaça de guerra nuclear é minimizada com discussões sobre “armas nucleares tácticas”, como se as explosões nucleares menos poderosas fossem de alguma forma mais aceitáveis ​​e não conduzissem à utilização de bombas maiores.

Em nenhum momento, incluindo a crise dos mísseis de Cuba, estivemos mais perto do precipício da guerra nuclear.

“Uma  simulação  concebida por especialistas da Universidade de Princeton começa com Moscovo a disparar um tiro de alerta nuclear; A NATO responde com um pequeno ataque e a guerra que se segue provoca mais de 90 milhões de vítimas  nas primeiras horas”,  noticiou o The New York Times.

Quanto mais a guerra na Ucrânia continuar – e os EUA e a NATO parecem determinados a canalizar milhares de milhões de dólares em armas para o conflito durante meses, se não anos – mais o impensável se torna pensável. O flirt com o Armagedão para lucrar a indústria de armamento e levar a cabo a tentativa fútil de recuperar a hegemonia global dos EUA é, na melhor das hipóteses, extremamente imprudente e, na pior, genocida.

Foto de destaque: Ilustração original do Sr. Peixe

Fonte

terça-feira, 2 de julho de 2024

O Costa com a careca à mostra

 

Costa, depois de vitimizar-se por ser obrigado a demitir-se da governação, embora tenha sido dele a iniciativa, por uma eventual suspeita de corrupção levantada pelo todo omnipotente Ministério Público, que ele sempre se recusou a reformar, foi nomeado para a presidência da Comissão Europeia. Será um mandato por metade, mas será sempre melhor que nada, irá enriquecer o curriculum de profissional da política para toda a obra e a conta bancária pessoal e familiar; um vencimento de mais de 40 mil euros líquidos mensais não é coisa para se desperdiçar.

O golpe contra Costa ou do Costa?

Quando o primeiro-ministro do governo PS de maioria absoluta apresentou a demissão de forma repentina e de inteira e livre vontade ao PR Marcelo, que se apresentava como rival político e crítico constante da governação dita “socialista”, e atendendo às razões invocadas, um parágrafo escrito aparentemente pela PGR, que ele próprio indicou para nomeação presidencial, com  uma vaga referência a escutas telefónicas que lhe terão sido feitas em caso que o não relacionava directamente a corrupção ou a nepotismo e ainda muito longe de qualquer indício forte ou de acusação sequer, ficamos desconfiados com a verosimilhança da estória.

Pensamos, e havia razões para isso, que seria um golpe montado pelo próprio para fazer cair o governo e obrigar a eleições de forma, caso o PS as ganhasse de novo, a criar uma situação difícil a Marcelo e garantir um novo mandato mais forte de molde a chegar ao seu término. A ida de Procuradora a Belém seria mais uma peça da encenação, como realmente terá sido, e não, como foi apresentado por toda a comunicação mainstream, uma conspiração entre aquelas duas figuras de Estado contra Costa. A confirmar-se esta tese mais não seria que manobra muito semelhante à perpetrada por Pedro Sànchez que, dessa forma, impediu a saída do PSOE, e a sua, do governo em Dezembro, como se previa, antecipando as eleições, evitou a degradação e a derrota quase certa.

Afinal estávamos, pelo menos em parte, errados quanto a este ponto. Costa não tem, nem nunca teve, o arrojo e a visão de um estadista, capaz de grandes decisões enfrentando todo o tipo de dificuldades. Somos obrigados a reconhecer, e os factos assim o impõem, que o homenzinho não tem feito outra coisa até agora senão fazer pela vida e desde o primeiro minuto que entendeu que deveria ser político. A encenação foi, então, combinada entre PS e PSD, muito possivelmente sob o beneplácito do PR Marcelo, que quando se olha ao espelho vê uma coroa a enfeitar-lhe a cabeça, que resolveram fazer a passagem de turno antes do tempo.

E a razão principal da substituição dos funcionários ao serviço de Bruxelas e do grande capital financeiro europeu foi a que temos vindo frequentemente a apontar: mais de 55 mil milhões que estão a escorrer da União Europeia até 2028. De maneira alguma as comissões, e eventuais luvas, poderiam ir só para a bolsa de uma parte do bando. Assistimos a uma situação, embora de sentido contrário, com a substituição do governo PSD/CDS-PP que saiu das eleições de 2015 e que Cavaco entendia ter legitimidade para vingar, o que não aconteceu porque houve partidos situados mais à esquerda no espectro parlamentar que viabilizaram um governo minoritário de Costa/PS. A elite entendeu, então, que era altura de dar oportunidade ao partido que ainda possui uma mais larga e popular base social de apoio. Um outro governo de Passos Coelho/Portas poderia desembocar em uma guerra civil.

Costa de besta a bestial

A imprensa, que em todos os dias e a toda a hora criticava o governo PS, verberava a incompetência e eventual corrupção dos seus ministros, e em alguns casos até nem estaria errada, salientava a hesitação e o medo de Costa em demiti-los e fazer as escolhas certas do seu pessoal auxiliar, de não ousar fazer as “reformas” que a elite exige e acha por necessárias, foi a mesma imprensa que, depois de formado o governo AD, mais incensou a figura do candidato a cargo importante da União Europeia. Para aqui, o homem até terá qualidades a mais e não haverá na Europa ou no planeta pessoa mais capaz. Não se percebe que um primeiro-ministro incompetente, benevolente com a corrupção, e com alguma suspeita de nela também chafurdar, pouco corajoso na mudança, se tenha em pouca horas transformado no oposto, e sem margem para qualquer dúvida. Temos de reconhecer que os media são peritos em milagres, ou seja, em mentiras e manipulação.

Chegou-se ao ponto de vermos o actual primeiro-ministro Montenegro aos beijos e abraços com Costa. Antes do “almoço de trabalho” na residência oficial de Montenegro, Costa não conseguiu reprimir o que lhe ia na alma, desabafando que o empenho de Montenegro na sua eleição é “marca da qualidade da democracia”. Falou bem, não disse desta vez nenhuma mentira, só que a “democracia” a que se refere é a democracia do tacho, do bando que se mancomuna quanto à forma de assaltar os portugueses e de distribuir os lugares de poder e de influência, sempre a bem da elite e de quem a serve. Por deferência, o “primeiro-ministro de Portugal”, como a direita gosta de denominar o cargo, congratulou-se por haver "mais um português num cargo relevantíssimo"… “com quem Portugal partilha muitas decisões", que, diga-se em abono da verdade, jamais beneficiam o cidadão comum deste país.

Costa e todos os mais não passam de políticos com “p” bem minúsculo, são uns meros técnicos de relações públicas, gestores que se limitam a receber as ordens e as diretivas de quem na realidade possui o poder político e económico, poderes indissociáveis: no topo, o grande capital financeiro europeu e mundial representado por Bruxelas e seus instrumentos, BCE será o mais importante, os bancos centrais de cada país são simples sucursais, nem filiais são porque estas ainda possuem alguma independência à casa mãe; e, por acréscimo, apanhando as migalhas, da burguesia indígena com as diversas facções e grupos de interesses, que também se digladiam entre si. Esta gente não faz outra coisa senão tratar da vidinha, são carreiristas, sem escrúpulos políticos, apesar de encherem a boca com moralismos e éticas carunchosas, e que vão enriquecendo na proporção directa do empobrecimento da maioria do povo português.

O curriculum de Costa

Não será por demais relembrar o curriculum governativo de Costa nos oito anos de governação. Conseguiu enrolar os dois parceiros da geringonça, aumentando o seu apoio eleitoral à custa de perda de votos e de deputados daqueles dois, que só no fim terão percebido que o PS lhes comeu as papas na cabeça. Foi graças a este apoio que Costa levou à prática uma política que no fundo foi manter a austeridade que vinha do governo do PSD/Coelho/Portas, mas agora mais mitigada, nem os aumentos do IVA nem as alterações á Lei do Trabalho foram revertidas. Quando os trabalhadores encetaram formas de luta mais vigorosas na defesa das suas mais que justas reivindicações, não teve rebuço algum em imitar Salazar ao decretar a requisição civil; foi o primeiro ministro que mais recorreu a esta forma de repressão.

Com a pandemia foi um executante exímio da política da alta finança internacional e dos grandes grupos farmacêuticos na venda das vacinas; impôs o estado de emergência mais vezes que o fascismo, confinou a população saudável, obrigando toda a gente a vacinar-se. Portugal foi o país onde mais se vacinou, mais testes se realizaram, mais equipamento médico se adquiriu (muitos ventiladores ainda estarão por desencaixotar), e onde mais dinheiro o governo deu a ganhar aos diversos grupos de interesses que já existiam e se vieram a formar … e onde mais se morreu. Com a argumentação da luta contra a pandemia e a bem da saúde pública, foi quando mais se atentou contra a saúde dos portugueses e se fechou o SNS para abrir portas aos lóbis da medicina privada. Costa e o PS ficarão na história como os liquidatários do SNS. A pandemia foi o pretexto excelente para justificar a transferência imensa de riqueza do público para o privado; foi a recapitalização com dinheiros públicos das empresas privadas falidas ou em vias disso. Percebe-se assim que Costa seja agraciado de acordo com o bom desempenho.

Os colegas de ofício de Costa

Ao mesmo tempo que se exaltam os méritos de Costa, homem insubstituível e único na defesa dos interesses do país no grande centro de poder que é Bruxelas, os media relembram outras gradas figuras que pelos seus méritos vingaram em tão elevados cargos. António Guterres foi o primeiro-ministro que deixou o país no “pântano”, ou seja, não conseguiu convencer o povo português da bondade das suas medidas e não terá satisfazido inteiramente os interesses da elite doméstica que, apesar de tudo, viu aumentados os seus rendimentos através das Parcerias Público Privado. Guterres foi quem inaugurou esta forma de transferir a riqueza do estado para os bancos e grandes empesas. Bruxelas não deixou de agradecer e facilmente lhe arranjou um bom tacho como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados. Depois de 10 anos de bom serviço ao imperialismo norte-americano, uma vez mais foi recompensado, desta vez com o cargo de secretário-geral da ONU, com um vencimento de mais de 20 mil euros mensais a que juntou uma pensão vitalícia de político de cerca de 5 mil euros por mês. Guterres já vai no segundo mandato.

Mais dois socialistas viram os seus méritos, de tirar ao povo português e dar aos bancos e ao grande capital financeiro, reconhecidos, Vítor Constâncio e João Cravinho. O primeiro foi para o BCE e o segundo para o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento. Constâncio, como governador do Banco de Portugal, nada fiscalizou, fez sempre vista grossa às vigarices e falências fraudulentas da banca em Portugal (BPN, BCP, BPP, que levaram mais de 15 mil milhões de euros dos bolsos dos portugueses), facilitou-lhes os negócios, atribuiu-lhes um estatuto de excepção quanto ao não pagamento de impostos e de extorsão de todos os tipos de taxas sobre os clientes. Foi recompensado principescamente como vice-presidente do Banco Central Europeu por oito anos, onde embolsou mais de 2,6 milhões de euros. Agora, está reformado com 27 mil euros por mês. Ah, não esquecer que foi secretário-geral do PS.

Cravinho foi mais modesto e andou a fazer SCUTS, que se pagavam a elas próprias, dez estádios de futebol, alguns deles agora às moscas e de difícil gestão, foi envolvido no escândalo da corrupção na antiga JAE, de onde terão saído mais de 3 milhões de euros (valor elevado na altura, 1998) sem justificação aparente, endividou o país perante o s bancos e o BEI (Banco Europeu de Investimento) e como recompensa foi nomeado administrador do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento pelo governo PS liderado por José Sócrates. Foi ministro cinco vezes, incluindo num dos governos de Vasco Gonçalves, foi deputado da Nação, assumiu-se como pertencente à Maçonaria. Deve estar a esta hora a gozar folgada pensão vitalícia devido à sua actividade como político.

Das altas figuras do PS que receberam chorudas prebendas pela política que aplicarem em Portugal em benefício do grande capital financeiro ligadas ao PS, poderemos passar às do PSD, e estaremos só a citar as mais conhecidas, Durão Barroso e Vítor Gaspar. Durão, depois de ser o criado de libré na Cimeira dos Açores que deu origem à invasão e destruição do Iraque, alegando que possuiria armas biológicas, e, deixando o país de tanga, soube subir bem na vida chegando a Presidente da Comissão Europeia. Aqui soube defender os interesses dos grandes bancos americanos e, como recompensa natural, foi para o Goldman Sachs na continuação dos negócios no continente europeu. E daqui soube pular para Aliança Global para as Vacinas (GAVI), órgão de promoção e venda de vacinas para o mundo, que tem dado muitos milhões de dólares de lucro à Big Pharma norte-americana. Bill Gates e Pfizer agradecem. Barroso é, sem dúvida, o mais habilidoso e o mais sem vergonha.

Gaspar teve como prémio, por ter sido ministro das Finanças do governo de PSD/CDS-PP e ter feito engolir aos portugueses o plano de austeridade e de miséria imposto pela Troika, a nomeação de Diretor do Departamento de Finanças Públicas do FMI em 2014; onde ainda se encontra. Não chegou sequer a acabar o mandato e foi formado na Universidade da Católica. É muito pouco provável que faça parte da Maçonaria, será mais Opus Dei.

Costa no rodapé

Portugal é, indiscutivelmente, o alfobre europeu de arrivistas e de lacaios que se vendem politicamente por uma côdea e um copo de vinho. Todos eles não passam de seres malévolos e, literalmente, mafiosos, que vão vivendo e progredindo na vida à custa da extorsão da riqueza produzida pelos trabalhadores e o povo deste país. A nossa miséria é a riqueza e a felicidade dessa gente. Costa irá enfileirar na galeria das figuras de má memória.

Imagem de destaque: Henricartoon

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Crónicas versando o Costa do PS:                                                       

Um primeiro-ministro assustado, 27 de março de 2020

A Calamidade, o Costa e o Marcelo, 5 de maio de 2020

Costa telefona a Lagarde, 2 de dezembro de 2020

Costa “O Calamitoso” ou entrada de leão, saída de sendeiro, 28 de outubro de 2020

A crise política e os “truques do Costa”, 18 de novembro de 2021

Governo PS de maioria absoluta, mas já não era?!, 7 de fevereiro de 2022

“Quem quer mudança de política tem de derrubar o Governo” – Costa dixit, 2 de setembro de 2022

A revisão da Constituição e o cabo de esquadra Costa, 11 de novembro de 2022

É o bonapartismo, habituem-se!, 24 de dezembro de 2022

A desunião nacional e os cartazes racistas, 13 de junho de 2023

As querelas e amuos de Costa e Marcelo, 8 de setembro de 2023

O Orçamento do Costa e o aumento da miséria, 22 de outubro de 2023

Marcelo Traficante & Costa Calimero, 12 de dezembro de 2023